26 de dezembro de 2008

Holiday weight

Quem fala inglês razoavelmente bem conhece essa expressão americana. Significa peso de feriado. Pois já no início, senti que se não der uma observada mais de perto no que estou comendo, vou sair dessas festas com um tremendo holiday weight.

Ontem comecei a almoçar às 15 horas e só parei quando era quase seis. Belisca dali, experimenta de lá e a pança vai crescendo. Pra compensar, voltei para casa e saí pra pedalar. Fiz 12,3 km em 40 minutos. Se não tirou um pouco do peso do feriado, certamente tirou um pouco do peso da consciência.

[Ouvindo: You've Got To Hide Your Love Away - The Beatles - Help!]

8 de dezembro de 2008

Dando um trato na Gostosa

O sabadão foi dedicado à Gostosa. Acordei já meio tarde e toquei direto pra marina, no Santo Antônio de Lisboa. Levei duas horas para chegar lá por conta da fila na SC-401. Sabem, o lance do desvio pelo Caminho dos Açores? Pois é.

Cheguei lá sem almoçar, às duas e alguns minutos. Comi uns pedaços de galinha assada que alguns colegas velejadores haviam comprado e meti a mão no barco. Tinha duas tarefas mais "emergenciais": colocar o flutuador de tope que chegou nesta semana e descobrir porque a vela grande não estava subindo até o topo.

Com a ajuda dos dois rapazes da Marina e do Lídio, parceiro velejador, consegui descer o mastro e facilmente instalei o flutuador de tope. Para quem não sabe, trata-se de uma espécie de balão de plástico rígido que fica no topo do mastro. O objetivo é impedir que o barco capote caso vire. A ponta do mastro sempre ficará fora d'água e com mar calmo não chega nem a molhar a cabine com o barco virado. Isso vai me dar mais segurança para explorar os limites do Day Sailer em termos de desempenho.

Com o mastro baixo, pude ver que a adriça do grande - o cabo usado para içar a vela principal - estava meio maltratado pelo sol. Resolvi trocar. Além disso, as roldanas que ajudam a subir a vela estavam precisando de uma lubrificação. Fiz isso também. Claro que eu não tinha 15 metros de cabo pré-estirado à mão para substituir a adriça, mas deixei um cabo fino como guia para passar a nova adriça no final de semana que vem. Nesta semana eu passo no Armazém Náutico do Veleiros da Ilha e compro o cabo novo. Espero que isso resolva a encrenca de subir a vela.

Mas aproveitei o tempo lá para dar mais uma mexida na Gostosa. Uma das coisas que me incomodavam há tempos é que não tinha como regular a esteira da vela grande. A esteira é a parte que encaixa na retranca, perpendicular ao mastro. Já vi, em outros barcos, um mecanismo em que, usando cabos, é possível folgar ou caçar a esteira. Fiz uma coisa assim, usando um cabo de 3mm e um moitão pequeno. Ficou legal, mas ainda não está 100%. Vou ver se acho peças mais adequadas e troco o sistema no próximo sábado, quando for instalar a nova adriça.

Depois de tanto tempo trabalhando no barco, a fome veio com tudo. Botei pilha nos "velejadores de poita" que estavam pela marina e fizemos umas lingüiças na churrasqueira. Muito pão com lingüiça e coca-cola depois, voltei pra casa, já lá pelas seis e meia da tarde. Um baita dia.

[Ouvindo: Smaller And Smaller - Faith No More - Angel Dust]

6 de dezembro de 2008

Conde Giordano

O mais perto que eu cheguei de um nobre, até hoje, foi dos corte nobres de carne que vende no Angeloni. Mas hoje conheci um conde. Fomos, Lu e eu, num jantar harmonizado na Expand do centro e um dos participantes era o conde Giordano Emo de Capodilista, do Veneto, Itália. Além dele, estava a filha de Nino Franco, um dos maiores e mais importantes produtores de prosecco da Itália. Silvia Franco é o nome da moça, uma morena de olhos claros com a maior cara de italiana.

Foi um jantar legal, embora a Lu não tenha gostado muito. Obviamente, o foco era nos vinhos, e não na comida. Como ela não bebe, fica meio sem graça. Mas tudo bem: o jantar saiu de graça pra Lu. No sábado passado, fui comprar uns vinhos na Expand do centro. O casal que é dono ou franqueador das lojas de Floripa estava atendendo - fica a dica: nos sábados é quando o atendimento é melhor nas lojas de vinho - e aí deram a letra do jantar desta sexta. Eu falei que era legal, e tal, mas que tinha que achar um parceiro ou parceira - fica o convite para eventos futuros. Candidatos, usem o espaço de comentários - porque a Lu não bebe. Aí o cara ofereceu uma cortesia para ela. Topamos.

Mas acho que perdi a parceira, porque serviram salmão cru com rúcula de entrada, uma massinha com camarão de segundo prato e um filé com purê de batata baroa como prato principal. Tirando o filé e a massa - o primeiro estava muito cru e o segundo sem gosto, na opinião da Lu - ela não gostou de mais nada. Para sobremesa, serviram um bolinho. Que a Lu obviamente odiou.

Mas os vinhos eram bons. O espumante eu já conhecia. Serviram o prosecco e um rosé muito gostoso. Já o tinto produzido pelo conde eu achei bem razoável. Mas o vinho de sobremesa, também da vinícola do tal conde, é um espetáculo. Não é pra menos: tá saindo por R$ 198,00 na Expand. Acabei comprando uma garrafa de um late harvest botritizado da Concha y Toro por bem menos que isso. Mais para fins de comparação. Como sugeriu o rapaz do atendimento: "Namore um pouco o vinho. Depois de um tempo, você vem e compra". Que comece a temporada de namoro!

[Ouvindo: Charlie Brown - Wynton & Ellis Marsalis - Joe Cool's Blues]

5 de dezembro de 2008

Mulher semáforo

O povo aqui da empresa se mata de rir com as minhas comparações. Dessa vez, ao responder a um comentário de uma colega que reclama de homens enrolados, que ficam cercando, cercando e não pegam ninguém, criei a idéia da mulher que parece um semáforo quebrado.

Explico: trata-se de uma garota que manda sinais aparentemente aleatórios para os caras. Num dia, sinal verde total. Ofuscante. Algo do tipo: "Vem em mim que eu tô facinha". Meia hora depois, vermelhão. Um "sai fora, vê se te enxerga". É hilário. Quem ainda sai à noite, vai pras baladas e tal - gente nova, não um coroa como eu - pode observar esse fenômeno. Aí fica o cara ali, parecendo um motorista chinês. Não sabe se vai, se fica, se arrisca, se disputa. É um jogo, claro. Mas bem que elas podiam colaborar e dar um manual com as regras para os meus colegas homens.

Dá gosto de trabalhar

Como muitos de vocês sabem, eu trabalho numa empresa de inteligência competitiva chamada Knowtec (o site está em reformulação. Fica pronto em janeiro). A sede é em Florianópolis, mas temos escritórios em Brasília, São Paulo e Seattle, nos EUA.

"Tá, e eu com isso", você deve estar pensando. Pensei em postar algo a respeito porque trabalhar na Knowtec tem uma implicação grande pra caramba na minha vida. Não só pelo fato de passar oito a dez horas na empresa, mas porque hoje eu faço muitas coisas não relacionadas ao trabalho por conta do modelo de valorização dos talentos humanos adotado pela empresa.

Por exemplo: duas vezes por semana eu pratico yoga. Temos um professor de yoga que vem até a empresa e dá aulas para duas turmas. Uma pela manhã, bem cedo, outra no final da tarde. É ótimo. Além de mexer e alongar o esqueleto, tira um pouco da tensão e do estresse de ocupar uma posição de liderança de projetos e equipes.

Além do yoga, eu fazia aulas de espanhol pagas integralmente pela Knowtec. Também in-company. Dois anos depois de começar a estudar consegui obter uma boa pontuação no exame de proficiência de espanhol do Instituto Cervantes, o DELE (Diploma de Español como Lengua Extrangera). Tem um povo que faz inglês, com forte ajuda de custo da empresa.

Depois do almoço, dá pra relaxar uns minutos jogando sinuca na sala de lazer, ou, quem preferir, pode aproveitar o Nintendo Wii ou deitar nas redes e pufes para tirar uma soneca. Pessoalmente, prefiro ligar minha guitarra ou o baixo e tocar com o pessoal no estúdio acusticamente isolado que temos aqui. A empresa bancou uma bateria acústica para o estúdio e dá pra se divertir de montão nesse espaço.

Além desses lances mais "divertidos" o pessoal do RH investiu bastante nesse ano em ações ligadas a saúde. Tivemos uma Semana da Saúde, com vacinação, exames de rotina, avaliação física e outras atividades. Nessa, infelizmente, eu estava viajando e não pude participar. O basicão, tipo exames periódicos obrigatórios, médico disponível semanalmente na empresa e ginástica laboral, também fazem parte das ações ligadas a saúde.

Essas coisinhas fazem com que o grupo trabalhe bem, comprometido, alegre, com níveis baixos de estresse e de forma bem integrada. A equipe é ótima. E aí tem o paradoxo Tostines: a equipe é ótima porque a empresa oferece as condições para isso ou a empresa tem esses benefícios em reconhecimento à qualidade da equipe? Não sei. Só sei que funciona bem.

27 de novembro de 2008

Mel e amêndoas

Nunca fui grande fã de mel. Amêndoas, até gosto. Mas a combinação dos dois em Julie é irresistível. Olhos de amêndoa, cabelo de mel. Para ficar ainda mais deliciosa, a pele da barriga é a de um pêssego maduro.

Conheci-a num desses lugares onde não se conhece ninguém, numa estação de metrô, numa fila de cinema, num cubículo de um setor onde não trabalho. Botei os olhos nela e pensei: taí uma pessoa interessante.

Um sorriso pra ela, um sorriso pra mim. Foi só o que precisou. Oi, meu nome é Jim. Oi, meu nome é Julie. Blá-blá-blá e deu. Se era para haver uma conexão, era ali que teria que nascer. E nasceu. E cresceu devagarinho, um, dois, cinco dias depois.

Primeiro um beijo tímido, um roçar de pele, roupas de verão. Depois, um beijo sôfrego, esfregar de sexos, nudez e suor. No dia seguinte, nenhuma palavra. Nada de e-mail, MSN ou Orkut. Telefone fora da área. Nem um sinal. Só uma saudade absurda de mel e amêndoas.

[Ouvindo: Stranger Things Have Happened - Foo Fighters - Echoes, Silence, Patience and Grace]

23 de novembro de 2008

Thunder only happens when it's raining

Estava ouvindo Dreams, do Fleetwood Mac, o grande hit deles, e lembrei de postar sobre a chuvarada, mesmo que sem trovões, que castiga Florianópolis há dias, semanas meses.

As previsões continuam sombrias. Chuva pelo menos até terça-feira. Talvez uma pequena melhora na quarta e quinta. Torço para isso. Meus amigos que moram para o Norte da Ilha estão praticamente ilhados. Um desmoronamento no morro do Cacupé fechou a SC-401. Há suspeitas inclusive de que haja algum veículo sob o monte de terra e rochas.

Meu amigo Guilherme ligou há pouco dizendo que já há 200 desabrigados nas escolas de Canasvieiras e dizendo que faremos coleta de alimentos e roupas para os atingidos lá na empresa. Passei uma parte da noite ligando para quem eu tinha o telefone, mandando SMS e contatando pelo Skype e MSN para pedir que levem doações. Ainda bem que a tecnologia ajuda nessas horas.

[Ouvindo: Songbird - Fleetwood Mac - Rumours]

Novos blogs na lista

A lista de links aí ao lado conta com adições importantes. Coloquei hoje na lista os blogs do Nelson Abu, Guilherme Tossulino, Rafael Leite, Rafael Ziggy, Marcelo Santos, Marcus Rocha e Geisi Ana Ferla. São todos colegas de trabalho. Mas, mais que isso, grandes amigos. Vale a leitura.

[Ouvindo: Dreams - Fleetwood Mac - Rumours]

22 de novembro de 2008

Gostosa dá a volta ao mundo

Nada de pornô nesse post, só para ficarem avisados. É que o amigão Serginho, de quem comprei meu barco, o Gostosa, me deu uma dica legal ontem. A Volvo Ocean Race (VOR para os iniciados na vela), uma das mais complicadas regatas do circuito de vela mundial, tem uma versão para se jogar online. Inscrevi meu barco ontem, o Gostosa. Claro que largo atrás de todos os outros concorrentes, mas ainda assim estou curtindo a estratégia do jogo.

Obviamente, não é preciso trimar velas, ajustar a escora mais a proa ou popa ou regular a quilha. Basta escolher o rumo e as velas mais indicadas para cada tipo de vento. As trocas de carta de vento acontecem a cada 8 da manhã e da noite. Ou seja, pelo menos duas vezes por dia vou ajustar meu barquinho.

[Ouvindo: Goodbye Stranger - Supertramp - Breakfast in America]

21 de novembro de 2008

Qualidade de som

Nunca tive um fone de ouvido bom. Há muito tempo tive um honesto. Um Leson daqueles grandões, que cobrem a orelha inteira e têm controles de volume separado para cada canal. Faz tempo: o sucesso da época era Beat It, do Michael Jackson.

Pois hoje recebi um adaptador para ligar fones comuns, com pino do tipo P2, no meu celular HTC Touch. Eu uso ele bastante para escutar música e assistir filmes, especialmente nas longas horas de espera em aeroportos. Comprei pelo Mercado Livre. Assim que o embrulho chegou lá na empresa, decidi comprar um fone decente para usar no celular.

Fui no Floripa Shopping na hora do almoço e gastei uma graninha num fone da Philips com pontas de silicone e sistema de cancelamento de ruído. Estou usando ele agora, enquanto posto. Tem um grave excepcional, como nunca tinha ouvido num fone. Como as pontas de silicone entram mais fundo nas orelhas do que os fones comuns, não preciso colocar a música tão alto para ouvir bem. O sistema de cancelamento de ruídos também me economiza uns decibéis, já que reduz a barulheira do mundo lá fora. Agora estou equipado para ouvir boa música no avião.

19 de novembro de 2008

Brincando de ensinar

Nestas duas últimas semanas, andei dando uma de professor. Dei um seminário sobre inteligência competitiva para uma turma de pós-graduação em cenários e estratégias da Fepese, na UFSC. Para mim foi muito legal. Para os alunos... Bem, prefiro esperar a avaliação.

Hoje, comecei um curso interno de fotografia para o pessoal da minha empresa. Parte de nosso programa de gestão da informação e conhecimento. A julgar pelos rostos espantados no final da primeira aula, acho que não me fiz entender muito bem. Vá lá, é meio difícil entender os conceitos de controle da entrada de luz por velocidade e abertura.

E, roubada suprema, no sábado vou apresentar um seminário para uma turma de pós da Univali, em Itajaí. Sabadão, oito e meia. Brabo, mas ainda assim uma oportunidade de divulgar a marca Knowtec e, de lambuja, meu nome como profissional da área de inteligência competitiva. Como diz o título daquel livrinho do Calvin: os dias estão simplesmente lotados.

4 de novembro de 2008

Aeromoça estressada

Atenção bando de filhos da puta: mantenham seu rabos nos bancos e a porra dos cintos afivelados até a completa parada da aeronave. Tenham cuidado ao pegarem suas tralhas no compartimento superior porque a cacalhada pode ter bagunçado durante o vôo. Não esqueçam de porra nenhuma que vocês trouxeram a bordo, inclusive a desgraça desse telefone celular que vocês insistem em manter ligado.

Atention mother fuckers: keep your fat asses in your seats and the fucking seatbelts on until the aircraft comes to a complete stop. Be careful while collecting your junk from the overhead compartment because it could got all screwed up during the flight. Don't forget any shit you brought on board, including the stupid cell phone you refuse to turn off.

15 de outubro de 2008

Difícil

Ela sorria não sorrindo e ele brincava não brincando. Eram assim, meio-meio. Não sabiam ao certo o que estavam fazendo. Ele, jovem, até se entendia que não soubesse direito o que se passava. Já ela, vivida, casada, bem resolvida, estava perdida porque queria estar. Queria, a bem da verdade, se perder nele, em sua juventude.

Mas ele não queria tanto. Não era homem de ser perder por aí, especialmente por uma coroa. Enxuta, inteligente, charmosa, mas acima de tudo uma coroa. O lance dele era ser solteiro, jogar um charminho, brincar com elas como um gato brinca com novelos de lã.

Saíram para brincar um dia. Ela falou algo lisonjeiro e ele desviou.

- Tu é muito querida.

- Querida? Tu vive me dizendo isso. Eu sou mais que querida. Mereço mais, não acha?

- É um jeito de sair pela tangente, de contornar um elogio que não sei como reagir - desconversou, conversando.

- Você é mesmo meio esquivo.

- Esquivo como?

- Às vezes sento colada em você e nada. Nem um roçar mais malicioso, nada.

- Eu sei. Sou meio indelicado nesse ponto, não correspondo.

- É, tu tá é mandando uma mensagem pra mim: não flerta mais comigo, sua coroa.

- Não é isso. Nem considero flerte.

- Mas é.

A partir daí, o papo foi ficando mais sério. E ele se recusava a ceder. Ela, vivida, experiente, não entendia como é que poderia mandar sinais mais claros. E ele fazia que não entendia.

Para quem, como eu, olhava de fora, chegava a ser cômico. E um pouco triste. Fiquei um tempo acompanhando o desenrolar da situação, até que o bar foi enchendo, o barulho encobrindo as conversas e me restou apenas a linguagem corporal para acompanhar.

Ele se fazendo de difícil, ela não entendendo quão difícil era. Mas aparentemente, as coisas deram certo. Saíram juntos, meio abraçados - ela enlaçada nele, ele com as mãos nos bolsos. Sorrindo e comentando trivialidades ao passar pela minha mesa. Entraram no mesmo carro trazido pelo manobrista e partiram. Espero que para um final feliz, num motel qualquer numa rodovia próxima.

7 de outubro de 2008

Relatividade

Em Fortaleza por dois dias me ocorreu uma idéia. Se um casal de pessoas lindas de Praga caísse aqui, seria considerado bonito? E se um casal tipicamente cearense caísse em Praga, seria considerado feio? A beleza é relativa? Não cheguei, obviamente, a uma resposta. Mas aqui, capital do Ceará, é o lugar para se pensar em beleza.

Há mulheres com corpos perfeitos nas ruas. Magras, barrigas lisas, mas com feições bem poucos agradáveis aos meus olhos sulistas. Ontem fui ao tal Bar do Pirata, da Praia de Iracema, depois do trabalho. Povinho bem feio. E dizem que é frequentado principalmente por turistas. Ainda assim...

Não quero ser chato, mas não vejo a hora de chegar ao Rio. Conheci muita gente boa aqui em Fortaleza e fui muito bem recebido pelos colegas de trabalho e nos lugares onde estive. Mas no Rio - violento, perigoso, engarrafado, poluído - ainda estou mais casa do que aqui. E mais perto de casa também.

1 de outubro de 2008

Parágrafo de idéias

Lâmpada para escurecer, sapato de dormir, óculos de chuva, bolinho de pipoca, copo de gelatina, arroz de chocolate, mamadeira de vinho, bloco de notas de plástico, DVD comestível, relógio de braço.

11 de setembro de 2008

Me atolei

A Lu e eu pegamos pesado essa noite e vamos dormir levemente endividados. A Saraiva está com uma promoção de aniversário no site, dando descontos em diversos itens, frete grátis e permitindo pagamento em até 12 vezes no cartão. Aproveitamos para dar uma atualizada na biblioteca.

Infelizmente, Lost Girls ou Supremo, do Alan Moore não estavam na lista das promoções. Ainda assim, deu pra escolher alguns títulos:

1.000 Lugares para Conhecer Antes de Morrer
Shultz, Patricia
Sextante / Gmt

Comer Bem - Edição Revista e Ampliada
Dona Benta
NACIONAL

Dim Sum
Tuttle
TUTTLE PUBLISHING

Easy Bread Machine Baking
Holmes, Shirley Ann
R P J Remainders

Larousse do Vinho
Larousse Brasil
Larousse Brasil

[Ouvindo: Death At One's Elbow - The Smiths - Strangeways, Here We Come]

9 de setembro de 2008

Puma na lista de espera

Tá difícil. Vocês se recordam que o restaurador de Pumas aqui de Floripa, o João do Puma, tinha quebrado o pé antes de eu viajar para a China? Pois é. Quando voltei, pronto para deixar o carro com ele para fazer a restauração completa de fibra e interior, descobri que o coitado tinha sofrido um infarto. Dureza, hein?

Duas semana depois de ele ter infartado, fui fazer uma visita ao João. Ele não vai mais trabalhar em restaurações e fiquei sem ninguém para fazer o trabalho no meu Tubarãozinho 76. Se alguém souber de um bom restaurador de antigos que trabalhe com fibra, por favor me dê um toque.

[Ouvindo: El amor es algo tan incierto - Loquillo y Trogloditas - Tiempos Asesinos]

Cinco anos

Dia 6, sábado passado, a Lu e eu fizemos cinco anos de casados. Um momento bem gostoso. Reavivados pelas férias recentes, estamos nos curtindo muito. Pena que não tenhamos mais tempo um para o outro e para fazer os coisas que gostamos de fazer juntos. Tenho viajado com certa freqüência e nesse período de campanha a Lu trabalha mais do que o usual.

Tivemos nossos altos e baixos nestes cinco anos de casados e 18 de vida juntos. Mas passamos galhardamente por todos. Não podia querer uma companheira melhor.

[Ouvindo: Treinta y tantos - Loquillo y Trogloditas - Tiempos Asesinos]

5 de setembro de 2008

O Processinho (com a licença de Franz K.)

Alguém devia ter difamado Ana P., pois certa manhã, sem que tivesse feito qualquer mal, recebeu a notícia de que seu salário seria descontado em 1%. A notícia veio com o aviso de que pouco poderia ser feito. Era preciso buscar a Repartição para evitar o desconto.

Ana P. não compreendeu na hora as implicações do desconto. Não conhecia a Repartição e não estava familiarizada com os processos, embora fosse letrada e versada, mulher vivida e de perspicácia acima da média.

Ana P. buscou informações, tentou compreender o que todo o processo significava e porque a Repartição tinha que mexer em seu salário. Porque o salário era dela, disso não havia dúvida. Ela trabalhara, ficara com dor nas costas, com a testa marcada por rugas de expressão, perdera compromissos por causa das horas longas no escritório. Merecia o salário. Não 99% dele, mas sua totalidade.

A Repartição, o que havia feito? Os homens de roupa escura, de rostos pesados e semblante raivoso, haviam trabalhado como ela? Ou haviam passado seus dias dedicando-se a tarefas fúteis, a combater batalhas inúteis, a discursas às paredes? Era para isso que queriam 1% de Ana P. Não só de seu salário, mas de seu tempo, Um centésimo da sua vida naquele mês.

Foi com esses pensamentos que a Sra. P. se dirigiu naquele dia à Repartição.

- Bom dia, gostaria de protocolar uma carta solicitando que não seja efetuado o desconto de 1% sobre meu salário.

- Não trabalhamos desta forma - respondeu o homem atrás da mesa.

- É muito simples: tenho aqui duas cópias da minha solicitação. O senhor assina uma, dizendo que recebeu a carta, e fica com a outra cópia, para que não esqueça de não descontar o valor.

- Não assino nada.

- Esse é um padrão usual no recebimento de documentos importantes - retrucou Ana P., que sabia dos meandros da burocracia e das Repartições. Ela havia, um dia, sido uma burocrata.

- Não posso assinar. Não assinamos para ninguém.

- Mas vocês assinaram o recebimento da carta de meus amigos que estiveram aqui ontem.

- Não assinamos, não. E além disso, o seu pedido para que eu assine significa que a senhora não confia em mim. E aqui, nós confiamos nos trabalhadores.

Neste momento, é bom explicar. A Repartição servia, ou deveria servir, para defender os trabalhadores como Ana P. Seu propósito era negociar percentuais, benefícios, vantagens, para que Ana P. e seus colegas fossem felizes e trabalhassem com tranquilidade. Mas nem a Sra. P. nem seus colegas acreditavam que isso acontecesse. As batalhas da Repartição não eram as batalhas deles. Os burocratas lutavam contra forças míticas, como a Alca e a globalização. Desafiavam deuses, como GWBush e FHC. Ana P. e seus colegas queriam coisas simples, como horas-extras, bancos de horas e direito a um plano de saúde. Com psicanalista, claro.

- Você está me chamando de mentiroso - complementou o homem raivoso da Repartição.

- Em momento algum eu disse isso! - alterou-se Ana P. - Tudo o que quero é que você assine a minha carta.~

- Não posso assinar. Não vou assinar.

Por horas, dias e semanas a discussão prosseguiu. Ana P. não soube se havia sido descontada em seu salário. Não viu a sua folha de pagamento, porque estava envolvida em leis e tábuas e mandamentos que pudessem corroborar sua necessidade de que assinassem a carta. Mandava faxes, recebia documentos, lia-os avidamente. Até que foi desanimando e deixou-se entregar como seu parceiro de processo do outro lado do oceano, Joseph K. Quando Ana P. desistiu, no mesmo momento "as mãos de um dos senhores seguraram a garganta de K. enquanto o outro lhe enterrava profundamente no coração a faca e depois a revolvia ali duas vezes".

13 de agosto de 2008

É outro nível

Brasilienses que me desculpem, mas o Rio é outro nível. Trabalhar aqui dá até gosto. Ontem, como parte do evento de que vim participar, fui a um show da Blitz no Morro da Urca. Ouvir "A Dois Passos do Paraíso" olhando o próprio pedaço do céu que é a Baía da Guanabara é uma coisa Mastercard: não tem preço.
Hoje, tomamos - Carine, Rodrigo e eu - o metrô e fomos dar uma caminhada no calçadão de Copacabana. Espetáculo! Agora, estamos os três tomando uns drinks - coisa antiga, isso - no terraço do hotel, de frente para os arcos da Lapa. Inveja? Normal.

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31 de julho de 2008

Saudade de casa

Essa cidade me faz mal. Não é que eu odeie Brasília, mas definitivamente não gosto. Cheguei na segunda e desde terça, tenho crises de rinite. Meu nariz stá vermelho e assado. Dolorido.

Para completar, o evento que vim assistir - 2º Congresso Ibero-americano de Gestão do Conhecimento e Inteligência Competitiva - está fraquinho. Dos quatro dias, só foi realmente aproveitável a manhã de segunda e a de hoje. Alguma coisa da tarde de hoje também.

Pelo menos tem a noite, para fazer uma coisa diferente. Ontem, fomos - estou acompanhado de Carol, que trabalha comigo - ao Park Shopping e demos uma chegadinha na FNAC. Comprei um quadrinho do Alan Moore, Top Ten Contra o Crime. Não é Watchmen, mas já serve pra passar o tempo. Fiquei doido para comprar Do Inferno, do mesmo autor, mas ia ficar muito caro. São quatro volumes.

Na segunda também pude aproveitar um pouco. Assisti Kung Fu Panda. Vale a pena. O desenho é divertido e depois de ir para a China ficou interessante ver como os filmes tratam a cultura de lá. Sábado, quando fnalmente estiver de volta em casa, vou com a Lu ver a segunda sequência de A Múmia. Se passa na China.

28 de julho de 2008

37

Hoje, 28, faço 37 anos de idade. Três para quarenta. Não é nenhum milestone nem nada, mas tá um níver meio estranho. Acho que é por que estou passando longe da Lu e completamente sem tempo para os amigos e família.

Estou em Brasília e devo ficar por aqui até sexta-feira. Até lá, estarei postando a minha participação no GeCIC, um evento de gestão do conhecimento e IC, no blog Knowtec no GeCIC.

14 de julho de 2008

Velocidade

No final de semana consegui que a Brasil Telecom mudasse a velocidade do meu ADSL de 800 Kbps para 2 Mbps, mantendo o mesmo preço - na real, até um pouco mais barato.

Os caras tinham feito essa oferta antes de eu viajar, mas não dava, na correria que a Lu e eu estávamos, para atender um técnico aqui. POis no sábado o técnico ligou dizendo que estava trocando a porta do ADSL na central para aumentar a velocidade.

Na mesma hora minha conexão parou de funcionar e não voltou mais. Fucei a manhã inteira, depois de pedir uma visita técnica da BrT. Mas lá pelo meio-dia consegui configurar o modem e a conexão para os novos parâmetros. Mas não senti muita mudança na velocidade. Só nos downloads mais longos, mesmo. Naquelas coisas do dia-a-dia, ficou igual. Mas va lá, economizo R$ 5,00 por mês.

[Ouvindo: Since I've Been Loving You - Led Zeppelin - Led Zeppelin III]

Tirando o pó

Cof, cof, cof... Como esse lugar tá empoeirado! Também, tinha meia tonelada de trabalho, um mês - 34 dias para ser exato - de tarefas acumuladas. Claro que o povo da empresa tocou bem sem mim. Deram um banho. Às vezes eu até acho que mais atrapalho que ajudo.

Mas, agora de volta ao Brasil e já num ritmo mais normal, dá pra postar de novo. Devagarinho vou contando o que vi, o que fiz e o que presenciei os outros fazerem.

Quem foi à China sabe: o outro lado do mundo é outro universo. O trânsito, os costumes, as pessoas na rua, os mercados. Tudo, absolutamente tudo diferente. Até o McDonald's. Até a Coca-Cola, sempre servida quente, sem gelo. Blergh!

[Ouvindo: Celebration Day - Led Zeppelin - Led Zeppelin III]

15 de junho de 2008

Troglodita

O Nano fez aniversário dia 11 deste mês e resolveu comemorar hoje conosco e um grupo de amigos. Está de enlouquecer. Há dez pessoas na mesa e a única língua em comum é o alemão. Em comum entre eles. Lu e eu conversamos com um ou outro em português - há mais dois brasileiros -, em espanhol - há uma espanhola - e em inglês. Um sarro.


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11 de junho de 2008

Até aqui!

O chinês é uma língua para lá de complicada. Comunicar-se com um chinês é tarefa bem dfícil para quem não fala a língua. Para terem uma idéia, até o jeito de contar os números nos dedos é diferente do nosso. Eles usam uma mão só, inclusive para os números maiores de seis.

No trem, indo de Luoyang para Xi'An, tentei comprar uma água, mas não consegui. Até usei a palavra chinesa para água, shui, mas não deu. O cara me indicou a caldeira que tem em cada vagão, com água fervendo para eles fazerem chá e noodles. Não houve jeito de eu explicar que eu queria água gelada. Até porque eles não usam isso. O humor do chinês do trem era do tipo "não me enche, gringo chato, e vai pra tua cabine". Não fez o menor esforço para me entender. Fomos dormir com sede. Paciência.

Pois ontem, aqui em Praga, na frente do hostel/pensão em que estamos, vi uns pêssegos lindos numa barraquinha da estação de metrô e resolvi comprar. Peguei meia dúzia de pêssegos e mais uns dez morangos. Coloquei nos saquinhos como o resto do povo estava fazendo e fui pra fila pagar.

Não é que atendente e provavelmente dona da barraquinha era oriental! Na hora em que a mulher pegou minhas coisas, começou a falar em tcheco, acho que reclamando de algo que eu fiz. Aí apontou para os pêssegos, para os morangos e o colocou os dois com força na frente da balança. Pelo que entendi, tinha feito algo fora do padrão local. Talvez tenha um mínimo para venda, não sei. Tentei me comunicar com ela, abri a carteira, tentei dar dinheiro, pensando que talvez ela estivesse dizendo o preço em tcheco. Nada. Ela, brava, tirou os pêssegos e morangos da minha frente e me mandou embora. Sonhei com frutas essa noite.

3 de junho de 2008

Bye bye, Beijing

Ontem demos adeus a Beijing, ao Tonho e a Sonia (sorry, mas os acentos deste computador nao funcionam) depois de nove dias passeando pela cidade. Foi otimo! Visitamos tudo o que havia de mais relevante e fizemos compras adoidado. Do nosso roteiro, so nao deu para visitar o parque Beihai e o zoologico para ver os pandas. O dia em que nos programamos pra fazer isso, primeiro de junho, era dia das criancas na China. Ai nao tem condicoes.
Ontem os dois - ja estamos com saudade deles - nos levaram ate a estacao de trem para embarcarmos para Luoyang. Estamos viajando com muita bagagem e as estacoes tem um monte de escadas. Por ai ja da pra ter uma nocao da trabalheira que passamos. Tem uma sacola que esta cheia de presentes, pesada pra caramba. Dureza, mas conseguimos.
Depois de oito horas de viagem, contando com a ajuda de um chines prestativo e muito curioso - boa parte deles e assim - que viajava na mesma cabine que nos, chegamos a Luoyang. A guia estava nos esperando na plataforma, mas nao deu nem uma forcinha com a bagagem. O resultado foi uma mala maluca nas maos da Luciana e umas marcas roxas nas pernas dela. A cena da Lu descendo as escadas com a mala de rodinhas e coisa para filme de comedia, do tipo As Ferias de Mr. Bean.
O hotel aqui em Luoyang e coisa de primeira. Estamos tirando a maior onda de gringo rico, em hotel cinco estrelas e Breitling falso no pulso. A cama e enorme e o quarto super bem equipado. Tem ate HBO! Legendada em chines, mas tem. A vista do quarto e para um dos parques da cidade, que e bem grande e populosa - ate mesmo para os padroes da China. Sao 6 milhoes de habitantes na zona urbana. Nove milhoes se contar a zona rural.
Viemos para Luoyang especificamente para visitar as Grutas Longmen, um conjunto de cavernas esculpidas na rocha com milhares de imagens budistas. Estivemos la pela manha. Muito legal, mas fico devendo as fotos porque este computador do hotel nao tem drive e nao ha como eu colocar fotos no post.
A outra razao de vir para ca foi o Templo Shaolin, que originou o Kung-Fu que conhecemos no Ocidente. Dizem que e muito legal. Vamos visita-lo amanha, junto com o Templo do Cavalo Branco.
Na madrugada, saimos de trem para Xi'An para ver os guerreiros de terracota. Esse certamente sera um dos pontos altos do nosso passeio pela China. Depois de la, vamos para Hong Kong. Ai bate a febre das compras, eu meto o pe na jaca e compro um notebook novo. So entao e que ficara mais facil de postar fotos e manter um ritmo de postagem mais intenso. O que e um saco, porque eu preparei meu telefone para postar direto, mas a internet na China tem muitas coisas bloqueadas e mesmo para usar o Blogspot, tenho que fazer uma baita manobra. Mas Hong Kong e outro mundo e la vamos ver se consigo mandar noticias com maior frequencia.

28 de maio de 2008

No gouda

Não, este post não é sobre queijos. É que anteontem nós estivemos no Silk Market, em Beijing. Experiência fascinante. Eu estava precisando comprar um par de tênis porque só trouxe sapatênis para cá. Sônia e Tonho nos levaram, pacientemente, até esse centro comercial famoso na cidade. É um lugar para comprar coisas piratex xingling. Eu fui com tudo num, supostamente, Nike Shox branco com vermelho.
Quando a gente entra, as meninas das lojas já começam agarrando pelo preço: "Shoes, sir, very good price for you". Isso dito no maior sotaque chinesão. Algumas ainda complementam: "Come take a looka". Assim, com a no final. Também é comum que elas nos chamem de "my frienda"e digam que o preço é "very cheapa".
Comprei o tal Nike e a Lu um Puma por 185 yuans. Dá mais ou menos 45 reais. Baratinho, não? Mas tem que ter paciência e encarar a compra com humor. As meninas começam pedindo 400, 500 yuans. Depois de negociar, o tênis sai por 120. Uma doidêra, porque no processo de negociação, elas brigam com você, batem nas suas costas com o sapato, dizem que você é "no gouda", mas vendem. Eu comecei querendo pagar 80 no tênis e ela pedindo 400. Chegamos a 120.
Com um tênis confortável, estava preparado para os passeios mais "pesados". Ontem, fomos no Templo do Céu, um parque lindo feito pelos imperadores chineses para reverenciar o céu pedindo uma boa colheita. Caminhamos para caramba, andando por tudo quanto é lugar, pelos templos, pelos altares, num muro feito para reverberar os tambores e vozes da cerimônia de sacrifício de animais. E tiramos fotos, muitas fotos. Pena que não dá para publicar porque a internet aqui na China é cheia de restrições. Fico devendo.
Mas o que não fica devendo nada foi o restaurante que estivemos ontem. Com garotas de roupas típicas, lanternas chinesas, comida muito legal. Pasmem: a Lu comeu salada de flores. E com palitinho! Gostou mais ou menos. O que ela curtiu mesmo foi um arrozinho frito tipicamente chinês, mas que leva bacon e ovo. Aí até eu, né!
Na segunda, o esquema foi outro: ficamos andando de metrô para visitar atrações mais próximas do centro da cidade. Começamos pelo Templo do Lama, um baita parque, muito legal, bem no meio da cidade. Altares, arquitetura tradicional e muitas fotos. Como sobrou um tempinho, partimos para a Cidade Proibida. Cara, é gigante! Os espaços são muito amplos e a arquitetura de tirar o fôlego. Estava cheia de gente, claro. Na entrada, que tem como destaque uma foto gigante do camarada Mao, centenas de chineses tirando foto. Não tem muitas relíquias para ver na Cidade Proibida, mas a visita é imperdível. Só saber que boa parte da história da China aconteceu ali, já dá uma sensação diferente. Não tem como não lembrar do garotinho correndo no filme do Bernardo Bertolucci na hora em que a gente entra na praça principal, em frente ao primeiro prédio.
Mas, na minha opinião, o passeio mais bonito que fizemos até agora foi a visita de hoje ao Palácio de Verão. Emboa tenha sido construído na dinastia Qing, ele foi refeito no século 19 por ordem da imperatriz Cixi, regente poderosíssima da China e doida de carteirinha. Lá você tem uma noção do delírio da mulher: um barco de mármore, um lago artificial, uma colina de rochas montada por escravos e um conjunto de suntuosas construções, inclusive um palco artístico de quatro andares. Inúteis, já que só é possível enxergar o primeiro andar. Ainda assim, é um barato. Alugamos um barquinho elétrico por 60 yuans e navegamos livremente por uma hora no lago. Deu pra curtir muito o palácio.
Amanhã, quinta-feira, é dia de visitar a Grande Muralha e, se der tempo, fazer mais umas comprinhas. Isso é "no gouda" para o meu orçamento.

26 de maio de 2008

Amsterdam é o canal!

Infame essa, hein? Mas não pude me conter, até porque é verdade. Passamos poucas horas numa das capitais da Holanda (a outra, política e sede do governo, é Haia) porque o aeroporto local, Schipol, é o hub da KLM, empresa que nos trouxe à China. Nos atrapalhamos um pouco para comprar tickets do trem que vai de Schipol até o centro, mas conseguimos passear por lá.
Almoçamos, tomamos café à beira de um canal, entramos numas lojinhas, vimos os principais pontos turísticos do centro e voltamos para o aeroporto. Ficou a sensação de que vale uma visita com mais calma. Quem sabe na próxima viagem em que a KLM tenha a passagem mais em conta.

Uma cidade em obras

A coisa que mais me chamou atenção em Beijing foi a poluição. Logo que o avião pousou, achei que fosse neblina, mas depois de recolhermos as malas - a minha com as rodas tortas graças à delicadeza dos carregadores do Hercílio Luz, Schipol ou Beijing - o Tonho e a Sônia nos explicaram que a névoa cinza que cobre toda a cidade é pura poluição. Nos disseram também que o governo está tentando mudar isso, mas é complicado. A energia da China vem quase toda de termelétricas, a maioria a carvão. Ou seja, é poluição pra caramba.
Ainda ontem, quando chegamos, passeamos um pouco numa rua de arte e artesanato no centro da cidade. Foi legal, mas gostei mesmo quando, no final dessa rua para turistas, nos embrenhamos num hutong. O mais próximo disso que temos no Brasil é favela. Mas não é bem isso. São casinhas pequenas, grudadas umas nas outras, com uma cozinha e um banheiro comunitário. Tem uns pequenos comércios, açougue, mercearia, conserto de bicicletas, tudo na comunidade. E vielas, muitas vielas estreitas, onde só passam pedestres, bicicletas e motonetas. O mais interessante é que esse traço da China antiga está a 500 metro de um movimentada avenida, cheia de Starbucks, KFC e shopping centers.
Essa dualidade está em tudo. Tem gente jovem com cabelo pintado, garotas com microssaias, engraçadinhas, caminhando pela cidade, e velhinhos com uniformes da época da revolução cultural. Tudo junto. E funcionando! É impressionante, mas a China funciona. Pode ser meio aos trancos e barrancos, mas funciona. O trânsito é caótico, com os carros disputando espaço entre si, com os pedestres e com as bicicletas. O metrô é uma massa de gente, todo mundo embarca e desembarca sem fazer fila, num empurra-empurra. Mas embarcam e desembarcam.
Hoje nós visitamos o Templo do Lama, muito interessante e bonito. Grandes estátuas de budas, entidades diversas, muita simbologia do budismo tibetano. Uma pena que o Nano não estivesse conosco. Uma pena também que não pude tirar fotos de alguns lugares. Era proibido em muitos locais do templo - que na verdade é um complexo com um monte de templos. Os monges estavam de olho e de vez em quando, ao me ver de câmera na mão diziam: "No photo".
Depois fomos na Cidade Proibida. Como aquilo é grande! Quer dizer, eu sabia que era grande, mas ainda assim, impressiona muito. É algo gigante mesmo. Pode se passar um dia ali, mas nós visitamos numa tarde. Há muitas casas fechadas e tantas outras vazias. O que vale é pela beleza arquitetônica e pela amplitude dos espaços.
E também pela história, claro. Mas isso você tem que descobrir sozinho ou contratar um guia, porque as instruções e orientações em inglês são poucas e incompletas. A Sônia, cunhada da Lu que está tendo a paciência de ser nossa guia aqui, disse que os audioguides são muito ruins e não dizem quase nada a respeito da história e da importância da cidade proibida para a China. Ainda assim, é linda, maravilhosa mesmo. Os telhados são muito legais e a Lu se encantou da fila de animais entalhados que há nos beirais. Quanto mais bichinhos, mais importante o dono da casa. Obviamente na Cidade Proibida, morada do imperador, tem bichinho no telhado que não se acaba mais.

13 de maio de 2008

Dia mais que longo

Hoje acordei cedo, muito cedo. Pulei às 4h30min para viajar para o Rio à trabalho, no vôo das 6h10min. Mas o pior é a volta, saindo do Galeão às 22h05min, passando por Curitiba e chegando em Floripa - previsto, claro - às 0h50min. Não vejo a hora de chegar o dia 22.


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11 de maio de 2008

Feliz dia das mães

Hoje foi a última vez que vi os meus velhos aqui no Brasil. A próxima vez que nos encontrarmos será em Viena. Vou ficar com saudades dos dois, mas pelo menos consegui dar um bom abraço de dia das mães na Berna.


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E as imagens, como ficam?

Primeiro post que eu faço do HTC Touch usando uma imagem para ilustrar. Vamos ver como vai ficar.


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7 de maio de 2008

O rolo

Prometi contar do rolo. Bem, a Lu e eu estamos planejando uma viagem para a China desde o ano passado, juntando grana, preparando tudo direitinho para não haver problemas. Mas algumas coisas nós não podemos controlar. As férias da Lu eram uma dessas coisas.

A princípio, viajaríamos no dia 27 de junho, mas pintou um evento para ela assessorar na primeira semana de julho. Ferrou com nossos planos. Acontece que as passagens já estavam compradas.

A agência de viagem nos desenganou dizendo que seria difícil trocar. Felizmente a KLM, emissora dos bilhetes, fez a troca com a gente pagando a diferença. Agora é correr para ajeitar tudo, já que a viagem está marcada para o dia 23 de maio. Tá em cima da hora!

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2 de maio de 2008

Acho que deu certo

Estou feliz. Estamos em Guarulhos e conseguimos trocar nossa passagem para à China. Conto sobre o rolo todo em outro post.

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Going mobile

Estou postando do meu fone novo,um HTC Touch. Uso a rede do café Suplicy, em SP. Gostei disso.

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27 de abril de 2008

Odeio esse leão

Acabei de fazer a declaração do IR e pagar o imposto pela internet. Coisa irritante, você ver o quanto foi recolhido pelo governo ao longo do ano. O IR é mais nocivo para o próprio governo que os demais impostos. Dá a chance para o cidadão sentir o peso do estado nas costas, de uma vez só. Uns trocados no almoço, mais um pouco no supermercado, na bomba de combustível. Esses passam batidos, mas quando é de uma vez só, a gente fica muito puto.

26 de abril de 2008

A primeira a gente não esquece

Apesar de velejar desde 2003, só fui participar de minha primeira regata hoje. Mas, quem diria: fui o primeiro a chegar de volta na marina! Com motor, claro. O dia foi lindo, mas infelizmente sem vento. Tínhamos, os tripulantes do Gostosa e dos demais 22 barcos participantes, três horas e meia para completar o percurso. Ninguém conseguiu.

Alguns, seis se não me engano, até esperaram até o último momento para ligar os motores e voltar. Eu e Rafael, meu valoros proeiro, não tivemos tanta paciência. Após fazer papel de rolha no meio da Baía Norte por uma hora e meia, lançamos ferro, demos um mergulho e ligamos o motor para voltar à marina Santo Antônio e a um delicioso carreteiro, chope à vontade (para o Rafa) e coca-cola de graça (para mim).

Esse foi o 2º Passeio das Cracas que a marina Santo Antônio, onde deixo meu barco, promove. No ano passado, quem ganhou foi um colega de lá, Carlos, com um Day Sailer muito parecido com o Gostosa. Um pouco mais novo, mas tão competitivo quanto o meu barco. Por causa desse histórico, Rafa e eu estávamos empolgados para disputar. Mas o vento não ajudou.

[Ouvindo: Think For Yourself - The Beatles - Rubber Soul]

19 de abril de 2008

Best episode ever

Quem gosta de South Park - e até quem não gosta muito, mas curte uma piadinha bem feita - não pode deixar de assistir o último episódio exibido nesta semana nos EUA: Over Logging. É o sexto desta 12ª temporada.

A história começa com as famílias de South Park ficando sem internet. O desespero que toma conta da cidade é hilário. Exatamente o que acontece, guardadas as proporções, quando eu fico sem rede na empresa. Muito engraçado, com citações a filmes conhecidos, como Vinhas da Ira e Independence Day. Eu baixei via torrent do Mr. Twig.

[Ouvindo: Let's Go Crazy - Prince - The Very Best Of Prince]

8 de abril de 2008

Conto com instruções didáticas

"Puta que pariu" foi a primeira frase que veio à cabeça do autor para começar o conto. O importante é ganhar o leitor na primeira frase, com impacto. Então:

– Puta que pariu – exclamou com um sorriso o personagem de nome comum que é para o leitor se identificar mais fácil. João ainda era um gurizote, mas nunca tinha visto mulher tão linda. E ainda mais sorrindo pra ele.

João começou a derreter dentro da camiseta bege escrito "Ratos de Praia", uma marca de surf famosa na época, porque é importante ser preciso para  dar veracidade à história. Além disso, os pequenos detalhes ajudam a definir situação e tempo do conto. Com as costas já empapadas de suor, mais por causa do sorriso da morena alta, de olhos verdes e corpo perfeito do que pelo esforço de jogar pacau com Adroaldo, Lin e Sandro. O nome dos personagens secundários não é tão importante, mas também não precisa exagerar. Um nome estranho basta. O resto tem que ser verossímil.

O bolinho de fichas diminuía ao lado da mesa e nada dela ou da amiga se afastarem. João criou coragem e olhou para a garota, se esforçando para concentrar o foco no rosto, e não no decote ou na pele branca dos seios.

– Cansei de jogar. Vamos tomar um sorvete?

Ele mesmo ficou impressionado com a atitude e o autor também, embora soubesse que esses pequenos clímax são importantes para manter o leitor atento na história.

Mas atento mesmo estava João, mergulhando no verde dos olhos de Priscilla, assim com dois eles. Era de Florianópolis e estava na casa de parentes, passando duas semanas em Balneário Gaivota. Estava gostando, sim, mas o mar era muito bravo e ela pouco ia à praia, dados importantes para se definir a personalidade do personagem e que explicam um pouco o porquê da bancura da pele da garota. É parte do jogo de texto fazer o leitor entender por si as conexões entre uma parte e outra do conto.

– Durante o dia eu prefiro as praias de Floripa, mas a noite aqui é mais legal, mais tranquila – completou a garota, querendo parecer cosmopolita.

"Se ela tá querendo impressionar, é um bom sinal", pensou João, enquanto pagava as duas casquinhas de sorvete. Isso num tempo em que Balneário Gaivota não tinha brigas de rua, não sofria com gangues vindas da região metropolitana de Porto Alegre para atazanar os moradores. Era populada, basicamente, por gente que morava nas cidades próximas e isso já diz bastante sobre a diegese da história.

Os dois subiram a rua sem destino certo, tomando seu sorvete e conversando. Coisas bobas, que fazem todo o sentido quando se é adolescente. João, destro, terminou primeiro a casquinha de chocolate. A mão esquerda de Priscilla, nessa altura já chamada de Pri, deu bobeira e foi engolfada pela mão de João, sem resistência. Num momento assim é que o autor pensa: "Como é que eu termino essa merda de conto? Tenho que dar uma dica de como essa história acaba". Mas os três seguem em frente – João e Priscilla passeando e o autor escrevendo.

Já no final da rua, próximo do bar onde João e os amigos jogavam pacau até agora há pouco, seis parágrafos acima, os dois pararam como que combinados sobre o que fazer. Devagarinho foram aproximando os rostos e se beijaram de leve, nos lábios. Uma, duas, três vezes. Na quarta, as línguas se enrolaram, João sentindo o gelado do sorvete na boca de Priscilla. Encostaram em um muro qualquer e ficaram por ali mesmo por alguns minutos, até que a garota deu a deixa, que, no fundo no fundo, entrega o final do conto:

– Preciso ir pra casa. Minha tia deve estar esperando. Além disso, minha prima ficou sozinha no bar – disse Priscilla (o autor não esqueceu da personagem sem nome que acompanhava a protagonista e que ainda pode ter um papel importante).

– Vou te ver de novo?

– Claro, estou toda noite por aqui, até ir embora.

Priscilla se virou para encontrar a prima e João foi-se faceiro, orgulhoso de si mesmo, ao encontro dos amigos. Contou que ela era de Florianópolis, que era maravilhosa, tinha uns peitinhos lindos, uma bundinha firme, uma boca quente e beijava muito bem. Era perfeita e podia muito bem ser sua namorada. Quem sabe na noite seguinte.

Priscilla foi caminhando para casa da prima comentando a noite. Disse que João era desajeitado com as mãos, suarento, tinha o hálito meio esquisito e uns papos nada a ver.

– Saco, não posso mais vir para esse lado da praia ou esse chato vai grudar no meu pé – completou a menina, a título de estranhamento, que normalmente é o clímax de um conto, o ponto onde a história dá uma virada e surpreende o leitor. "Esse ficou fraco", pensa o autor. "Mas o leitor dará um desconto, afinal não é mole escrever um bom conto em menos de uma hora", completa, olhando para a morena de olhos verdes e pele branca que ressona suavemente ao seu lado na cama.

[Ouvindo: Royal Orleans - Led Zeppelin - Presence]

6 de abril de 2008

Viajandão

São Paulo seria uma excelente cidade se tivesse o trânsito de Jacinto Machado. Tenho ido bastante para lá - São Paulo, não Jacinto Machado. Desde o início de março foram três viagens para a maior cidade da América Latina. Uma trabalho e duas para passear.

Cheguei de Sampa agora há pouco, pela Varig. Desta vez, consegui comprar umas passagens baratinhas, 48 pilas, e fui para o aniversário da Fernanda, sobrinha mais nova da Lu. Fomos passear também, claro.

Na feirinha da Benedito Calixto, consegui comprar algo que eu ando atrás há um bom tempo: um Ray-Ban Bausch & Lomb estilo aviador com armação dourada, no desenho tradicional dos anos 1970. Achei um em bom estado e arrematei depois de pechinchar um pouco com o feirante. Vou levar amanhã na ótica para colocar lentes de grau e dar uma limpada geral na armação. Vamos ver como vai ficar o resultado final.

Passear em SP sempre é legal. Tem muita coisa para fazer e excelentes opções gastronômicas. Uma coisa que não contei ainda aqui foi a nossa visita - da Lu e minha - a uma lojinha na região dos Jardins em Sampa que se chama O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo. Pretensiosa, não? Eu também achei, mas o bolo é realmente muito bom. Recomendo uma passada. Fica na Oscar Freire, perto da Alameda Casa Branca. Fomos lá na outra vez que estivemos em São Paulo.

Desta vez, a pedida foi tomar um café na Vila Mariana, numa patisserie que se chama Delícias de Paris. Muito boa. Tão boa que exageramos um pouco no café no sábado e só fomos sentir fome à tarde. Eu almocei às 15 horas. A Lu só foi comer no aniversário da sobrinha.

O nome da patisserie lembra o de outra em Curitiba, também muito boa: Delícias da França. Há duas semanas estive na capital paranaense a trabalho e tive uma reunião ao lado da padaria. Infelizmente, não me dei conta antes, ou não teria tomado café no hotel.

Nesta viagem a Curitiba, passei um trabalho do cão. Dirigindo um Gol alugado, dei uma esbarrada de leve numa picape Corsa. Para o seguro da locadora valer, tive que fazer um boletim de ocorrência. Mas em Curitiba, acidentes sem vítima não são atendidos pela polícia. Eles não fazem o B.O. O motorista tem que ir ao batalhão de trânsito e registrar a ocorrência. O problema é que eu, meio perdido na cidade, tive que ir até o bairro Tarumã, sozinho e com pressa por causa de uma reunião. Trabalheira, mas que acabou não tendo outros desdobramentos. A locadora não me cobrou nada pelo conserto.

[Ouvindo: Sílvia - Camisa de Vênus - Viva]

2 de abril de 2008

No bar

– Olha só, eu não sou desses caras que se derretem por qualquer menina bonitinha.

– Tá bom, vou fazer de conta que acredito – respondeu Júnior, bebericando a Stella Artois gelada.

– Sério, cara! Comigo não tem isso de ficar olhando pros lados e procurando o peitinho mais bonito, a budinha mais redonda, os olhinhos mais azuis. Nina, nina, não, velho! Pra mim, a guria tem que ter substância.

– Tá bom, João. E você, claro, adivinha o quanto de "substância" ela tem, antes de chegar na menina – ironizou o amigo, fazendo o sinal de aspas no ar com os dedos.

– Ah, dá pra saber, sim. Aquela ali, por exemplo, é uma porta. Olha o jeito de ela rir com as amigas. E essas duas do lado, que se tratam de "miguxa". Puta que pariu, sair com uma "miguxa", nem pensar!

– Ih, cara, acho que a loirinha ouviu. Fala baixo, porra!

– Deixa quieto, tenho certeza que é uma dessas que confunde Stephen Hawing com Stephen King, que acha que Italo Calvino é espanhol para italiano careca.

– Não zoa com a gatinha, pô. É bem engraçadinha – retruca Júnior levantando a garrafa e sorrindo para a garota.

– Tu só quer saber de corpo, né? Tudo bem, tu é meio burrão mesmo.

– Pô, não precisa sacanear, cara! Tá, e aquela ali que tá olhando pra nós. Quer dizer, mais pra ti, pelo visto.

– Olha, parece que pode ser uma guria interessante – avalia João.

Ele levanta para ir ao banheiro e avaliar a situação. Na ida, dá um sorriso para a garota, linda nos seus 22 anos de idade. Morena com a pele branca e os olhos levemente esverdeados. Belo corpo, rosto bonito. Jeito meigo. "Dá pra chegar", raciocina João. E chega, na volta do banheiro.

– Oi, tudo bem?

– Tudo – responde a garota com um sorriso.

– Sou o João. Você?

– Adela.

– Nome incomum. Qual a origem?

– É o nome de uma santa da Romênia.

– Legal. Já esteve na Romênia? Ouvi dizer que Bucareste é muito bonita.

– Não, nunca. Nunca viajei para fora do Brasil.

– Se pudesse escolher um lugar para ir agora, para onde iria?

– Acho que Nova Iorque, sempre quis conhecer a Europa.

A frase doeu nos ouvidos de João. Ele fixou-se nos olhos esverdeados, avaliou o cabelo escuro, o rosto branco, os seios de 22 anos, a barriguinha lisa com um piercing dourado. Avaliou a situação e continuou batendo papo com Adela. Fazer o que. Ele era só discurso. Era homem e ponto final.

[Ouvindo: Southbound Again - Dire Straits - Dire Straits]

24 de março de 2008

Tem que ouvir: The Dark Side of the Moon

thedarksideofthemoon Meu primeiro disco do Pink Floyd foi o óbvio The Wall, comprado no Cine Foto Som Mazucco, uma loja de Araranguá em que meu pai tinha conta. Aos 14 anos eu descobri que bastava chegar lá, pegar um disco ou fita, dizer pra por na conta do seu João Proença e pronto. Comprei The Wall, The Final Cut, Led IV, um disco do RPM, um da Blitz e gravei algumas fitas. Claro que logo que a conta chegou nas mãos do meu pai, eu tomei uma baita bronca. Mas com a conta no Mazucco, consegui tomar contato com muita música boa.

The Dark Side of the Moon, o disco que eu considero o melhor do Pink Floyd e que faz hoje 35 anos de idade, eu só ganhei mais tarde, quando minha vó mandou escolher um disco de presente de aniversário na Hermes Macedo, a loja de departamentos que existia na época. Era meu terceiro do Pink Floyd. O quarto foi Ummagumma, também comprado na HM, e o quinto, Animals, trocado por um Kraftwerk que meu primo me deu.

O "disco do prisma", como The Dark... é mais conhecido, é praticamente unanimidade entre fãs do Floyd. Foi um dos primeiros álbuns temáticos que depois se tornaram a marca de qualquer banda de rock psicodélico que se preze. Lançado em 1973, os efeitos de relógios tocando, caixas registradoras, vozes entre as faixas, tudo contribuiu para que o disco se tornasse um marco do rock. As canções eram inovadoras, tinham letras inteligentes. A melhor definição dos britânicos, para mim, está em Time, a terceira faixa: "Hanging on in quiet desperation is the English way".

O set do álbum é:

  1. Speak to Me (Mason, Gilmour, Waters, Wright)
  2. Breathe (Mason, Gilmour, Waters, Wright)
  3. On the Run (Gilmour, Waters)
  4. Time (Gilmour, Waters, Wright, Mason)
  5. Breathe (Reprise) (Gilmour, Waters, Wright, Mason)
  6. The Great Gig in the Sky (Wright)
  7. Money (Waters)
  8. Us and Them (Wright, Waters)
  9. Any Colour You Like (Gilmour, Wright, Mason)
  10. Brain Damage (Waters)
  11. Eclipse (Waters)

Como baixista - ou pelo menos metido a baixista - acho a linha de baixo de Money uma das melhores e mais divertidas de tocar. O tempo é diferente e o baixo carrega a música toda, praticamente. Quando ouvir o álbum, vale prestar atenção nos vocais, sem letra, de The Great Gig in the Sky. Foram feitos pela cantora Clare Torry, convidada pelo produtor Alan Parsons para improvisar sobre a canção do tecladista Richard Wright. Ela achou que não ficou bom. Mas os membros da banda e o produtor discordaram, para nossa felicidade.

O link para baixar o álbum, via torrent:

The Dark Side of the Moon

[Ouvindo: Us And Them - Pink Floyd - Dark Side Of The Moon]

22 de março de 2008

"You underestimate the power of the dark side"

Dia 16 Lu e eu estivemos em São Paulo visitando a Exposição Star Wars Brasil, uma mostra de memorabilia dos seis filmes da série Guerra nas Estrelas. Obviamente, é coisa pra quem curte. É o nosso caso.

Entre as peças, havia a nave que Luke Skywalker usou para chegar ao planeta pantanoso em que conheceu o mestre Jedi Yoda. Impressionante como é fuleira. Toda mal ajambrada. Mas quando peguei a câmera para fazer uma foto e olhei no visor digital: o bagulho foi feito para aparecer bem nas câmeras, não ao vivo. Ao vivo é um monte de compensado, isopor, uns pedaços de engrenagens de motor. Na foto, é uma nave espacial rebelde.

Era a primeira peça da exposição e com "olhos de câmera" eu visitei o resto da mostra, no Porão das Artes do Ibirapuera. Maquetes, manequins com os trajes originais, bonecos de alienígenas, wookies e ewoks, modelos em escala e alguns em tamanho real. Tudo muito legal. Mas o que mais gostei foram os bonecos do R2D2 e do C3PO, junto com os storyboards originais de algumas cenas da série. Especialmente um da batalha entre Luke e Darth Vader, em O Império Contra-Ataca. Nas descrições das cenas, fala-se em "Laser Sword" (espada laser) e não em "Light Saber" (sabre de luz), como ficaram conhecidas as armas Jedi ao longo de toda a série.

Outro detalhe legal é o desenho original do C3PO, que lembrava muito mais o robô de Metrópolis, de Fritz Lang. A concepção original de R2D2 (ou Artoo, como estava referido em um dos storyboards) já ficou mais próxima da versão que todos conhecemos das telas.

[Ouvindo: Walkabout - Red Hot Chili Peppers - One Hot Minute]

20 de março de 2008

Os dias estão simplesmente lotados

O título eu emprestei de um livro de quadrinhos do Calvin, mas cai como uma luva para as últimas duas semanas. Desde o início de março, a correria é grande, tanto no trabalho quanto na vida pessoal.

De mais interessante, algumas peculiaridades da uma viagem a trabalho para São Paulo, a trabalheira que foi minha última estada em Curitiba - também a trabalho -, o passeio que Lu e eu fizemos a São Paulo para um casamento e para ver a Star Wars Expo Brasil e os perrengues que ando passando com o apartamento.

Como nos jornais de tevê, eu dei a escalada. Mais detalhes depois dos comerciais.

12 de março de 2008

Cão na madrugada

As pálpebras de João pesavam dois quilos cada. Cada olho tinha um metro cúbico de areia arranhando a córnea. A cada piscada, os olhos se fechavam mais e mais tempo. A madrugada não era mais sua amiga. Talvez fosse o tema do trabalho, chato e pouco desafiante. Talvez fosse apenas sono.

Mas um ruído diferente no corredor chamou a atenção e descarregou um pouco de adrenalina no corpo de João. Um barulho de patas de cão no piso de cerâmica. As unhas compridas de um animal. Mas João vivia sozinho, nem cachorro, nem filhos, nem esposa. Ele e a madrugada e só.

Uma virada cautelosa na cadeira de espaldar alto, olhos fixos na porta do escritório para o corredor. Nada. O mesmo silêncio de sempre no apartamento vazio.

João volta a se concentrar na conta caixa, da DRE, no balanço da empresa fictícia. Os resultados foram satisfatórios? A lucratividade atingiu as metas? Perguntas chatas com respostas chatas. E o ruído de patas novamente no corredor.

Agora a cadeira se vira de sopetão para João dar de cara com um cachorro. Um doberman preto, quieto, olhando para João. Olhos avermelhados na escuridão do corredor.

O que esse cão faz ali, como entrou, será feroz? As perguntas já não são tão chatas. São altamente relevantes para João, que busca e busca as respostas sem sucesso.

– Pode voltar a trabalhar, não quero atrapalhar – diz o cachorro, com voz tranquila, que não parecia combinar com o porte do animal.

Um cachorro que fala? É só o que faltava para João, sempre acompanhado nas madrugadas por alucinações, anjos e demônios. Estava velho demais para cães que falam. Continuou olhando o doberman.

– Está estranhando minha voz? Bastante singular, porque essa voz foi você quem me deu.

"É claro", pensa João. "O cachorro que fala e está no meu corredor não fala e nem está no meu corredor. Está na minha cabeça".

– Exatamente – retruca o bicho, como se lesse o pensamento de João.

– Você ouviu o que eu pensei? – pergunta João em voz alta. Alta demais para a madrugada.

– Eu sou o seu pensamento. Estou em seu pensamento. Eu sou. Eu existo.

"É só que me falta. Além de falante, o cachorro é metido a filósofo", racionaliza João.

– O filósofo é você. É você quem fala, quem arrasta as unhas no corredor escuro. É você que tem os olhos vermelhos na escuridão. Você é eu, e eu, você. E ambos somos. Só.

– Escuta aqui, Rex, vê se me deixa em paz, então. Preciso terminar isso aqui. Xô, vai embora! Passa!

– Não funciona assim. Eu sou fruto do seu pensamento. Das sinapses cansadas de pensar em gestão, em planejamento estratégico, em propostas comerciais e retornos financeiros. Eu sou o seu eu mais sincero, o seu quadrúpede interior. A besta que estava adormecida no fundo do cérebro e que saiu quando a mente ameaçou dormir de tanto tédio e sono.

– Tá, e como eu faço para você ir embora? – João perguntou.

– Você acorda e pronto.

Foi a senha para João notar o óculos torto caído sobre o teclado do computador, sentir a dor das teclas F6, F7 e F8 que marcavam sua testa, o torpor no braço que esticava-se sobre o mouse pad de forma pouco natural.

Levantou-se, foi ao banheiro e para a cama. E sonhou com números, com contas caixa, DREs e planilhas. E, pela manhã, entre uma colherada e outra de granola, disse a si mesmo que era bem melhor sonhar com cães filósofos.

[Ouvindo: Ya no hay héroes - Loquillo y Trogloditas - Tiempos Asesinos]

4 de março de 2008

Estilo alternativo

Olha só, quem diria, estou fazendo yoga. Comecei na semana passada e tive aula agora há pouco. É no trabalho mesmo, com incentivo da empresa. Estou achando interessante. Pelo menos me mexo um pouco, me estico pra lá e pra cá e paro uns minutos pra relaxar entre as obrigações de trabalho, MBA e família.

Meus colegas que já fizeram yoga disseram que o professor tem um estilo bem "yoga fitness", que não envolve a bobagêra de não comer carne, de ficar ouvindo música indiana ou as Enyas da vida. Teve uma aula que ele até mandou ver num jazz levinho.

Mas alternativo mesmo foi a minha visita à homepata da Luciana. Fiz algumas consultas com otorrinos e alergistas para ver se me livro de uma rinite que me incomoda horrores e não tive resultado. Aí, resolvi apelar.

Ela me preguntou de tudo. Problemas de saúde, se eu já fui sonâmbulo, se tenho bruxismo, qual minha comida preferida, o que eu não como de jeito nenhum e o mais estranho de tudo: se eu tinha medo de monstros ou fantasmas quando era criança.

"Não, não tinha mais do que qualquer outra criança. Mas tinha pavor de Jesus Cristo". Isso certamente intrigou a mulher, mas aí eu contei a história de quando era pequeno e da aparição de Cristo no sótão da minha avó. Ela deve ter achado estranho, mas também quem mandou perguntar uma coisa esquisita dessas.

[Ouvindo: Sysyphus Part Four - Pink Floyd - Ummagumma - Studio Disk]

3 de março de 2008

Jogo interessante

Estou no final do meu MBA em gestão empresarial na Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Rio de Janeiro, e esta última disciplina é disparada a mais interessante. Chama-se jogo de negócios. Funciona assim: a turma foi dividida em oito equipes, cada uma responsável por dirigir uma indústria de computadores na época da reserva de mercado (lembram, quando não podíamos importar computadores?).

Eu sou o presidente e diretor de produção da minha equipe. Estamos em quatro pessoas e tomamos as decisões sobre quanto produzir, quanto cobrar por cada produto, quanto investir em marketing e pesquisa, aumentar ou reduzir a capacidade da fábrica, contratar ou demitir funcionários, aumentar salários, conceder bônus ou participação nos lucros. Em suma, decidimos quase tudo o que envolve a administração de uma indústria.

A cada três ou quatro dias, nossas decisões são alimentadas num simulador da FGV. O simulador compara as equipes, define a demanda por computadores no mercado, quanto um produto ficou mais atrativo que o outro e dá os resultados. Começamos em último no primeiro mês. Fechamos o primeiro quadrimetres e estamos em quarto. Não considero um bom resultado, mas dá pra encarar.

Nosso principal problema é o lucro. Muito baixo ou negativo. Sinceramente, estou com problemas para controlar os custos de produção, o que afeta os resultados drasticamente. Quanto mais a nossa empresa vende, pior o prejuízo. Mas, tudo bem. Não quebrando antes do final da disciplina, tá bom. Até porque quem falir é reprovado. E já deixei duas cadeiras para trás. Não dá pra ficar mais uma.

26 de fevereiro de 2008

Tempo de reforma

Minha relação com as reformas é de ódio e amor. Reformei um veleiro que estava bem judiado e deixei novinho. Comprei um apartamento detonado e deixei apresentável e agora estou às voltas com um Puma 76 que precisa de restauração.

A reforma do barco me deu um tremendo trabalho porque o cara que contratei era enrolado, não cumpria prazos, dava desculpas para não fazer o trabalho. Depois de muitas idas e vindas o Gostosa ficou pronto e bem reformado. Pelo menos isso.

Com o apartamento foi parecido. O eletricista simplesmente sumiu no meio da obra e a Lu e eu tivemos que terminar sozinhos a instalação elétrica. O encanamento foi muito mal feito e a parede da área de serviço precisou ser quebrada mais de uma vez para isolar um cano de esgoto que o primeiro encanador deixou aberto, vazando dentro da parede. Na verdade, fiquei tão estressado com a reforma que nunca terminei. Até hoje meu apartamento está inacabado.

Agora dei azar de novo com a mão-de-obra. João do Puma, o fibreiro que vai reformar o meu tubarão 76, quebrou o pé e vai ficar 60 dias sem trabalhar. Resumo: como viajamos de férias, Lu e eu, no final de junho, não vai dar tempo de restaurar o puminha até lá. Vai ter que ficar para a volta. Paciência.

[Ouvindo: She Loves You - The Beatles - Past Masters Vol 1]

20 de fevereiro de 2008

Dia importante

Hoje é um dia essencial na minha vida. Há (censurado) anos, nascia uma gauchinha morena. que Yeda e Adalgiso batizaram de Luciana. Certamente era um bebê bochechudo. Se não era, adquiriu essa qualidade na vida adulta.

Conheci-a quando, ainda estudante de engenharia elétrica, resolvi me meter no movimento estudantil da UFSC. O diretório central mantinha uma rádio pirata no campus e começamos a trabalhar juntos na emissora.

O primeiro contato foi coisa digna de Calvin e Susie. Numa reunião da rádio, Luciana, um pouco ressabiada com o risco de uma batida policial, perguntou o que faria com o transmissor num caso desses. A minha resposta foi 100% lageana: "Enfia na boca". Um lorde, como sempre.

Ainda assim, fomos juntos a uma festa do curso de jornalismo no Clube Penhasco (os mais velhos vão lembrar do lugar). Ela já estava na terceira fase, mas ainda assim deu uma chance pro engenheiro calouro. Felizmente.

Daquela noite em diante, 18 de maio de 1990, não vivemos mais um sem o outro. O período mais longo sem se ver foi quando o pai dela ficou doente e os planos de nos encontrarmos em Viena foram frustrados. Ficamos 26 dias falando apenas pelo telefone.

Hoje ela não vai ganhar presente nenhum. Não escolheu ainda o que quer. São tantas coisas. Pena que não posso bancar todas. Ela merece. Merece até muito mais. Merece muito mais do que eu. Mas, magnânima, escolheu um piá narigudo pra fazer feliz.

[Ouvindo: No Ordinary Love - Sade - The Best Of Sade]

19 de fevereiro de 2008

Férias

Pois é, meus caros leitores: estou em férias. Oito dias de folga para resolver pequenos problemas domésticos - tevê da cozinha que pifou, fogão que precisa de regulagem, lâmpadas que precisam ser trocadas, pequenos reparos no barco e no Puma. Mas, acima de tudo, uma semana para cuidar da minha mãe, que ontem fez uma pequena cirurgia no joelho. Estarei com meus velhos aqui em casa nesse período de recuperação da Berna.

14 de fevereiro de 2008

Platinado

Três semanas atrás, meu Puma resolveu parar de funcionar. Até levei o felino numa oficina aqui perto de casa, mas não resolveram. Não é todo mundo que mexe em carro antigo. O problema é que o mecânico que costuma mexer nele estava em férias, oficina fechada até depois do Carnaval..

Ontem consegui chamar um guincho e mandar o carro até Rui, o mecânico. O problema era com a ignição eletrônica. Uma modernidade adaptada ao antigo motor boxer de quatro cilindros opostos e dois carburadores que equipa o carrinho. Tá bom, é um motor de Brasília com pequenas modificações.

Bem, o fato é que pedi ao Rui que tirasse a ignição eletrônica e substituísse toda a distribuição pelo sistema original, de platinado e condensador. Foi barato e o carro tá rodando macio. Além disso, o fato da distribuição ser igual à original garante uns pontinhos a mais na vistoria para a placa preta.

[Ouvindo: Heroes - David Bowie - Heroes]

10 de fevereiro de 2008

Fim de semana comprido

O dia de todo mundo tem 24 horas. Um final de semana, portanto, 48 horas. Muitos finais de semana são desperdiçados. Este que está acabando daqui a duas horas, eu não desperdicei.

No sábado pela manhã fui ao RCFL, o clube de aeromodelismo de Florianópolis. Estou fazendo aulas de aeromodelismo para poder usar o presente de Natal que a Luciana me deu: um Cessna 182 radiocontrolado.

Ao meio-dia, almoço com os amigos Paulo e Renata, no Recanto das Sereias, em Itapema. Estava indo correr com o pessoal do trabalho no nosso campeonato interno de kart. Fiquei em terceiro nessa corrida. Melhor que o quarto lugar da bateria passada.

À noite, um cineminha com a Berna e a Lu para assistir Sweeney Todd. Recomendo. É um musical de humor negro, negríssimo. Mas dirigido pelo Tim Burton e estrelado por Johnny Depp e Helena Bonham Carter. E Tim Burton combinado com esses dois sempre vale a pena.

Domingão meio nublado, com pouco vento. Ainda assim pulei cedo, enchi o galão de gasolina e toquei pra Marina. Com o Carlito como proeiro, saí pra velejar no Gostosa. Erguemos os panos pouco depois das 10 horas e só fomos conseguir um ventinho às 12h45min. Mas valeu. Em menos de uma hora fomos da ilha de Ratones Pequeno até a Costeira da Armação, em Governador Celso Ramos. Vai ser fácil chegar até a Fazenda da Armação ou Tinguá.

Final de tarde do domingo, papo com os amigos na Lagoa da Conceição, tomando um Smoothie no Jungle Juice. O único porém é que, como não almocei por ter passado a manhã e parte da tarde no mar, enchi a pança de comida. Tudo bem: amanhã eu capricho nas pedaladas e fico mais leve. Pelo menos a consciência.

8 de fevereiro de 2008

Blogosfera

Essa história de reativar o blog fez com que eu voltasse à navegar em blogs sem interesse puramente profissional. Por conta disso, coloquei mais uns links aí ao lado. Um deles é o do meu irmão, Giuliano, falando sobre as viagens dele à Bósnia. Acho que é o país preferido dele, que mora em Viena, Áustria, há mais de oito anos.

Outro blog vocês notaram em função de uns posts abaixo. É o da Anacris, que eu já conhecia mas tinha perdido o endereço (um dos contras de não guardar o histórico do MSN). Vale a leitura.

Certamente a lista vai crescer à medida em que eu voltar a navegar com mais vontade pela blogosfera.

[Ouvindo: Jimmy Jazz - The Clash - London Calling]

7 de fevereiro de 2008

Tem que ouvir: Led Zeppelin IV

Folder Tá bom, tá bom... Há controvérsias sobre o melhor disco do Led Zeppelin. Tem gente que gosta mais do Led II. Quem curte performances ao vivo, vai dizer que é o The Song Remains The Same. Pois pra mim é o Led IV, que muita gente identifica como "o do velho". Ontem saí para pedalar e toquei esse disco no telefone. Perfeito! Começa com o maior gás, com Black Dog e Rock And Roll. Exatamente como eu pedalando: começo mandando ver, ultrapassando todo mundo até entrar num astral mais Stairway to Heaven. O disco casa perfeitamente com a pedalada.

Tá, mas não é isso que faz dele um "tem que ouvir". São as canções geniais e que todo mundo já ouviu pelo menos uma vez na vida. Stairway to Heaven, claro, é o carro-chefe. Se o cara já sentou numa rodinha de violão, ouviu pelo menos a introdução. Eu ouvi milhares de vezes, quando era garoto.

Troquei esse disco por um do Kiss com um vizinho, lá por 1983, 1984. Passei tardes e tardes sentado em frente ao aparelho de som, tocando o comecinho de Stairway to Heaven à exaustão, tentando tirar de ouvido. Era uma época anterior às tablaturas na internet. O resultado é que todo mundo dessa época toca Stairway to Heaven de um jeito diferente. A minha, obviamente, é a mais fiel. Na real, qualquer dia eu ensino o Jimmy Page a tocá-la. Reza a lenda que ele não acerta mais o solo.

Além do hino dos violeiros, o disco tem Rock And Roll, que começa com a bateria mais endemonhada que existe. Uma bateção violenta no chimbal, meio aberto. Coisa de espantar os pais, mesmo. E uma guitarra irada pra caramba. Antes disso, o riff fantástico de Black Dog. Não tem como não se esmerar no air guitar ouvindo essas duas canções.

Mas não é só em escores conhecidos que o disco se sustenta. Going to California, a penúltima faixa, é a música mais bonita do Led, empatada com Tangerine. E depois vem outra grande canção: When the Levee Breaks. Esse é o set do álbum:

  1. Black Dog (Page/Plant/Jones)
  2. Rock and Roll (Page/Plant/Jones/Bonham)
  3. The Battle Of Evermore (Page/Plant)
  4. Stairway to Heaven (Page/Plant)
  5. Misty Mountain Hop (Page/Plant/Jones)
  6. Four Sticks (Page/Plant)
  7. Going To California (Page/Plant)
  8. When The Levee Breaks (Page/Plant/Jones/Bonham/Memphis Minnie)

Uma coisa interessante desse álbum de 1971 (mesmo ano do meu nascimento, por sinal) é que o disco não tem nome. Nos catálogos da Atlantic, as menções são para Quatro Símbolos (a capa mostra quatro ícones meio esotéricos), o Quarto Álbum ou ainda ZoSo (também por causa dos símbolos estranhos).

Para baixar é aquele esquema: tendo um cliente torrent instalado no computador, clique no link abaixo e mande abrir o arquivo.

Led_Zeppelin_IV

[Ouvindo: Misty Mountain Hop - Led Zeppelin - Led Zeppelin IV]

6 de fevereiro de 2008

RSS

rss Por sugestão da Anacris, do Suzanne Valadon, incluí um feed de RSS ao Casa Proença. A coisa funciona assim: você coloca o endereço do feed no seu leitor de RSS e a cada atualização do blog, um aviso aparece na sua tela. Como eu posto muito de vez em quando, o leitor fica poupado de visitas em que não encontra nada de novo para ler. O link tá no pé da página e também na coluna da direita, associado ao ícone do RSS. Valeu, Ana.

[Ouvindo: Pra Dizer Adeus - Titãs - Televisão]

29 de janeiro de 2008

Sunset

Sempre gostei do pôr-do-sol aqui. É clichê, mas uma volta pela Mulholland Drive no fim de tarde relaxa e aguça os sentidos. Faz esquecer a vida suja e doce de todo dia. Cara, tô virando um colecionador de clichês.

Ainda assim, aproveito o restinho de sol no rosto, o vento entrando pela janela aberta do Buick caindo aos pedaços. Fazer o quê. A vida é uma merda para um jornalista cucaracho em LA. Ou, poderia dizer que LA é uma merda. Jornalistas cucarachos são uma merda. A vida é uma merda.

Ainda bem que o pôr-do-sol na Mulholland Drive sempre estará aqui. Quer dizer, não se depender dos catastrofistas tipo Al Gore. Vai que estão certos. Melhor aproveitar agora. Nem que seja respirando esse ar inebriante. Efeito do dióxido de carbono, eu sei. Mas é mais barato que pó.

Aliás, uma carreira agora cairia bem. Mas nunca antes do trabalho. É bom estar esperto. Nunca se sabe o que vem pela frente. Quer dizer, eu até sei, mas melhor curtir o pôr-do-sol. Sei que quando entrar na Beverly Glen eu acordo do sonho e viro o mesmo bicho de sempre. Nojento, ao gosto do freguês.

Impossível não odiar essa cidade. Impossível não amá-la. O pôr-do-sol e junkies vagando nas ruas, as lambidas do pacífico e as lambidas de cachorros doentes. Tudo é LA. Eu sou LA. Sempre fui, desde pequeninho. Só não sabia. Vim descobrir aqui.

Uma última curva e cá estou. O pôr-do-sol, o ocaso, a última luz da minha vida. Taí, clichê atrás de clichê. Ainda bem que não ganho mais a vida vendendo palavras. Até elas se esgotaram. Que se foda. Paro o Buick numa transversal, caminho a até a Sunset e dou meu primeiro oi:

- Hi, gorgeous. Looking for a date?

[Ouvindo: Women - Def Leppard - Hysteria]

28 de janeiro de 2008

Tem que ouvir: A Night At The Opera - Queen

Folder Tenho um amigo, Jeferson, que gosta muito de Queen. Mas, interessante, não foi ele quem me apresentou esse álbum, que considero o melhor da banda. Foi na casa do Carlito, do Bobagêra, que ouvi A Night At The Opera pela primeira vez. Em vinil, num aparelho Samsung ou Aiwa que ele tinha. Levei para casa pra gravar. Em cassete, claro. Ouvi muito essa fita num Corsa 1.4 bordô 94 que a Lu e eu tivemos. Num toca-fitas Bosch Rio de Janeiro com o empurrãozinho de um amplificador/equalizador Tojo GR-100. Coisa bem velha mesmo.

Mas o álbum não envelhece. Pelo menos duas músicas desse disco, todo mundo conhece: Love of My Life e Bohemian Rapsody. Eu gosto muito também de You're My Best Friend. Mas há outras excelentes, só que não tão conhecidas.

O disco é o quarto dos britânicos do Queen e foi lançado em 1975. Foi produzido com muito esmero. Freddie Mercury fez questão de fazer algo até bastante usual hoje em dia, mas que foi considerado uma tremenda veadagem na época: gravar a bateria em um estúdio separado dos demais instrumentos. O set do álbum é:

  1. Death on Two Legs (Dedicated to...) (Freddie Mercury)
  2. Lazing on a Sunday Afternoon (Freddie Mercury)
  3. I'm in Love with My Car (Roger Taylor)
  4. You're My Best Friend (John Deacon)
  5. '39 (Brian May) Sweet Lady (Brian May)
  6. Seaside Rendezvous (Freddie Mercury)
  7. The Prophet's Song (Brian May)
  8. Love of My Life (Freddie Mercury)
  9. Good Company (Brian May)
  10. Bohemian Rhapsody (Freddie Mercury)
  11. God Save the Queen (Ludwig van Beethoven)

Todos os integrantes da banda compuseram para esse disco. Claro que há predominância de Brian May, o guitarrista, e Mercury, vocal e pianista. O que eu acho mais interessante são os toques de música barroca e romântica erudita ao longo do álbum. Como todo bom álbum de banda de rock inglês dos anos 70, tem pelo menos uma faixa que "chama" a outra. Nesse caso, The Prophet's Song é grudada em Love of My Life. A segunda é continuação da primeira.

Se quiser baixar o álbum em MP3, clique no link abaixo. Mas é preciso ter um cliente de torrents para o download funcionar.

A Night At The Opera - Queen

[Ouvindo: Bohemian Rhapsody - Queen - A Night At The Opera]

27 de janeiro de 2008

Quatro anos

Como escrevi alguns posts abaixo, hoje é o aniversário de quatro anos da Casa Proença. Comentando com uns amigos sobre isso, ouvi o seguinte comentário: "Quem tinha blog em 2004 é muito nerd". É verdade. Os blogs se popularizaram e hoje quem tem um já não é nerd ou geek. É normal.

Mas lá em janeiro de 2004, e até antes, na época do Odysseus, ter blog era coisa pra quem era muito viciado em computador. Tá, tudo bem, eu era bem viciadinho. Jogava Flight Simulator direto. Vivia navegando e descobrindo coisas na internet. Hoje, os amigos me contam das novidades da rede. No passado era eu quem apresentava as novidades a eles.

Essa história de blog começou para mim em junho de 2003, quando eu participava de uma lista de discussão de colegas jornalistas chamada "Salinha do CA". A galera da lista resolveu criar um blog coletivo e eu deixei uns poucos posts lá. Achei esse negócio de blog legal e criei um pra mim, o Odysseus, no servidor de blog do meu provedor na época.

Com o Odysseus e mais tarde nessa Casa, fiz o que passei a chamar de "amigos de blog". Georgia, Alicinha, Dellandréa, Stijn, Mauro, gente que nunca tinha visto na vida, mas que eu conversava diariamente, pelos posts e comentários. Alguns deles continuam postando prolificamente. Estrelinhas para Georgia e Dellandréa, principalmente.

Já a Casa Proença teve muitos altos e baixos. Momentos em que priorizei outras coisas, em que deixei os posts pra lá. Semanas e semanas sem dar notícia. Mas quando voltava, vinha pra valer. Um blogueiro bipolar.

O fato é que estou com uma pontinha de orgulho pelos quatro anos da Casa Proença. Não que tenha muitos leitores, visibilidade na net, nos Delicious ou Technoratis da vida, mas porque um cantinho da rede onde venho dizer minhas bobagens durou tanto tempo.

[Ouvindo: Da Ya Think I'm Sexy? - Rod Stewart - The Story So Far: The Very Best of Rod Stewart]

22 de janeiro de 2008

Desconforto

Senti a porta abrir e o ar frio entrar meio sem jeito, pedindo desculpas por atrapalhar. Uma virada na cama, um resmungo e a reclamação: "Fecha isso aí". O leite já tinha estragado e ela nem sabia. Suportar isso toda noite, sem exceção, era como carregar um cavalo nas costas no meio de um lamaçal. É o que dá quando não se pesa as conseqüências, quando a razão escapa rapidinho, no meio da vida da gente. Agora era tarde para voltar atrás e dizer: "Só fico com você se largar essa vida".

O pior é que nem dava pra reclamar. Ela punha o pó na mesa e o uísque no meu copo. Comida quando desse fome, cama quando desse sono. Nos intervalos, pó e uísque, talvez um pouco de tevê. Meu irmão diz que essa é uma vida chata. Nunca gostou de eu ter ido morar com Circe, não admite que o maninho mais novo é o gigolô de uma puta. Mas ele bem que olha pra ela com gosto. Todos olham. Eu nem ligo. É o trabalho dela. Só não agüento quando ela chega no meio da noite, cheirando a sexo, com jeito de cansada, ardida, não dá pra mim. Só de manhã. Mas aí quem não quer sou eu. Se pelo menos eu não me incomodasse com isso, até poderia ir tocando, pó, uísque e tevê, uma punheta de vez em quando.

Até que, na quarta-feira, bem cedo, logo que acordou - ela tem essa mania ridícula de levantar cedo, antes das 11 horas - me disse com um sorriso: "Vou largar a vida". No início achei legal, finalmente teria a Circe pra mim e só pra mim. Mas a ficha caiu meio rápido, tanto que nem deu pra aproveitar o momento: "Porra, quem é que vai trazer grana pra essa casa?". O silêncio. Teria que ser eu. Bem feito. Você namora uma puta, ela te fode. É a lógica do jogo.

"Sem chance". Rompi a quietude do quarto, com um resmungo. Ela não retrucou. Apenas vestiu a calça e os tênis surrados e saiu pra rua: "Vou comprar camisinha". Por mim tudo bem, não quero nem saber. Pó, uísque, tevê, punheta. Deixo a porta do quarto aberta e sonho com os anjos a noite toda. Nada mais me incomoda.

(Publicado pela primeira vez em 23/06/2003 - veja post abaixo)

Aniversário

Dia 27, como já escrevi alguns posts abaixo, o Casa Proença faz aniversário. Quatro anos de blog com esse nome. Desde 2004 tem gente (pouca, mas de altíssimo nível) lendo as bobagens que escrevo.

Para comemorar, dei um jeito - e não foi difícil - de colocar os arquivos antigos do blog, da época em que ele tinha outro leiaute e era feito na mão, em puro html. Claro que os comentários foram apagados pelo Halo Scan, que era o sistema de comentário que eu usava antes de migrar para o Blogger/Blogspot. Os links para os arquivos estão na coluna da direita.

Antes da Casa Proença, houve o Odysseus. Ainda tô matutando quando comecei com esse negócio de blogs, mas não consigo achar nenhum traço do Odysseus no meu computador. Exceto por um continho que publiquei no blog e achei que valia a pena salvar antes do BrTurbo - o Odysseus ficava no The Blog - deletar tudo o que havia lá. É esse texto que republiquei aí em cima. A data é 23 de junho de 2003. Tá bom, vamos considerar essa como sendo a data oficial da minha entrada no universo blogueiro.

[Ouvindo: 2000 Man - Rolling Stones - Their Satanic Majesties Request]