30 de dezembro de 2009

Shopping, shopping, shopping

Nesses dias muito frios, não nos resta alternativa senão nos enfiarmos nas lojas. Ontem fiquei mais de três horas com a Lu na Filene’s Basement. Nada mais justo, já que ela me acompanhou bravamente na busca por uma guitarra. O fato é que comprar é quase um esporte para mim., Gosto mesmo. Mas gosto de comprar com um objetivo. Ficar passeando nas lojas me deixa meio entediado. Mas, eventualmente, acabo achando algo interessante para ver ou fazer.

Ontem enquanto a Lu ia na Old Navy, na 34th Street, perto da Macy’s – que é uma armadilha para turistas – eu fiquei na B&H e comprei uma Canon D10, uma câmera a prova d’água até 10 metros. Presente de Natal dos meus velhos. Finalmente vou poder registrar as velejadas com boas fotos sem me preocupar em estragar o equipamento. Depois de fazer as minhas compras, fui esperar a Lu no Starbucks da Macy’s. E na saída, fiz essa foto, que achei que ficou legal.

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“Believe” é a palavra-tema da Macy’s durante os feriados.

Picolés

Hoje foi o dia mais frio da nossa viagem até agora. Enfrentamos temperaturas de 7 graus negativos, com vento. A sensação térmica quando voltamos para casa era de 19 graus negativos. Sabem o que é isso? Frio, meus caros, muito frio.

Fomos, pai, Nano e eu, na B&H, uma loja de foto e vídeo na 9th Avenue, perto do Hudson. Caraca, o vento que vinha do rio congelava até os ossos. A intenção era comprar uma Canon para o Nano, mas a loja já estava fechada quando chegamos. Ficou para outro dia.

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Termômetro no prédio da CNN mostra sete graus negativos.

Para andar pela cidade, tivemos que nos encasacarmos todos. Da Luciana só se enxergava um pouco de pele. Meu pai enrolou o cachecol no rosto, estilo bandoleiro. O Nano, mais acostumado com o frio, não cometeu exageros. Já a Berna ficou parecendo um saco de dormir que anda. Toda encasacada e com duas toucas.

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Cadê minha mãe? Parece que foi engolida por um saco de dormir.

29 de dezembro de 2009

Positivamente, 4th Street

Bem que eu queria, mas não dá. Não tem como eu passar em dez, vinte, 200 posts, o que é New York City. Não há palavras para descrever a sensação de viver um mês no mesmo bairro onde viveram Norman Mailer e Bob Dylan. Não tem como.

Não dá pra colocar em palavras a cidade natal do Homem Aranha, de Frank Sinatra, de Martin Scorsese e Spike Lee. Não tem como falar o que senti ao entrar no Madison Square Garden, mesmo que por enquanto só para ver o preço dos ingressos e as datas dos jogos.

A cada esquina, a cada monumento, parque ou edifício, me passa pela cabeça os filmes de Woody Allen, as cenas de CSI:NY e Law & Order. É minha primeira vez nessa cidade e ainda assim tudo me é tão familiar.

Estou me sentindo em casa aqui. E cada vez penso mais a sério numa brincadeira que sempre faço quando alguém fala em mudar de Florianópolis: “Daqui só saio para ir morar em New York”. Definitivamente, Gotham me ganhou.

28 de dezembro de 2009

New York fora do esquadro

Hoje fomos ao Harlem e a Morningside Heights, na parte norte de Manhattan. A princípio, fomos para um programa típico de turistas: assistir um culto batista com música gospel, numa igreja tradicional do Harlem. Não rolou porque a fila estava enorme e não havia chance de conseguirmos entrar.

Em vez disso, que ficou para outro dia, saímos passeando pelo bairro. Muito legal, cheio de casas de tijolo marrom, os brownstones, que têm a cara de NYC. Um bairro predominantemente negro e com uma vibe muito legal. Lá, as avenidas têm nome, em vez de números, como é comum em Midtown e Downtown.

Almoçamos num restaurantezinho pequeno, que estava servindo brunch e nos entupimos de omelete e panquecas. Uma coisa bem fora do circuito turístico. Essas passeadas meio sem rumo pela cidade são as minhas preferidas. Ontem, mesmo abaixo de chuva, fiz uma dessas, indo em direção ao Noho atrás de uma loja que vendesse um PS3 por preços atraentes. Não achei.

Depois do almoço, fomos conhecer a Riverside Church e a Cathedral of Saint John The Divine, ambas em Morningside Heights. A Riverside Church fica próxima do Hudson e da tumba-monumento do general Grant, ex-presidente dos EUA. Fomos conhecê-la porque tem o maior carrilhão do mundo. Ele toca às 11 da manhã e às 3 da tarde. Realmente, o som é muito bonito.

Depois disso, mais um rolê: dessa vez, pelo campus da Columbia University. Bonito, também. Foi lá que fiz essa foto da Lu, em frente ao prédio do curso de jornalismo. Devia ter feito uma do prédio da Law School, para vocês verem que não é só por aí que o jornalismo é meio renegado.

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Lu na frente do prédio de jornalismo da Columbia University.

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Esquina da Lenox Av com a 137th Street, no Malcoml X Boulevard.

27 de dezembro de 2009

Agora sim eu vou tocar bem

Meus caros, de hoje em diante, nem preciso tocar bem. Passo a executar minhas canções em uma guitarra Gibson SG Special, ligada a um amplificador Fender Frontman, de 100 watts e dois alto-falantes de 12”. Junte isso a minha pedaleira Behringer X V-Amp e já dá para eu virar um pop star.

Faz muito que quero ter uma boa guitarra e agora tive a oportunidade. Como estava empolgado com o boxing day, numa coisa que os gringos chamam de “shopping spree”, já meti a cara a comprei também o cubo. Que é grande e vai dar trabalho para levar. Mas aí eu conto com a boa vontade dos meus velhos: eles vieram com menos bagagem e vão voltar tranquilos de peso e de cota para compras. Portanto, o Frontman vai na frente, com eles. A minha SG, cor de madeira crua, meio avermelhada, fica comigo. Como uma filha.

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Eu, na Guitar Center da 14th st., experimentando uma Gibson SG.

26 de dezembro de 2009

Brasileiros viram faxineiros em NYC

Normal, né? Brasileiro vem para New York e vira faxineiro. Como o dia não tava legal, previsão de chuva, coisa e tal, e tinha muitas lojas e atrações fechadas, resolvemos colocar as coisas em dia aqui no apartamento.

Pai e eu fomos lavar roupa na lavanderia do prédio. Nano e Lu ficaram limpando o apê. Uma pena que não tenho foto disso, mas a Berna fez um vídeo deles. Deve compor o DVD final da viagem.

Comida multicultural

Hoje, dia de Natal, muita coisa estava fechada na cidade. Resolvemos dar uma passeada por um lado da cidade em que Natal é só um dia como outro qualquer. Descemos a 4th Avenue em direção à Houston Street para achar umas delis e padarias judias que a Luciana leu a respeito.

Lá no Soho encontramos o Katz’s, que dizem ter um bom sanduíche de pastrami. Mas o dia não estava para sanduíche e o Nano e a Lu acabaram comprando döner kebab e falafel. Numa lanchonete turca. Onde inclusive meu irmão fez o pedido em turco e ficou papeando com o cara que preparava os pedidos.

Já, mais tradicionais, meu pai e eu resolvemos comer uma comida mais “normal” que compramos numa deli porto-riquenha: arroz, feijão, galinha ensopada, porco assado e purê de batatas. Voltamos para casa carregados de delícias para almoçar com a Berna. Ela havia ficado porque exagerou na comilança no dia anterior. Também, para quem não come pimenta, encarar comida mexicana no almoço e vietnamita no jantar, é demais.

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Nós, no apartamento, comendo nosso almoço de Natal.

25 de dezembro de 2009

Topo do mundo

Com um título desses, não tem suspense: vou falar do nosso passeio ao Empire State Building. São 102 andares de ferro, tijolos e concreto que marcaram definitivamente a paisagem de Manhattan. Fomos até o mirante do 86º andar, o mais tradicional, e ficamos esperando o entardecer. Foram algumas horas de espera, mas valeu a pena. Seguem as fotos, que nesse caso específico, realmente valem mais que as palavras.

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Meu pai aponta na direção do Financial District, com a Lu olhando.

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O sol se pondo no horizonte, sobre New Jersey.

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Chrysler Building: mais bonito que o Empire State, na minha opinião.

Um templo para a mente

O Herald Tribune descreveu assim a New York Public Library, quando da sua inauguração. E foi com uma reverência digna de templo que fui visitá-la hoje. Entramos, os cinco, pela porta principal, ladeada pelos famosos leões, que o prefeito La Guardia batizou de Paciência e Coragem. Logo na entrada, o hall impressiona. É quase tudo em mármore e de proporções exageradas. A biblioteca é grande, bem grande.

Antes de procurarmos a sala de leitura principal, uma das atrações do prédio, visitamos uma exposição sobre “Cândido, ou o Otimismo”, de Voltaire. Muito legal, inclusive com um manuscrito original da obra.

A sala de leitura principal é um caso a parte: além de clássica, em madeira e piso em granito, é de muito bom gosto. Vale definitivamente o passeio. E, melhor de tudo, é de graça.

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Gostei dessa foto que fiz na sala principal de leitura da NYPL.

24 de dezembro de 2009

Xmas Spectacular

Desde que começamos o planejamento dessas férias, a Lu fala em ver duas coisas em NYC: o balé Quebra Nozes e o Radio City Music Hall Christmas Spectacular. O primeiro, beleza. Mesmo quem não gosta de dança, como eu, curte a música de Pyotr Tchaikovsky na boa. Já o segundo eu imaginei que seria uma tortura.

De manhã, depois de passar na loja de guitarras da 4th Street, rumamos para o guichê da TKTS em South Street Seaport. É o mesmo que tem na Times Square e que todo mundo conhece, só que sem as filas. Coisas de quem planejou bem… Compramos três ingressos: para Lu, Berna e eu. Nano e pai não quiseram ir.

Logo que chegamos no Radio City, uma surpresa: os lugares eram excelentes, na décima-segunda fila, no lado esquerdo. Bem perto do palco. Não tivemos que pegar fila para entrar por conta dos lugares, que eram bem bons mesmo. O foyer também é muito bonito e valeu a pena entrar.

Quando começou o espetáculo, já vi que não era minha praia, mas mesmo assim, bem menos chato do que achei que seria. Quando as Rockettes dançam, é legal no primeiro minuto da coreografia. Os outro seis seguintes ficam chatos. Pelo menos para mim. A Berna e a Lu adoraram, curtiram de montão. Dá pra ver que elas já estavam empolgadas antes do show começar, que foi quando tirei essa foto.

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“Olha só como estamos perto do palco”, diz a Luciana.

Primeiras compras

Não resistimos e hoje fomos às compras. Lu e eu saímos pela manhã para visitar uma loja de guitarras usadas perto do apê. Um seleção de dar gosto. Me agradei de duas, uma Gibson SG preta e uma Fender Stratocaster vermelha, mas ainda vou procurar mais. Quero ver se amanhã dá tempo de passar na Guitar Center, que também é pertinho, na 14th.

Depois de passear um pouco no East Village e de ir ao South Street Seaport, Lu e eu demos uma parada na Strand Bookstore, pertinho de casa, na esquina da Broadway com a 10th. Aí não deu pra agüentar e acabei levando uns livros para casa, um quadrinho do Alan Moore e outro do Frank Miller, além de “O retrato do artista quando jovem”, do Joyce. O excesso de bagagem começa a dar as caras na viagem.

23 de dezembro de 2009

Tutti buona gente do lado de casa

Depois de visitar o museu, decidimos sair para jantar. Meu velho não janta, só toma um café à noite, então ele a minha mãe ficaram no apartamento enquanto Nano, Lu e eu saímos para achar uma comidinha legal pelas redondezas.

Mas peraí: estamos em New York, então em uma única quadra, havia dois restaurante mexicanos, dois italianos, um indiano, um vietnamita, um japonês e um bistrô. Que tal? Fomos num italiano que nos pareceu simpático, comemos uma lasanha bolognese – Lu e eu – e um penne toscana – o Nano. Não foi muito caro, o serviço era bom e o ambiente gostoso.

Ah, um detalhe a mais: não fica nem a 300 metros do apartamento. Na University Place, entre a 12th e a 11th. Chama-se Ossobuco.

Ah, isso me lembra de falar sobre o apê. É num prédio muito legal, de ferro fundido, bem antigo. Era uma fábrica, depois uma loja e foi um dos primeiros na região – Greenwich Village – a ser tranformado em prédio residencial com lofts. Ou seja, um apartamento pequeno, mas com um mezanino e um baita pé-direito. Dá pra ver pelo tamanho das janelas na foto logo abaixo.

O que também dá pra ver legal na foto é a quantidade de neve acumulada nas ruas. Quando chegamos, tive que abrir um caminho na neve, a pisadas de meu botinão de trekking, para poder passar com as malas. Parece que sexta vai chover, aí a neve derrete rapidinho.

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Pai, mãe, Nano e Lu (esq. para dir.) saindo do nosso prédio.

Big bang, dinossauros e neandertais

Hoje o dia foi passado quase todo num único lugar: o American Museum of Natural History. É um baita museu e vamos ter que voltar para terminar de visitar. Nos dedicamos a ver as exposições especiais que estavam rolando por lá. Uma sobre mamíferos, outra sobre sapos e uma terceira sobre borboletas. A dos mamíferos e a dos sapos estavam muito legais.

Só que gastamos praticamente toda a tarde nisso e visitando também o Rose Center, que trata de espaço, da origem do universo e de geologia e geografia. E onde tem um planetário irado! Um programão para um cara que gosta de ciência como eu. O próprio museu – tanto a forma de montar as exibições como o prédio em si – é um grande barato.

Como temos bastante tempo aqui em NYC, vamos voltar para visitar toda a parte dos animais marinhos, dinossauros e tantas outras que passamos só rapidamente.

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Família no planetário: acima, uma representação do planeta Saturno.

21 de dezembro de 2009

Paisagem de filme de Natal

Passear pelo Central Park com os caminhos repletos de neve é lembrar de filmes de Natal. Entrar na Macy’s, ver a árvore do Rockfeller Center… Nossos passeios de hoje foram bem do tipo Natal de cinema.

A Luluca viu neve pela primeira vez. Meu irmão atirou uma bola de neve nela. “Dói”, foi a observação. Claro que a friorenta, única pessoa que usa um casaco de pena de ganso no inverno de Floripa, reclamou da temperatura de um grau negativo que pegamos. Ainda assim achou bonito e curtiu caminhar nas ruas da cidade. Só achou ruim mesmo é andar patinando na neve e no gelo. E nas poças de água formadas pela neve derretendo nas ruas. Mas a temperatura está subindo e talvez amanhã o degelo aconteça mais rápido. Vamos ver.

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Luciana tira as luvas por um momento, para sentir a neve.

Demorou, mas chegamos

Atribulada a nossa vinda para New York. Quem viu jornal entre ontem e hoje, tá sabendo que o Nordeste dos EUA enfrentou uma nevasca como há muito não se via. O aeroporto La Guardia, para onde estava programada a nossa chegada, fechou. Ficamos sabendo disso já no Galeão, no Rio. A Delta trocou a gente para Newark.

Quando chegamos a Atlanta, todos os vôos pra NY estavam cancelados. O primeiro vôo a decolar em para um dos três aeroportos da região foi o nosso. Imaginem só a fila de espera, o desespero das pessoas querendo embarcar.

Pois bem, tínhamos nossos cartões de embarque emitidos no Rio, mas não eram o padrão do aeroporto de Atlanta. Quando fomos para o embarque, a garota nos colocou de lado. E dê-lhe entrar gente no avião. Gente e mais gente. Até que a atendente da Delta disse que Luciana e eu podíamos embarcar. Mas meu pai e minha mãe, ainda não.

Ficamos preocupados. Argumentei com a garota que eles não falam inglês bem, que são idosos, etc. Mas ela só respondeu: “We’ll take care of them”. E mandou que a gente entrasse, sem conversa. Entramos, mas com um pé atrás. A Lu ficava insistindo que eu fosse falar com a atendente. Esperei um pouco, para ver se eles entravam. Nada.

Quando o vôo estava quase cheio, saí atrás dos dois. Ainda estavam lá, colocados de lado pela Delta. E, no avião, os lugares dos dois estavam vazios. Fui lá e falei para o pessoal da Delta. Pareciam baratas tontas. Mas conversa dali, conversa de lá, conseguimos embarcar os quatro. Ufa!

Agora há pouco, meu irmão chegou de Viena, também atrasado e enfrentando ainda as consequências do fechamento dos aeroportos por conta da nevasca. Agora estamos todos juntos na apartamento da Broadway com 11th e amanhã as férias começam para valer.

19 de dezembro de 2009

Um longo dia antes de um longo mês

Hoje começam minhas férias. Não que vá ficar totalmente longe do trabalho – tenho umas análises para fazer, um relatório para montar e um artigo científico para escrever – mas ainda assim, é um período em que poderei descansar e fazer umas das coisas mais legais em que se possa empregar dinheiro: viajar.

Vamos ficar um mês em Nova Iorque. De domingo, 20, até o dia 17 de janeiro. É um bom tempo. E por isso exige um bom tempo de planejamento também. Mas, ainda assim, muita coisa ficou para a última hora. Só hoje consegui comprar uns dólares. Só hoje consegui programar as contas que vão ficar para pagar no período em que estou longe. Só hoje consegui ligar para as administradoras de cartão avisando que não estranhem as movimentações no exterior. E só agora consegui arrumar as malas. Ufa!

Além disso, o dia no trabalho foi muito corrido, com reuniões, debates, repasses de tarefas. Mas está tudo acertado e tudo pronto, ou pelo menos quase. Amanhã pulo cedo para pegar um terno na lavanderia – ou senão os caras vão vender por achar que abandonei-o por lá – comprar umas coisinhas na farmácia, fazer as minhas teimosinhas da loteria e outros pequenos afazeres. E depois, aeroporto!

Aguardem, claro, posts e fotos no blog.

3 de dezembro de 2009

Nada de novos baianos nessa “garoa”

Vejam só as fotos da chuvinha que caiu agora há pouco na terra da garoa. Ontem deu um toró semelhante, mas o de hoje me pegou a caminho do aeroporto de Congonhas. O sempre diligente Toninho teve que dar mil voltas por dentro de Moema para evitar as ruas alagadas.

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2 de dezembro de 2009

18 + 10

Já não é qualquer mulher que me faz virar o pescoço. Sabe, aquela olhadinha? Todo homem faz isso, seu pai faz também, ou fez, pelo menos. Quando se é garoto, basta a mulher não ser um dragão que o cara vira o poescoço para olhar a bunda. É, a bunda. Não viramos o pescoço para apreciar a sedosidade do cabelo, a curva da nuca ou a simetria dos ombros. Olha-se a bunda. E quando se é guri, mesmo que a mulher seja feia, sempre há a esperança de que a bunda compense.

Mas vamos lá: quando Patrícia passou por mim, a caminho de seu lugar na poltrona 18 D, eu vi os rostos dos caras à minha frente virando. Patrícia era alta, de pele clara e cabelos escuros e cacheados. Realmente chamava atença. A boca tinha uma forma que lembrava um coraçãozinho, uma coisa meio de desenho japonês, meio mangá. O nariz era redondinho e delicado, separando simétrica e perfeitamente dois olhos castanhos muito expressivos. Já disse que ela era alta? Bem, era um mulherão.

Vinha pro seu lugar causando torcidas de pescoço. E eu olhei também. Não me contive e olhei. Mas não precisei virar o pescoço. Olhei direto no rosto, nos olhos. Como se, de tudo aquilo que era Patrícia, só me interessasse pelos olhos. E ela olhou de volta, do mesmo jeito. Quando passou pela fila 10, onde eu me sentava, virou o pescoço. E eu virei também, prolongando a encarada. Não lembro quem desviou os olhos primeiro. Eu diria que foi ela. Mas acho que vale perguntar para ela também.

Depois do tempo em São Paulo é bom, com temperatura em torno dos 24 graus, as saídas estão localizadas sobre as asas e nas partes traseira e dianteira da aeronave, ladies and gentleman turn off your cell phones e todos os etecéteras que acompanham o ritual de vôo, dei mais uma olhada para trás. Ela me procurou com os olhos e nos encontramos por segundos, até sermos interrompidos pela aeromoço, lembrando que Patrícia teria que afivelar o cinto.

Não deu um minuto com os sinais de apertar os cintos apagados e levantei. Disposto a conversar com ela, saber seu nome, que como vocês já sabem, eu descobri. Ao me aproximar da fila 18, ela sorriu e fez sinal apontando para trás, para o fundo do avião. Passei direto e ela levantou logo atrás. Me seguiu por todo o corredor, conseguia sentir seus passos, um metro atrás.

Não entendi nada quando ela me empurrou para dentro do banheiro e me beijou, sentando com as pernas abertas e de frente para mim, me obrigando a sentar na privada. Fiquei ainda mais atônito quando o beijo se prolongou para o pescoço e a mão embrenhou-se por dentro da camisa. Acho que o resto não vale a pena descrever. É gráfico demais e pode ter crianças lendo. Mas dá pra dizer o seguinte: seu nome era Patrícia e hoje deita ao meu lado todas as noites.

24 de novembro de 2009

O último visto

Notícia fresquinha dada pela dona Berna agora há pouco: o visto do meu irmão saiu. Ou seja, estamos com tudo acertado pra um Natal em família em Nova Iorque. Quer dizer, ainda tem muito o que planejar e arrumar, mas o essencial tá feito: passagens compradas, apartamento alugado, vistos na mão. O resto é resto. Até dinheiro não é problema: qualquer coisa, taca no cartão e paga na volta, hehehe.

21 de novembro de 2009

Viagem: planejando os gastos

OK, vamos abrir o jogo: para planejar uma viagem, você tem que dedicar um bom tempo antes da partida. É preciso montar um roteiro, decidir o que você quer fazer no seu destino, quando vai e levantar informações a respeito.

Dessa vez, temos cinco (ou seriam seis?) guias de Nova Iorque aqui em casa. Já lemos alguns, Lu e eu, e devemos ter todos os pontos de interesse mapeados em breve. Com isso em mãos, você vai para a internet descobrir quanto custa cada passeio. Nesse ponto, não dá pra tomar atalhos, tem que anotar tudo. Se você pensar “Ah, são só cinco dólares”, seu planejamento vai para as cucuias. Cinco dólares ali, cinco lá, logo viram 100 dólares. E 100 dólares são quase 180 pilas. Você sente falta de 180 pilas na carteira, não sente?

O próximo passo, agora que você já sabe o que quer fazer e quanto custa cada uma dessas coisas, é colocar tudo numa planilha. Eu uso o Excel mesmo, mas dá pra usar organizadores financeiros, uma folha de papel e até mesmo um guardanapo e um lápis dão conta do recado. Eu divido minha planilha em grupos de despesas: transporte da viagem em si, alimentação, passeios, estada, transporte local e compras.

Prefiro fazer assim porque há despesas de tipo diferente. Ao definir um valor para alimentação, por exemplo, você vai multiplicar pelo número de dias da viagem e também pela quantidade de pessoas. Já compras, é um item que não exige multiplicação alguma: definiu que vai comprar um Playstation e que custa 400 dólares, tasca lá e pronto.

O transporte local também é fácil de planejar. No caso de NYC, basta entrar no site da MTA NYC Transit e pegar os valores de metrô, ônibus e trem. Calcule um valor para táxis, que você usa no caso de necessidade e tá feito o seu planejamento de transporte.

Os passeios podem tomar mais tempo. Um show, um concerto, um jogo da NBA, tudo isso pode ser precificado, mas você vai ter que pesquisar bastante. E em alguns casos, para garantir o preço, comprar adiantado. Museus, exposições, parques e atividades afins também devem estar na planilha.

A estada é um componente dos mais importantes. Dessa vez, em NYC, já vamos sair daqui com a estada praticamente paga, porque estamos alugando apartamento em Manhattan por um mês. Mas isso terá que fazer parte da planilha.

Com os valores todos planilhados, vai chegar a hora de decidir quanto levar em dólares, quanto e o que você vai pagar no cartão e quanto levar em travellers checks. Quando fomos à China e Europa, no ano passado, a composição era mais complicada, porque tivemos que decidir quanto levar em euros, quanto em dólares e quanto em travellers de cada moeda. Deu perfeitamente. Aliás, sobraram alguns euros que vou converter em dólar agora para levar nas férias deste ano.

19 de novembro de 2009

Tudo azul

Ufa, foi tudo bem com a cirurgia da Berna. Aguardamos a biópsia para ter certeza, mas a médica crê que fosse benigno. Ela tá se recuperando bem. Valeu pelo povo que perguntou por ela e que desejou que tudo desse certo. E deu mesmo. Brigado!

17 de novembro de 2009

Preocupado

Eu sei que ficar preocupado não adianta nada. Ou se faz algo, ou se tira o que preocupa da cabeça. Mas não consigo evitar.

Minha mãe faz uma cirugia hoje. Coisa simples, cisto no ovário, coisa que a cirurgiã dela faz com uma mão nas costas. Mas ainda assim, me preocupo. Muito mais por estar a centenas de quilômetros de distância dela do que qualquer coisa.

Estou passando boa parte da semana em Brasília, a trabalho, e justo no dia em que ela vai ser operada, estou longe. Ainda bem que meu pai e a Lu estão por perto para atender a dona Berna. Me vendo nessa situação, entendo melhor a posição do meu irmão, que deve se mudar de Viena para vir morar mais perto dos nossos pais.

15 de novembro de 2009

Tá ficando com jeito de carro

Ontem estive na Armação dando uma olhada no andamento da restauração do Puma. O chassi e assoalho ficaram muito bons. O carro parece novo. Ainda sem a carroceria em cima, ficou parecendo um carro que tá saindo da linha de montagem agora.

Ainda vai um bom tempo e vai ser complicado me ausentar por um mês, justo na fase mais final do processo. Mas vou confiar no Fausto e no Felipe e seu trabalho. Até agora, não têm me decepcionado em termos de qualidade.

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13 de novembro de 2009

Fazendo os planos

Hoje paguei metade do aluguel do apartamento em que vamos ficar em New York de 20 de dezembro a 17 de janeiro. Foi uma graninha, mas certamente vai ser bem mais em conta do que ficar em hotel. Até porque não vamos só nos dois. Meus pais vão conosco daqui do Brasil – apenas voltam um pouco antes – e meu irmão vem da Áustria para nos encontrar. Será, portanto, um Natal e um Ano Novo em família, só que num lugar diferente.

A partir desse final de semana é que a Lu e eu vamos nos dedicar mais aos planos da viagem. E quando digo dedicar, não estou brincando. Quando viajamos, programamos tudo com antecedência, calculamos cada despesa e fazemos as reservas financeiras direitinho. Tanto que em 2008, depois de passar 32 dias pela China e Europa, voltamos para casa com dinheiro. Que nem trocamos e vamos usar nessa viagem agora. Planejamento pode não ser tudo, mas é muito.

20 de outubro de 2009

Adeus

Ontem fez 13 anos do falecimento da minha avó materna. E apenas cinco dias do falecimento do meu sogro. Sofri muito com os dois. Claro que a partida do meu sogro, que era como um pai para mim, dói mais agora, por ser tão recente. Mas sinto falta de ambos.

Eu não sou uma pessoa espiritualizada. Não creio em Deus, em vida após a morte, em redenção eterna, em reencarnação. Para mim, a vida é matéria. E um dia o corpo falha e a gente se vai. Pra sempre, pra não mais voltar.

Apesar do meu ceticismo, também não acredito que a vida da gente se vai pra sempre. Quem tem filhos e netos, como o seu Carvalho e a Vó Maria, deixa um pouco da herança genética, de suas características físicas e de personalidade.

Mas, mais importante, quem teve uma convivência boa com seus amigos e família, deixa lembranças. Boas lembranças. E essas vão durar por algumas gerações. Minha mãe e meu tio lembram de muitas coisas de minha avó. Minhas primas, meu irmão e eu também. Só aí vão duas gerações de lembranças. As memórias do seu Carvalho ainda estão muito vivas. Lembrar dele ainda dói. Mas é a melhor coisa que ele deixa para nós. E é o que eu quero deixar quando me for. Me esforço para isso.

8 de outubro de 2009

No fundo, no fundo…

Desde março deste ano o Puma está em processo de restauração com o Fausto, um pumeiro aqui de Floripa. Ele e o filho, Felipe, estão trabalhando no meu tubarão e uma série de coisinhas surgiram nesse meio tempo. A última é um problema com o fundo, ou assoalho, do carro.

Comprei um assoalho – o par, na verdade, já que é uma peça para o lado do motorista e outra para o carona – de Brasília logo que o carro foi para a oficina do restaurador, que é na casa dele, na Armação, Sul da Ilha. O problema é que faz umas duas semanas ele começou a montar o chassi e notou que o assoalho não servia.

O resumo é que o Puma Tubarão, modelo do meu, usa o assoalho do VW Karmann-Ghia, diferente dos pumas mais novos, que usam o de Brasília cortado. Aí ferrou. Quem diz que eu acho um assoalho de Karmann-Ghia para vender. Procurei por tudo, mas nada de aparecer um original.

Até que o Fausto cruzou com um anúncio de um cara em São Paulo que fez um assoalho para Karmann-Ghia artesanalmente, em chapa de aço preta. Entramos em contato, chegamos a negociar preço e tal, mas depois de ele mandar as fotos do assoalho e eu avaliar, vi que tinha algumas grandes diferenças em relação ao original. Podia complicar para obter placa preta, o “atestado” de originalidade de qualquer carro antigo.

Falei com Fausto e decidi mudar o plano. Vamos tentar recuperar o assoalho original, aproveitando pedaços do assoalho de Brasília novo que eu já tenho. Sábado vou lá na Armação com medidas e planos para acertarmos os detalhes.

Agora, que a fibra está praticamente pronta, começam a pintar esses detalhes complicados. A borracha que não serve, a dobradiça que não está na medida, os parafusos que não batem com a especificação. E por aí vai. Me dói a cabeça só em pensar em fazer um inventário de todos os parafusos para comprar. Claro que vou trocar todos eles. O trabalho para levantar um por um é hercúleo. Mas só assim para o carro ficar novo como eu quero.

28 de julho de 2009

.38

Dizem que 38 não é uma idade, mas um calibre. Lageanos já têm fama de violentos e fãs de revólveres. Bem, quem me conhece sabe que esse lageano aqui é diferente. Eu arriscaria até dizer que sou esquisito. Fica pro julgamento de vocês.

Não podia deixar de postar hoje. O blog tá xoxo, paradão, ridiculamente abandonado. Mas ainda assim, tenho muito para contar. Sobre os planos de viagem para o fim do ano, sobre o andamento da restauração do Puma, sobre uma promoção e sobre meu desempenho nos campeonatos de sinuca e squash que disputei.

Poderia contar sobre isso, mas não vou. Melhor falar de algo diferente, esquisito. Sobre um garoto gordinho, que tinha dores de ouvido horríveis e uma tremenda prisão de ventre quando era pequeno. Sobre um garoto que logrou a própria avó quando a mãe pediu para ele levar empadas para ela. Sobre como essa criança de quatro ou cinco anos adorava sentar-se num banco de madeira ao lado do fogão à lenha e comer batatas fritas com chá de casca de laranja. Sobre como teve por um dia um gatinho filhote, que sumiu de maneira inexplicável.

Sobre como o garoto que tanto brincou com o gatinho também torturou um coelhinho branco que ganhou de páscoa. Daria para contar como esse garoto festejou, aos cinco anos, pulando na cama de seus avós maternos a chegada de um outro filhotinho, seu irmão mais novo e amigo para toda a vida.

De como esse garotinho chorou quando o fusca de seus pais derrapou numa curva e ameaçou cair num lago. Como, mais velho um pouco, se assustou ao ver estourar o pneu do TL que ia à frente da Brasília de seu pai e como ficou tranquilo quando pararam todos bem no acostamento.

Na puberdade, o menino gordinho ficou magro, muito magro. Implicavam com ele, zoavam com ele, meio nerd, meio CDF. Aos quinze, surpreendeu-se quando garotas começaram a notá-lo e lembra bem de como aproveitou o verão de 1986. De como sua mãe ameaçou desmaiar ao vê-lo pela primeira vez abraçado com uma namoradinha – Shirley, filha do delegado. De como saía a noite sem hora para voltar, bebia e fumava e fazia todas essas besteiras que os jovens fazem.

E de como quando veio morar em Florianópolis, conheceu uma menina que ele quis mais do que abraçar. Uma tal Luciana, que mudou o rumo da vida do jovem magrelo, narigudo e orelhudo que fazia engenharia elétrica e apresentava um programa de rock na rádio pirata da UFSC. De como ficaram juntos pela primeira vez numa festa no clube Penhasco. Um visual digno do romance dos dois.

Daria para contar como ele mudou a carreira acadêmica, meteu-se nas letras e não se reergueu mais até hoje. Depois, deu mais uma guinada e foi mexer com informação e estratégia, gestão e liderança. E promete que não pára por aí. Aliás, promete que não pára nunca. Que se for preciso, lhe parem. Porque aos 38 tem energia de 25, não pára de ler, de fazer planos e de sorrir. E quer continuar sendo assim, pra sempre.

Daria para contar tudo isso, mas que sentido há em escrever uma história que não tem fim? Um texto que termina em reticências, reticentemente? Não. Melhor deixar não dito e seguir a vida. O texto acaba. A vida? Sabe-se lá quando…

3 de julho de 2009

Meme Wanna Be

Cris-Cris me convocou e não afrouxei: respondo ao meme dizendo cinco coisas que não sou, gostaria de ser mas arrisco. Aliás, arrisco dizer que há algum problema na construção dessa frase. Mas, vocês entenderam mais ou menos o que quero dizer, né?

  • Piloto de avião – Sonho de adolescência e que até hoje não realizei. É caro, exige tempo e foco que hoje já não consigo dar. Certamente não será minha carreira, mas poderia ser um (mais um!) hobby interessante. Está nos planos, mas não para o curto prazo. Dá pra dizer que arrisco porque piloto aviões simulados há muito tempo no Microsoft Flight Simulator. E não me saio muito mal, não.
  • Multitarefa – Complicado fazer duas ou três coisas ao mesmo tempo, mas eu tento. Certamente, essa habilidade ajudaria no meu trabalho. Vez por outra eu falo ao telefone com alguém ao mesmo tempo que escrevo sobre algo totalmente diferente. Tenho treinado, mas ainda preciso desenvolver beeeem mais essa capacidade.
  • Modesto – Tá bom, é oficial: eu me acho. Eu sei disso. Sempre intervenho nas conversas com alguma informação extra, uma coisa que eu acho que só eu sei. Tenho quase certeza (tudo bem, tenho certeza, mas não espalhem) que isso incomoda muitos amigos. A Lu me chama de “pedante, pedantíssimo”, numa alusão a um maestro catarinense. Internal joke. Mas estou ciente dessa falha de personalidade e tenho tentado refrear.
  • Pontual – Tenho melhorado nesse aspecto quando se trata de questões de trabalho. Mas no final de semana, quando marco de jantar com amigos, de ir numa festa ou algo assim, continuo sendo o “senhor atrasado”. E olha que eu gosto muito de relógios.
  • Poliglota – Dá pra dizer que inglês eu domino (voltando ao item três, por favor!) e que espanhol dá pra enrolar bem – tirei o DELE (Diploma de Espanhol como Língua Estrangeira) no ano passado. Mas no resto… Caramba! Francês é uma palavra ou outra. Alemão, bah! Meu irmão, que mora há 10 anos na Áustria, diz que eu entendo copy-deutsch. Ou seja: um alemão falsificado na China.

Para continuar o meme, indico Geisi, Carol, Marcelo, Magoo e Aline.

20 de junho de 2009

Noite em claro

Não comentei aqui, mas meu velho estava há quase dois meses para fazer uma cirurgia. A famílía toda preocupada, coisa e tal. Ontem ele operou, às 8h30min, no Imperial Hospital de Caridade, em Floripa. Hoje estou acompanhando ele no hospital. Devo passar a noite em claro.

A cirurgia foi tranquila, de acordo com o médico. Aparentemente o problema, um adenocarcinoma na próstata, foi resolvido, e a recuperação já começou bem. O seu João está bem disposto, corado e tranquilo. O quarto no Caridade é bom, grande, com excelentes instalações. Tem até um pacotinho básico da Net.

14 de maio de 2009

Talento para cozinha

Minha mãe encontrou uma preciosidade no meio das receitas dela. Um prato criado pelo meu pai, meu irmão e eu. Chama-se excabexeiro. Vou confessar que, apesar da minha boa memória de longo termo, não recordo se o sabor é bom ou não. Transcrevo a receita e deixo a conclusão para vocês.

Excabexeiro

Ingredientes:

  • Ovos
  • Pão ralado
  • Banana moida
  • Catchup
  • Maçã ralada

Bata os ovos e depois rale o pão e a maçã esmague a banana (tudo junto menos os ovos) e bote o catchup e depois junte tudo mecha (sic) bem e frite em fogo baixo por 7 minutos e enfeite o prato com pedaços de maçã e pronto.

O papel com a receita, amarelado pelo tempo, foi datilografado numa Olivetti Letera 32, mexicana, verde-clara, que meus pais têm até hoje. Eu tinha 12 anos quando transcrevi a gororoba que fazíamos nos finais de semana à noite. Giuliano tinha 7 anos. Meu velho, que está aqui ao meu lado, acrescentou: “Algumas vezes, vocês ainda faziam eu colocar umas colheradas de Nescau”. Para completar, minha mãe dá um depoimento: “Eu comia e ainda tinha de dizer que era bom”.

11 de maio de 2009

Nunca vi a Lua com esses olhos

O presente meu e da Lu para meu pai no Natal passado foi um telescópio astronômico que comprei em Beijing. Mas o seu João só foi por as mãos no presente recentemente, quando as compras vieram da China pelas mãos do meu cunhado que morava lá, no mês passado.

Porém, só hoje é que conseguimos descobrir direito como funciona o equipamento. Olhamos a Lua. Impressionante olhar bem de perto uma bela lua cheia. As crateras, todas bem visíveis, as manchas na superfície do satélite. Muito legal.

O plano para amanhã à noite é procurar um lugar escuro e tranquilo para montar o telescópio e olhar as estrelas. Com a menor lente – que amplia menos – a Lua enche o visor do telescópio. Com a maior ampliação, se vê apenas uma cratera, das menores. É muito legal mesmo. Só tenho um arrependimento: não ter trazido um desses para mim.

10 de maio de 2009

Flagrante no Google Maps

O Rafa, sobrinho da Lu, me deu a letra hoje: na foto que mostra a casa do meu cunhado Bebeto, em São José, aparece um carrinho branco estacionado próximo às árvores. Meu Puma está no Google Maps!


Exibir mapa ampliado

4 de maio de 2009

A culpa é da Matrix

Nem havia me dado conta que não funcionaria, mas a imagem abaixo que não carregou é culpa da Matrix. Faz mais de uma semana que meu e-mail pessoal está sem funcionar e com as mensagens voltando. O servidor de armazenamento, onde a Lu e eu guardamos alguns arquivos que precisamos pegar à distância, também tá fora. Lá ficam as imagens do blog, bem como os arquivos antigos. Os caras não resolvem e também não explicam muita coisa. Em suma, se os caras não resolverem essa engronha amanhã, bye-bye Matrix.

Indo onde Gostosa alguma jamais esteve

Faz um tempo eu escrevi aqui que um dos meus planos para o Gostosa era dar uma esticada até Governador Celso Ramos. Fiz isso ontem, com o amigo Carlito. Foi uma velejada de sete horas. Saímos às 11 horas da marina e voltamos em cima da hora de fechar, às 17h55min. Só uma parada: já perto do continente, para almoçar, por meia hora. Foi uma velejada gostosa, digna do nome do barco, sem ventos muito fortes e com o mar bem tranquilo, mesmo na boca Norte da baía. A imagem do trajeto, plotada no GPS e transferida para o Google Earth está aí embaixo (ainda estou tentando descobrir um jeito de colocar esses dados do GPS no Google Maps).

velejada

Update: O proeiro/timoneiro Carlito Costa conseguiu (ele me explica outra hora como fez) colocar o mapa da velejada no Google Maps. Taí o percurso, agora mais interativo.


Visualizar Velejada de domingo 3/05/09 em um mapa maior

18 de abril de 2009

Descompressão

Estranho vir a São Paulo para tirar o estresse do corpo, mas foi precisamente isso que a Lu e eu fizemos neste final de semana. Vamos fazer nosso visto para viajar aos EUA na segunda-feira, dia 20 e aproveitamos para fazer outras coisas na "cidade grande". Principalmente compras. O que sempre ajuda a aliviar o estresse de um consumista como eu. Posted from moBlog – mobile blogging tool for Windows Mobile

7 de abril de 2009

Aula de Orkut

Dia desses, a Lu chegou pra mim e falou que precisava de “umas aulas de Orkut”. Antes que vocês sacaneiem o amor da minha vida, explico: a Lu é neófita para essas questões de internet em que ela não vê utilidade. Não tem blog, Twitter, perfil no Orkut, MySpace, Facebook, só usa um único e-mail pessoal, não é fã do Google Maps. Por aí vocês tiram.

Pois é, agora ela tá querendo aprender um pouco sobre isso. Usar no trabalho, como ferramenta de relacionamento com os públicos de comunicação que ela precisa alcançar. E nesse quesito, o Orkut é poderosão aqui no Brasil. Me serviu muito para auxiliar na reforma do Gostosa. Peguei muitas especificações e dicas de peças na comunidade de Day Sailer do Orkut. No início da restauração do Puma, também ajudou. Inclusive, ajudou a encontrar o meu tubarão branco 76. Acabei comprando o Puma pelo Webmotors, mas me ofereceram diversos carros pela comunidade e nos scraps.

Mas o mais louco é que a Michelle, uma amiga nossa que faz aniversário agora no dia 25 de abril, está montando a festa dela por meio de uma comunidade no Orkut. Diz ela que quem não estiver inscrito na comunidade não será convidado para a festa. Mas espero que ela não cumpra a promessa. Se barrar os “sem Orkut”, vou ter que ir sozinho.

[Ouvindo: É Preciso Saber Viver - Roberto Carlos - Despedida]

6 de abril de 2009

Puma em restauração

Comentei aqui que o meu Puma está em processo de restauração. Tenho feito diversas viagens para a praia da Armação, onde fica a oficina do restaurador. Na última ida, para levar a luz de placa, um jogo de borrachas e dois galões de thinner, tirei essa foto. Sem as portas e completamente pelado por dentro. Os bancos estão no estofador – valeu, Rafa! – e muitas das outras peças estão aqui comigo, para limpeza, cromagem e restauro. É apenas o início do processo. Tem muita coisa pra frente.

IMAG0296

[Ouvindo: Creep - Radiohead - Pablo Honey]

3 de abril de 2009

Ainda não entendi o twitter

Entrei no twitter esta semana. Ainda não peguei bem o espírito da coisa. Ficar postando informações sobre o que eu estou fazendo, o que eu li no momento ou onde estou me parecem meio bobas. O que notei é que o povo usa bastante para chamar para seus próprios blogs. Experimentei fazer isso também, mas ainda não vi resultado em termos de acesso. O Google Analytics continua mostrando a média tradicional da Casa Proença, sempre na casa dos 25 a 30 visitantes diários.

Mesmo assim, meio perdido com o uso desse negócio, estreei o twitter com gosto: baixei um aplicativo para meu smartphone, um HTC Touch rodando Windows Mobile 6. Chama-se Twobile e é gratuito. Funciona bem. Também adicionei no meu notebook um gadget do Vista que lê e twitta direto da área de trabalho, chamado Twitter Gadget. Esse, às vezes, perde a conexão. Mas tem visual legal e ocupa pouco espaço na barra lateral do Windows.

[Ouvindo: C'mon And Love Me - Kiss - The Very Best Of Kiss]

2 de abril de 2009

“Escolhe eu”

Quando eu era guri, sempre ficava por último – ou era um dos últimos – a ser escolhido para jogar bola. Nunca fui bom em futebol. Lembrei disso porque “Pick Me” é o mote da campanha da Reebok para o fantasy game da NFL que eles patrocinam. Veja o vídeo e diga se não é maneiro. Coisa de quem curte footbal, e não futebol.



[Ouvindo: Battle for Britain - David Bowie - Earthling]

29 de março de 2009

Mais blogs na lista

Desde a semana retrasada, estou postando também (também como, se não posto nem aqui direito?) num blog colaborativo chamado De Cabeceira. É um blog sobre livros escrito por muita gente boa, meus amigos do trabalho. Coloquei o link aí do lado. Por enquanto os dois únicos posts, embora sem assinatura (o Tossulino está trabalhando nisso), são meus.

Mas tem mais blogs novos na lista à direita da tela: Infinitomaizum, do Robson; The Lady Bug Blog, da Fefa; Coisas da Deda, da Andréia; Insert Code, do Xande, e Na Era da Informação, da Paula.

Dei até uma chance para o Alemão e coloquei o link do Nove um cinco dois setenta meia dois. Muito embora ele não tenha passado do primeiro post. Quem sabe com esse voto de confiança o cara vira 2.0 de vez.

[Ouvindo: New York - U2 - All That You Can't Leave Behind]

16 de março de 2009

Batizado incomum

Neste final de semana passado, Luciana e eu batizamos o nosso sobrinho Klaus. Ele é filho da Idiacuí, que eu considero como minha irmã. O pequeno, portanto, é meu sobrinho. Além de nós dois, meus pais também apadrinharam o garoto.

Estou longe de ser uma pessoa religiosa, portanto a Idi e o marido, Adilson, sabiam que o batizado com padrinhos como a Lu e eu não seria religioso. Ainda assim, preparei um ritual não religioso para marcar a ocasião. A Lu pesquisou na internet algumas alternativas de ritos de batismo feitos em casa e achou alguma coisa. Eu busquei mais algumas informações e montamos uma coisa legal.

Começamos preparando cinco velas coloridas para representar o que desejávamos para o Klaus. Enquanto a carne assava na churrasqueira dos meus velhos, na casa deles em Balneário Gaivota, fizemos a cerimônia.

Comecei falando um pouco sobre os batismos, a origem da palavra - grega, que significa imergir - e que deu origem ao antigo batismo cristão, de mergulhar as pessoas na água. Falei um pouco sobre o batismo hindu, que escreve "om", a sílaba da criação, na língua da criança com mel. Sobre como raspam os cabelos no ritual muçulmano e doam o peso em prata para os pobres. Sobre o bris e a mutilação do prepúcio entre os judeus homens. Mas usei esse discurso para dizer que começávamos a vida espiritual do Klaus dando a ele um presente que é um preceito comum a praticamente todas as religiões: o livre arbítrio.

Falei algo mais ou menos assim:

Pela crença judaico-cristã, que é a crença da maioria de nós aqui, Deus deu aos homens a faculdade de fazerem suas escolhas. No Budismo, a crença da avó materna e também madrinha do pequeno e de um de seus tios, esse livre arbítrio está representado pelas nossas ações, nosso Karma. Seguir ou não o Dharma, os ensinamentos de Buda, é prerrogativa de qualquer um. Todos nascem com a capacidade de se tornarem iluminados.

Ao fazermos uma cerimônia não religiosa para o Klaus, já damos um belo sinal, dizendo que não há uma “religião correta”. Uma verdade absoluta e inquestionável para todos. Mas que a resposta está em cada um de nós. E esse nosso pequerrucho, no momento, está mais preocupado com dormir, comer e ficar com as fraldas limpas. Não em que religião seguir. Essa decisão, fica para mais tarde.

Mas não é por isso que o Klaus vai crescer sem valores. Muito pelo contrário. Todas as pessoas aqui se preocupam com os valores que ele terá. Queremos que esse bebê fofinho se torne um homem honesto, respeitoso, esperançoso, educado, inteligente, trabalhador.

Embora os padrinhos sejam a Lu e eu, o João e a Berna, somos todos responsáveis por ensinar ao Klaus as escolhas que ele terá pela frente. E até ele ter idade suficiente para as próprias escolhas, fazer com que siga os valores que farão dele um homem exemplar.

Já que falamos em religião e espiritualidade, isso é algo que desejamos para nosso afilhadinho. A espiritualidade está representada pela cor violeta, por isso a Luciana vai acender essa vela violeta, que a irmã dele, a Manuela, vai levar para a Berna. Além da espiritualidade, o violeta está associado à sabedoria e a criatividade.

Já o azul é a cor da ciência e do conhecimento. Essa é uma coisa muito importante: desejamos que o Klaus seja estudioso, inteligente, tenha conhecimento para ser uma pessoa bem sucedida e feliz. Isso está representado nessa vela azul, que a Manu vai levar para o João.

O verde é a cor da esperança. Sabemos que o Klaus vai crescer num mundo diferente do que crescemos. E que a esperança é um componente forte para viver nesse novo mundo. Há muita tristeza e sofrimento e é preciso ser forte e poder contar com o apoio da família e dos amigos para reforçar nossa esperança. Por isso, o verde dessa vela, que a Manu entrega para mim.

O amarelo é a cor que representa a felicidade e o otimismo. Na sua cabecinha de nenê, ele é só felicidade e otimismo. É só ver o sorriso fofo nessa carinha gorducha. Mas quando ficar mais velho, com responsabilidades, o Klaus vai ter que ser otimista para enfrentar as dificuldades. E é por isso que a gente trouxe essa vela que fica acesa com a Luciana.

Por fim, a vela de cor mais importante. Vermelho é a cor do amor e da energia. Todos que estão aqui amam muito o Klaus. E querem dar a ele muita energia para a longa vida que queremos que ele tenha. Amor é essencial na vida de qualquer um. Por isso, a vela vermelha, para lembrarmos que temos que dar muito amor para o pequeno Klaus. Essa vela fica com a Idiacuí e o Adilson, que amor de mãe e de pai é o mais importante que há.

Agora, que nós estamos já iluminados pelo amor, pela energia, pela felicidade, pelo otimismo, pela esperança, pelo conhecimento, sabedoria e espiritualidade, a Manu vai recolher o cartãozinho que cada um de vocês recebeu. Cada um deles tem uma coisa que vocês desejaram ao Klaus. Deve ter escrito por aí saúde, dinheiro, felicidade, sucesso, amor. A Lu vai fazer um álbum com as fotos do batizado e colar esses cartões para que o Klaus tenha sempre com ele os desejos dessas pessoas que estavam aqui nesse dia especial, os desejos nossos para o Klaus, de que ele seja o melhor que ele pode ser. Uma salva de palmas para o nosso pequenino batizado.

Depois fomos todos comer churrasco e tirar fotos com o pequenino. Outro dia eu posto o link para as fotos. É que ainda não deu tempo de baixar as imagens para o computador e selecioná-las.

[Ouvindo: Girls Just Want To Have Fun - Cyndi Lauper - The Essential Cyndi Lauper]

8 de março de 2009

Decepção total

Depois de contar os dias para a estréia de Watchmen nos cinemas, veio o desapontamento. Zack Snyder fez caca com um dos argumentos mais legais de todos os tempos. Assisti sexta com a Lu e voltamos decepcionados. Ela nem tanto, mas eu muito. Desde que li Watchmen - em 12 episódios emprestados do Pedro Valente ou do Giuliano Ventura, não lembro bem - que imagino como ficaria essa maravilha dos quadrinhos no cinema.

Anos mais tarde, quando comprei uma bela edição importada - Absolute Watchmen - li pensando em como o texto se sairia bem nas telas. Imaginei uma série de tevê, em película e muito bem realizada. Quando soube que Snyder estava cozinhando um filme baseado nos quadrinhos, me empolguei. O cara já tinha mostrado seu valor em adaptar a graphic novel de Frank Miller sobre a Batalha de Termópilas, 300 (em português, 300 de Esparta). O resultado de 300 ficou excelente e botei fé em Watchmen.

Tanto que fui assistir na estréia. Cinema não muito cheio, um monte de nerds e geeks na sessão e muita empolgação de minha parte. Ruim o filme não é. Tem uma boa trilha, é bem fotografado, os efeitos fazem jus aos desenhos de Dave Gibbons, a Silk Spectre é um arraso de mulher... Mas nada chega ao pé dos quadrinhos. Exceto pela beleza da atriz que faz a Silk Spectre.

Mas os demais atores são fracos. Ozymandias é fraquíssimo. Trata-se de um cara importante pra caramba na história e o papel não coube no ator. O melhrozinho é o cara que interpreta Rorschach. Enfim, se você não for fã dos quadrinhos de Moore, não vale a pena ver. Por outro lado, se nunca leu Watchmen, talvez goste do filme. As expectativas não estarão tão altas quanto estavam as minhas.

5 de março de 2009

Finalmente

Ontem o meu Puma foi para a restauração, finalmente. Depois de duas tentativas - uma antes de viajar para a China e outra logo na volta - consegui iniciar o processo de recuperação do carrinho. Em junho de 2008, procurei o João do Puma para tentar deixar o carro com ele enquanto eu viajava. Ele não tinha espaço na oficina para o meu carro e tive que trazê-lo de volta para a garagem. Na segunda visita ao João, em agosto, fiquei sabendo que ele havia sofrido um infarto e parara de trabalhar com a restauração dos puminhas.

Desde então, venho procurando um novo restaurador. Em meados de fevereiro, encontrei o Fausto, pumeiro que já restaurou alguns carros em sua oficina na Praia da Armação. Estive lá e gostei da oficina do cara. Parece fazer um bom trabalho. Bem, de qualquer forma não tenho muita alternativa. E além disso, ele veio indicado pelo próprio João do Puma.

Ontem ele e o filho, Felipe, estiveram no meu trabalho pegando o Puma. Levaram para a oficina e já iam começar o trabalho de desmontagem. Vou mexer com tudo, desta vez. Agora, só ligo o motor de novo e sento ao volante do carro com ele totalmente restaurado. Coisa que deve levar pelo menos quatro meses. Se ficar pronto mais ou menos na época do meu aniversário, será um belo presente.

Estagiários felizes

A minha empresa começou nesta semana um programa de estágio. O pessoal de marketing e RH veio com umas idéias bem legais. Fizeram um site divertido e um videozinho. Quem quiser dar uma olhada, acesse www.estagiosemsofrimento.com.br.

4 de março de 2009

Desisti

Não deu. Tá muito caro e me falta companhia para ir ao show do Deep Purple, amanhã, aqui em Floripa. Outra coisa que me desanimou um pouco foi saber que venderam mais ingressos do que estavam esperando. Muvuca não é comigo. Uma pena. Provavelmente a chance que eu tive de ver o Deep Purple passou - ou passará amanhã.

Não que eu seja um fã ardoroso dos caras. Gosto. Especialmente deste disco que estou ouvindo agora - Machine Head - que considero um dos melhores de rock de todos os tempos. Ainda assim, fico meio desanimado de não ir ao show. Paciência. Outros virão.

[Ouvindo: Highway Star - Deep Purple - Machine Head]

10 de fevereiro de 2009

A-E-I-O-U

Estou num treinamento de desenvolvimento de líderes a semana toda em São Paulo. Cheguei no domingo e só volto na sexta pra casa. Mas não é exatamente sobre o programa que quero falar. É sobre o que aconteceu hoje à noite.

Lá pelas cinco e meia da tarde, começou, dentro do evento, um show de palhaços chamado "Jogando no Quintal". Uns caras que fazem improviso teatral de comédia. Divertido, mas meio fora do contexto de um treinamento desses.

Mas o mais engraçado do negócio foi que o meu colega Moriael foi escolhido para ser parte da performance. Uma das garotas da trupe disse que ele era o homem das "vogais incertas".O nome incomum chamou a atenção dela. Só niso já rimos um bocado, mas me deitei de rir quando outro dos palhaços chamou o Mura de A-E-I-O-U. Putz, eu e os demais da nossa empresa que participam desse treinamento se dobraram de rir. Tomara que o apelido pegue.

7 de fevereiro de 2009

A chegada do Krampus

Primeiro, uma explicação: Krampus é o nome de um diabinho que atormenta as crianças antes do Natal. É um costume austríaco e tomei contato com essa tradição quando estive em Viena pela primeira vez. Até trouxe uns bonecos do Krampus de lá. Um deles enfeita a caminha do Xavier.

Mas Krampus também é o nome que sugeri para o chihuahua de meus pais. E eles aceitaram a idéia. O cachorrinho nos foi entregue hoje pelo criador, Vilmar, do Canil Lucesar e é o presente de Natal meu e da Luciana para minha mãe. O cãozinho tem apenas 64 dias mas mostrou que merece o nome. É um capetinha e certamente vai agitar a vida dos meus velhos lá em Balneário Gaivota.

Hércules, passeando no meu apartamento Eles já têm um chihuahua cruzado com pinscher, o Hércules. Um verdadeiro herói, o Hércules: quando tinha cerca de 30 dias, teve cinomose, uma doença canina com 95% de fatalidade. Sobreviveu, mesmo com sequelas. Há seis anos ele tem uma patinha paralisada e problemas neurológicos que o deixam bem pouco sociável e o fazem ter convulsões. É o linguarudo aí da foto ao lado.

Como seria de se esperar, Hércules é um cão apático. Não brinca, não pede carinho, não age como cachorro. Por isso, resolvemos dar um outro cachorrinho para meus pais. A escolha recaiu sobre um outro chihuahua. Dessa vez de pêlo longo. Nascido em 5 de dezembro, dia de Krampus na Áustria, o novo cãozinho é ativo e bagunceiro. Nesse momento, aquietou-se dormindo entre meu pai e minha mãe. Mas brincou a tarde toda. Dá pra ter uma idéia pelo vídeo abaixo.

2 de fevereiro de 2009

Tirando o atraso

Cara, foi lindo! Um final de semana de cinema aqui em Floripa. Solzão, céu claro, vento perfeito. Não queria mais nada. Era um final de semana que prometia uma bela velejada. Já na sexta à noite comecei a catar um proeiro para sair sábado com o Gostosa.

Giorgia foi a escolhida. Saímos da marina em torno de 10h30min e velejamos até às 14 horas, mais ou menos. O porém é que mais uma vez a vela não subiu totalmente. Mesmo trocando adriças, lubrificando roldanas, fazendo o que dava pra fazer.

Depois da velejada, que mesmo com a vela "rizada" foi excelente, eu subi a vela no seco. Com muita força - ajuda do pessoal da marina - conseguimos desobstruir o caminho da vela. Tinha alguma coisa trancando a calha do mastro.

Com isso resolvido, fiquei empolgado em repetir a dose no domingo. Dito e feito: convoquei o Carlito e o João Manoel, meu primo mais novo, para sair. Embarcamos às 14h30min e velejamos até 17h45min.

Vento forte até passarmos o Ratones Grande e nos aproximarmos um pouco do continente. Duas cambadas e rumamos para o finalzinho do Sambaqui, quase no mangue da Daniela. Uma parada para banho de mar e tocamos o barco de volta para a marina. Uns jaibes e um tempinho surfando em asa de pombo e chegamos de volta.

Duas saídas num único final de semana. Feito inédito que se reflete agora nos meus peitorais doloridos e nos abdominais cansados. Mas felizes.

Carlito (esq.) e João Manoel tomando banho de mar com as ilhas de Ratones ao fundo

[Ouvindo: Teenage Lobotomy - Ramones - Hey! Ho! Let's Go - Anthology (Disc 1)]

28 de janeiro de 2009

Seis segredos

Atendendo a convocação do Maurício, listo seis coisas sobre mim. O Maurício encarou como segredos, mas as blogueiras que o convocaram para essa brincadeira, pensaram diferente. Eu vou no espírito delas. Segredos são segredos, melhor não mexer.

Primeiro, as regras para o jogo:

  • Colocar o link de quem te indicou para a brincadeira. Check!
  • Escrever as regras para deixar o jogo mais claro. Check!
  • Contar seis fatos aleatórios sobre você. Listo abaixo.
  • Convocar seis blogueiros para fazerem o mesmo. Os convocados estão no pé do post.
  • Avisar os convocados. Vou avisar pelos comments.

Agora, tchan-tchan-tchan, vamos às revelações:

  1. Estou fazendo tratamento para queda de cabelo. Sabem como é: até a Mona Lisa fica velha.
  2. Rôo os cantos dos dedos, às vezes até sangrar. Disgusting, eu sei.
  3. Já fui apaixonado pela mãe de um amigo meu. Faz tempo, portanto sosseguem o facho.
  4. Gosto de música "gay", tipo Village People, Gloria Gaynor e afins.
  5. Ronco. Às vezes bastante.
  6. Não sei a tabuada.

É isso. Nada escabroso, né? Agora, vamos lá, dona Carol, seu Marcelo, mestre Rafa, gaudério Palermo, afilhado Magoo e dom Marquito. A bola tá com vocês.

[Ouvindo: I Will Dare - The Replacements - Let It Be]

27 de janeiro de 2009

Céu do cerrado

Ontem, quando cheguei a Brasília, estranhei a cor do céu. O azul da época da seca foi substituído por uma interessante variação de tons de cinza, laranja e azul. O clima aqui no Planalto Central é estranho. No verão chove e fica mais frio do que no inverno. O azulão do céu vai embora e fica essa imagem aí embaixo. Como eu gosto de coisas diferentes, gosto mais do céu assim do que aquele azul bidimensional de alguns meses atrás.

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25 de janeiro de 2009

O curioso filme de David Fincher

Nos créditos finais de O Curioso Caso de Benjamin Button, eu descobri o porquê do filme ser tão bom. Lá está o nome do cara: David Fincher. Explico: um dos filmes preferidos é Clube da Luta, também dele. O cara não é muito prolífico, fez poucos filmes ao longo da carreira de cineasta, mas quando trabalha, mostra a que vem.

Benjamin Button, com Brad Pitt e Cate Blanchett nos papéis principais, é excelente. Teve gente - não vou dizer quem - que chorou do começo ao fim do filme. Mas realmente, a história toda é tocante e muito bem contada. Não tem o ritmo alucinante de Clube..., mas ainda assim passa longe da monotonia. Recomendo assistir.

Como em Clube, Fincher foi atrás de uma boa história para realizar um bom filme. Da novela de Chuck Palahniuk, o diretor fez um filme que é um tapa na cara do espectador. A idéia de um clube de homens brigando que depois se torna uma espécie de seita ou grupo paramilitar para derrubar o sistema financeiro é doida e foi contada de forma maluca no filme.

Já com Benjamin, Fincher adaptou um autor mais clássico: F. Scott Fitzgerald. De lá saiu o belo filme que tanto me emocionou. Ainda não li esse conto, mas vou procurar para fazer a comparação. Agora pára de ler e vai assistir, vai.

17 de janeiro de 2009

100 discos muito legais

Ganhei do Mau e da Cris um livro muito legal: "100 Greatest Albuns". Editado pelo VH1, um canal de tevê com foco em rock e pop do século passado, é uma compilação de votação realizada com 700 artistas norte-americanos, que montaram uma lista com seus discos preferidos de rock e pop.

Da lista, tenho apenas 38. Achei meu aproveitamento pífio. Claro que a lista não reflete meus gostos pessoais. Há uns quatro ou cinco álbuns de rap ou hip-hop. Não gosto desse estilo de música. Mas, ainda assim, tem muita coisa que me interessou ouvir.

Mas, ainda mais interessante, me empolguei a escrever de novo sobre música. Os que acompanham a construção dessa casa a mais tempo, talvez lembrem que andei postando minha própria lista e alguns comentários sobre álbuns. Devo baixar ou comprar (mais provável: baixar) alguns dos discos sugeridos pelo livro do VH1 e dar um "tapa" na minha seleção. Portanto, aguardem mais opiniões musicais por aqui.

14 de janeiro de 2009

Single serving friend

Flying is getting harder and harder. My flight to Sao Paulo was scheduled to leave Florianopolis today at 4:40 pm, but a heavy rain closed Congonhas airport. After I and the other passengers already got into the plane, we were asked to get back to the gate and wait for a new call.

Ten minutes after we've boarded for the first time, a baby started to cry. I was seated in 1C and the baby was on the second row. Once the doors were closed, she asked to seat next to me, in 1B. By that time I foresaw a long journey, with a baby kicking and screaming by my side.

However, the baby, Davi, and his mom, Pabline, were really nice. After we started talking, I remembered a passage from Fight Club, that movie with Brad Pitt and Edward Norton. When the characters of the two actors met, Norton tells Pitt that he's a good "single serving friend". He uses this expression as a way to express how everything in a plane is single serving.

Pabline, a young widow, only 26 years old, and his son 11 months old were my single serving friends during this ordeal that has not ended yet.

13 de janeiro de 2009

Yoga não é mole não

Essa semana eu viajo para Brasília e São Paulo. Saio amanhã à tarde e volto na sexta à noite. Por causa disso, fiz yoga dois dias seguidos, para compensar a aula que vou perder na quinta. Segunda, fiz na empresa. P1030580 Hoje, na Praia Mole. Terça-feira passada tinha ido na Mole para a prática, já que é meu professor, o Ricardo Melo, quem dá as aulas de yoga no Floripa Tem. Naquele dia deu um baita dia de sol e a prática foi ótima. Hoje, infelizmente, a chuva atrapalhou, mas ainda assim deu para fazer uma boa parte da aula. Além de mim, estavam lá a Cris e a Nanda. A fotinho taí (by Nanda) e não me deixa mentir.

Mas é dureza fazer dois dias seguidos. Na semana passada, também chutei o balde. Depois da aula de quinta, resolvi recuperar o squash de quarta-feira na quinta, depois do yoga. Joguei 20 minutos e não conseguia mais erguer o braço ou os pés. Não adianta. Por mais que eu tente, aquele pique de antigamente não volta jamais.

12 de janeiro de 2009

Livros e música dizem muito sobre você

Li no Vida de Frila, do Mau, umas perguntinhas sobre que tipo de literatura marcou sua vida. Seguem as minhas respostas. Comentários seguem depois.

1. Livro que marcou sua infância: A Volta ao Mundo em 180 Dias (Jules Verne)
2. Livro que marcou sua adolescência: Histórias de Cronópios e de Famas (Julio Cortázar)
3. Autor que mais admira: Cortázar
4. Autor contemporâneo: Cortázar
5. Leu e não gostou: Diário de um Mago (Paulo Coelho), O Segredo (Rhonda Byrne), um do Lair Ribeiro que já nem lembro o nome. Bem, tem que ler pra conhecer, né? 
6. Lê e relê: Histórias de Cronópios e de Famas. Releio direto, sempre que preciso de um pouco de inspiração para escrever. Funciona.
7. Mania: Não consigo anotar nada num livro. Se tiver que ler algo e ir marcando nas margens ou grifando o que for relevante, tiro xerox da parte que preciso, mas não escrevo nas páginas.

Bem, como dá pra notar, Cortázar é o cara, pra mim. Mas não é bem isso que eu queria comentar. Lendo a lista do Mau, me dei conta de que dá pra fazer o mesmo com músicas. O pessoal lá na empresa estranhava - agora já acostumaram - com o fato de eu perguntar aos candidatos a uma vaga na minha equipe que tipo de música eles curtem. Dá pra se saber um pouco sobre a pessoa sabendo o que ela escuta e o que lê.

Então, a versão musical pop do mesmo questionário:

1. Música que marcou sua infância: Verde Vinho (Roberto Leal). Cantava essa música nas festas da família. Se bobear ainda sei a letra.
2. Música que marcou sua adolescência: Tempo Perdido (Legião Urbana). Era pegar o violão e alguém puxava essa música. Aprendi fácil e toco até que direitinho, então passou a fazer parte do repertório. 
3. Intérprete ou banda que mais admira: The Beatles
4. Intérprete ou banda contemporânea: Foo Fighters
5. Ouviu e não gostou: Osvaldo Montenegro (chato), Kraftwerk (repetitivo), além de sertanejos pop e pagodes em geral
6. Ouve sempre: The Beatles 
7. Mania: Organizar os cds e os discos de vinil em ordem de lançamento, por bandas ou temas. A Luciana odeia. Nunca sabe que a trilha de ET (1982) vem antes de Uma Secretária de Futuro (1988), dentro das trilhas de cinema, que fica logo na frente dos discos dos Beatles. Fácil.

Não foi dessa vez

Juro que tentei, mas não deu para inaugurar a nova adriça, o controle da esteira da vela grande e o flutuador de tope do Gostosa. Sábado e domingo foram dias de clima incerto em Floripa. Nada recomendável para uma velejada. Vai ficar para o final de semana que vem.

Se der, porque preciso ir até a Costa da Lagoa procurar uma casa para alugar no carnaval e também a Blumenau, levar meus pais para conhecerem o chihuahua que a Lu e eu demos a eles de Natal. O bichinho está no canil ainda, mas minha mãe está morrendo de vontade de conhecê-lo.

Isso e mais uma viagem a Brasília e São Paulo no finalzinho da semana devem ocupar meus dias. 2009 começa a todo vapor. Isso é bom. No time to think stupid toughts.

Mais links

Dois links novos aí na modesta lista da direita. Nanda na Holanda é o blog de uma amigona que conheci há pouco, no trabalho. Mas já é amigona, porque a Fernanda é uma daquelas pessoas com quem a gente conecta num instante.

O outro é o blog da Adriane Canan. Ou Adri. Nos conhecemos há muito e desde que ela voltou para Floripa, temos nos visto com mais frequência. Agora, devo visitá-la mais. Se não ao vivo, pelo menos no blog Gato e Passarinho.

6 de janeiro de 2009

Primeiras postagens

Vinha preparando um continho de mais fôlego desde o início de dezembro e achei que valia o esforço de terminar essa noite para inugaurar o blog, versão 2009. Não muda nada, mas a gente tem essa mania de botar marcos nas coisas. O resultado da minha batalha contra o sono e o cansaço tá no post abaixo.

[Ouvindo: Woman - Wolfmother - Wolfmother]

5 de janeiro de 2009

Cinza

Quando a neblina chegou, o mar era seu único companheiro por dois dias. O cinza úmido engoliu o barco, adensando-se pouco a pouco. Para João, era só mais uma neblina forte, uma das muitas que ele havia pego nas suas aventuras. Vivia de navegar. Transportar veleiros de uma marina a outra. Dessa vez, era um belo barco. Dava gosto de navegar. Um Benetau Océanis 400. Um veleiro oceânico de 40 pés, fabricado em 1996, em estado de novo. Seu cliente havia comprado o barco na Argentina e contratado João para levá-lo a Florianópolis.

Cinco dias antes da neblina o engolir, ainda no Iate Clube de Puerto Madero, João fez uma revisão geral no Da Vina, o nome atual do veleiro. Ergueu o barco no travel lift, fez uma cuidadosa inspeção do casco, leme, hélice e quilha. Por dentro, observou qualquer sinal de osmose, de infiltração ou rachadura e deu uma geral no motor. Não queria ser pego de surpresa no caminho até Santa Catarina.

Bem equipado, o Da Vina contava com um completo sistema de navegação, com radar, sonda, GPS, piloto automático e anemômetro. Dois de cada um. O antigo dono era quase tão paranóico com segurança quanto João. Certamente devia ter feito longas travessias com o barco. Era a única razão para investir tanto em equipamentos.

Depois de se certificar que o veleiro suportaria bem a viagem, João tratou de torná-la confortável. Com o dinheiro que seu cliente lhe deu para despesas, comprou duas garrafas de um bom Malbec argentino, provisões secas e frescas e voltou para o hotel. Ia dormir bem essa noite, para estar atento durante toda a saída do Prata. Sonhou com tango e tangas. Em breve estaria em casa de novo, tomando sol na praia e com bons 30 mil reais a mais no bolso.

No dia seguinte, ao raiar do sol, João e Da Vina já estavam velejando. Os panos totalmente içados, caçados, aproveitando o pouco vento na saída do iate clube. Esperava mais vento ao seguir o curso do Prata rumo ao Atlântico. Menos de duas horas depois de sair, a velejada começou a ficar interessante: ventos de 30 a 35 nós e um bom rendimento do barco. Claro, era um Benetau, bem construído, bem equipado. Um barco como João teria um dia, tinha certeza.

A roda de leme respondia bem, as velas trimadas e as catracas ao alcance do timoneiro. Nesta travessia era essencial saber o papel de cada cabo, de cada moitão, de cada manilha. Sozinho, João não podia errar. E não iria. Para começar, nunca foi de arriscar. Correr regatas não era o seu forte. Não gostava de estressar os barcos, levá-los ao limite. E essa característica era justamente o que os clientes gostavam tanto em João. Contratá-lo para transportar um barco era seguro. Ele não ia exagerar, não ia "dar um pau" no barco.

Depois de quase 14 horas velejando, o Da Vina atracou no Yatch Club Uruguayo, em Puerto de Buceo, em Montevideo. João dormiu no barco mesmo, cansado da longa travessia entre as capitais. Tinha muita água pela frente, mas estava contente. Sonhou com carros velozes, bons vinhos e belas mulheres.

Sorria ao acordar, já com o sol alto no horizonte. Estava tarde para vencer mais uma etapa de sua viagem, mas não se importou com isso. Fez uma boa refeição, se despediu dos marinheiros uruguaios que conhecera e partiu novamente. Faltava pouco para sentir o cheiro de maresia.

Quando finalmente passou pela Isla de las Flores, três horas depois de partir, sentiu a brisa marinha no rosto, acompanhada de uma sensação de estar em casa, no seu elemento. Havia uma neblina leve, típica da região. Para ganhar velocidade, João moveu a roda do leme, ajustando o curso para Este-nordeste. As velas encheram mais e o barco começou a se comportar como o excelente cruzeirista que era, enterrando a proa nas ondas mais altas, singrando até as vagas mais violentas.

Com o piloto automático ajustado, João entrou na cabine para preparar algo para comer e ler um pouco. Descansar da roda do leme, do sal, do sol e do sereno. Sentou-se, comeu com calma e pensou em quão fácil seria a travessia. Mais um dia inteiro de velejada e estaria no Brasil. Ficaria feliz em ver o Farol da Barra do Chuí, o primeiro sinal brasileiro visível do mar para quem vem do Sul.

A noite daquele dia foi tranquila. Bons ventos, o barco quase que o tempo todo em piloto automático, nenhum sinal de risco no radar - João tinha muito receio de encontrar um navio grande na sua rota e a possibilidade de colisão, ainda que ínfima, era assustadora.

O dia seguinte teve um pouco de neblina ao amanhecer, que logo se dissipou. Da roda do leme, foi possível ver baleias e um cardume de pinguins. Ao longe, avistava a bela paisagem do nordeste uruguaio. O Farol de La Paloma, já bem próximo à fronteira com o Brasil. Mas os ventos amainaram e o Benetau perdeu rendimento. O Nordeste que tocava o barco numa orça apertada, obrigando João a cambar constantemente se transformou num Sul razoavelmente fraco. Tão fraco que nem parecia Sul. Coisas do aquecimento global, pensou o marinheiro.

João caminhou até a proa, armou o balão assimétrico, recolhendo a genôa no enrolador. Agora o barco era um ponto vermelho e laranja para quem olhasse de terra. Toda atenção era necessária. A grande área vélica da vela de proa poderia causar um acidente numa rajada mais forte ou numa alteração brusca de rumo. João seguiu assim, cansado de tanta concentração, até começar a entardecer. O pôr-do-sol veio encontrá-lo na proa do Da Vina, recolhendo o balão e desenrolando a genôa. Agora, durante a noite, o piloto automático iria tocar o barco. Melhor descansar.

No cockpit, um piquenique: uma garrafa de Malbec, torradas com caviar. Sevruga, claro. Cortesia do cliente, que concordara em bancar as despesas de alimentação da viagem. Depois de três taças, João sentia o efeito entorpecedor do vinho argentino, mas ainda assim reagiu à nova mudança na direção do vento. O Sul fraco virou um Nordeste fraco. Pequeno ajuste no rumo, na trimagem das velas e o barco estava pronto para seguir sozinho.

Seguiu, sozinho, rumo à neblina. João sentiu a umidade quando se despia para dormir. Uma neblina forte, estranha. Fechando a cabine hermética, João se separou da umidade e dormiu um sono inquieto. Sonhou com escuridão, com brigas e que caia do céu no meio de nuvens que não acabavam mais.

Acordou cansado e abriu a gaiúta e a porta para o cockpit. A neblina estava forte lá fora e a umidade invadiu a cabine. Era dia, mas tudo estava tão cinza que podia ser noite. João podia ver piscar as luzes de navegação no meio da umidade cinza. Mais nada. Não enxergava o Farol de Chuí, embora o GPS indicasse que estava bem próximo dele.

João seguiu navegando pelo GPS, torcendo para a neblina dissipar o suficiente para enxergar Santa Vitória do Palmar, a Praia do Hermenegildo, alguma coisa que fosse familiar. Mas nada. A neblina seguia ficando mais densa, mais densa, mais cinza, mais úmida.

Pelo seu relógio, já seria meio-dia, mas o disco do sol não vencia a neblina. João não vencia a neblina, por mais que apertasse os olhos, franzisse o cenho para enxerga um pouco mais que os enroladores na proa. No relógio, o tempo foi passando devagar. No oceano, mais devagar ainda, numa calmaria irritante.

Mas o velejador sabia se controlar. Não era a primeira vez em que ficava sozinho e entediado no mar. Bastava não brigar com o mar. Ninguém ganha essa briga. Entrou na cabine, pegou um livro e começou a ler, tentando despreocupar-se. Contudo, de vez em quando, olhava para o GPS e o radar. O barco avançava lentamente. Lento demais para o seu tamanho. Lento demais para os ventos que normalmente sopram naquela região.

O dia passou devagar, mais devagar do que o avanço do barco no meio da densa neblina. João foi dormir preocupado. Era seu terceiro dia no mar, o quarto velejando e mal havia chegado ao Brasil. Se o vento tivesse ajudado, já estaria passando a divisa entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na Barra do Mampituba. Estava longe, ainda.

Depois de um sono nada reparador, João acordou mais cansado do que o dia anterior. Abriu a porta da cabine para o cockpit e a neblina invadiu o interior do barco, como se fosse uma entidade com vida própria. Tudo ficou acinzentado aos olhos de João. As telas dos eletrônicos, o inox do fogão, a sua própria pele. A umidade forte demais incomodava os olhos, como se João estivesse tentando mergulhar sem cerrar as pálpebras.

João podia sentir a neblina. Entendeu a velha hipérbole: aquela era uma neblina que se podia cortar com uma faca. E o Benetau começou a cortá-la mais e mais. O vento começou a soprar com mais força, o suficiente para João ouvir o barulho do casco singrando o mar. O suficiente para o barco adernar à sotavento e o velejador sentir o caturro.

Em vez de animar-se, João preocupou-se. Não havia modo de enxergar à frente. Aproximou o rosto dos eletrônicos. Sabia que eles funcionavam pelo calor que o LCD emitia, mas não conseguia ver nada. Nem colando os olhos no display era possível enxergar algo. Nada era visível agora. Só um cinza que cobria tudo. Tudo mesmo.

A impressão que João tinha era de que havia ficado cego. Tateou pelo barco, procurando as catracas. Encontrou a que julgava ser do grande e seguiu o cabo até o stopper para soltar a vela. Recolheu o pano completamente, e, sempre tateando, fechou a capa. Fez o mesmo com a genôa. Estava sem velas. Não podia ficar assim, à deriva. A neblina estava deixando ele nervoso. Jamais, em todos os seus anos de vela, tinha feito isso: baixado todas as velas sem ligar o motor. Felizmente, depois da segunda tentativa, o ronco e o cheiro do diesel encheram o ar.

Mas, ir para onde? Não tinha como se orientar, como seguir navegando. João tinha certeza de que os eletrônicos estavam em modo de alarme. Ou seja: se algum obstáculo aparecesse no radar, um sinal sonoro o avisaria. Se a profundidade chegasse próxima a três metros, também soaria um alarme. Com o motor na velocidade mínima, João continuou avançando. Muito, mas muito devagar. Cortando o cinza.

Seguiu nessa faina, cego, por sabe-se lá quantas horas. Não tinha como enxergar o relógio e perdeu a conta dos bips que o Omega dava nas horas cheias e meias-horas. Ligou todas as luzes. Caso fosse noite, seria mais fácil de um navio ou outro barco notá-lo assim. Tudo o que as luzes faziam era colorir um pouco o cinza. De azul, de verde, de vermelho, de amarelo. Dependendo do tipo da lâmpada.

Ele nunca havia visto uma neblina assim tão densa. Ninguém havia visto uma neblina assim. João só sentia o barulho do motor e do casco, o cheiro do diesel e o tato de suas mãos na roda de leme. Não via nada, não ouvia outra coisa. Manteve o barco no rumo com um cabo amarrado num dos raios do timão e foi dormir. Ou tentar dormir. Passou a noite em claro. Mesmo com os olhos fechados, o cinza úmido lhe perseguia.

Não conseguiu dormir, mas manteve-se no camarote de popa por quatro horas, descansando o corpo. Precisaria do descanso quando saísse da neblina. Agora, João contava os bips do relógio. Oito bips depois de ter deitado, levantou-se para o cinza lá fora. Nenhuma mudança na situação.

Ao longo do dia, ou da noite, não sabia ao certo, os ruídos foram ficando mais fracos. Como se a neblina engolisse até mesmo os sons. O ronco do motor foi ficando fraco, a ponto de João se perguntar se ele estava ligado. Uma leve vibração no cockpit indicava que sim. O barulho do casco nas ondas também foi diminuindo de intensidade até sumir completamente. João não via e não ouvia.

Ele se perguntava o que estava acontecendo. Se estava louco, doente, se fora acometido por cegueira e surdez inexplicáveis. Se a neblina não tivesse chegado devagar, acreditaria nessa hipótese. Mas não. O mundo não era negro e sem luz, como o mundo dos cegos. Era cinza e úmido. E quieto, assustadoramente quieto.

O silêncio e a cegueira cinza foram tomando conta de tudo à volta de João. Mesmo o tato nas coisas era embotado pela umidade cinza. João começou a bater-se nas anteparas, a tropeçar nos cabos. Sabia que o diesel não duraria para sempre. Se estivesse avançando a meio nó, já deveria estar em Florianópolis, caso tivesse tomado o rumo correto. Mas aquela neblina tão densa parecia acompanhar o barco onde quer que fosse. João tentou acelerar ao máximo o motor e seguiu assim por dois dias, tentando escapar da umidade gris. Sem sucesso.

Depois de sete dias sem dormir, sem comer direito por não conseguir encontrar as coisas, sem ver, ouvir e sem poder sequer tatear, João encontrou uma solução: amarraria uma bóia na cintura e pularia ao mar, para, dentro da água, abrir os olhos e ver alguma coisa ou ouvir o barulho do motor, sentir a água fria no seu corpo. Ele precisava disso, de ter a certeza de havia algum sentido funcionando. Tato, visão, audição. Qualquer deles servia.

João colocou o plano em execução. Arrastou-se pelo cockpit até o lugar onde achava que haveria uma bóia circular de resgate. Não conseguiu sentir nada, mas agarrou um cabo ou algo que parecia cilíndrico e maleável e seguiu até a borda do barco. Seu corpo chocou-se contra o que pareceu ser o guarda-mancebo. Passou um pé e depois o outro e pulou. Sentiu um choque leve nos pés e depois no resto do corpo. Abriu bem os olhos, mas não havia nada ali. Nenhum ruído, nenhuma cor senão o cinza. A umidade era maior, era verdade. Mas era como se ainda estivesse no meio da neblina, e não imerso no mar. Abriu a boca e sentiu um leve gosto de salgado. Mas era cinza. Tudo cinza.

João largou o cabo que tinha nas mãos e deixou-se afundar devagar. Primeiro abriu bem a boca e tentou respirar. O cinza úmido e agüado entrou boca adentro, invadiu a garganta e a traquéia, encheu os pulmões. Foi ficando mais e mais cinza. Por dentro e por fora. Agora, tudo era cinza. Ou quase tudo. As sinapses e os neurônios, antes de desligarem por falta de ar, se rebelaram contra o cinza. E dispararam informações para todos os lados. Formas, sensações, cores. Sonhos vermelhos, verdes, azuis, amarelos. Calor, frio, choques elétricos, cheiros e sons. Tudo ao mesmo tempo. Afundando no meio do cinza sem fim, João sorriu um sorriso colorido e morreu feliz.

[Ouvindo: White Unicorn - Wolfmother - Wolfmother].