30 de dezembro de 2007

A inevitabilidade

Dois ou três meses atrás, meu pai me disse ao telefone:

- Filho, tua avó tá ruinzinha, fraca, não quer comer nem tomar remédios. Temos que ir nos preparando.

Eu não estava pronto na manhã de sábado, dia 29.

Acho que ninguém se prepara para a morte. É sempre difícil encará-la. Talvez o moribundo, sabendo da iminência da morte, tenha uma certa clareza e encare-a de frente, com serenidade.

Mas a família, ah, essa é outro papo. Por mais que meu pai tivesse, ele mesmo, avisado da fragilidade da velha Elza, tomou um baque quando soubemos que ela havia morrido. Ele, minha mãe, minhas tias.

Um final de ano triste por aqui. Mas com uma certa paz para a minha avó, 89 anos sofridos, com cinco filhos criados e sete perdidos ainda crianças, no interior das Lages de antigamente.

A benção, vó Elza.

20 de dezembro de 2007

Lançamentos 2007

Tem dois discos deste final ano que merecem ser ouvidos. Um deles é o novo do Foo Fighters, Echoes, Silence, Patience and Grace. Discão, como quase toda a obra dos caras. Gostei especialmente de Cheer Up Boys, Your Makeup Is Running, uma levadinha com guitarras distorcidas mas sem grande pancadaria.

O outro é In Rainbows, do Radiohead. Bem calmo, mas com suas levadas mais agitadinhas. Um típico disco da banda brit pop. Claro que só vai gostar quem curte Radiohead. Dã!

[Ouvindo: Cheer Up Boys, Your Makeup Is Running - Foo Fighters - Echoes, Silence, Patience and Grace]

17 de dezembro de 2007

Ready, set, go!

Neste último final de semana não deu para velejar, mas ainda assim estive na marina. Fui levar o motor, que havia passado duas semanas na oficina. Ficou muito bom. Pega na primeira, acelera bem e já não engasga com o acelerador todo aberto.

Diz o mecânico que o problema era apenas sujeira. Gasolina velha, especialmente depois de misturada com óleo, é uma desgraça. Vou começar a levar sempre combustível novo nas velejadas, mesmo que isso implique em gastar mais óleo náutico para motor dois tempos. No fim, é economia com revisão do motor.

Mas o importante é que o barquinho está em ponto de bala para a temporada de vela. Na real, me faltam duas coisas: um flutuador de tope e duas defensas. O flutuador é um balão que fica no topo do mastro e impede a capotagem do barco, no caso dele virar. Reza a lenda que, com o mar calmo, não molha nem a cabine. Já as defensas ajudam a proteger o casco nas ancoragens em trapiches. Esse ano pretendo sair para almoçar em São Miguel ou Fazenda da Armação e seria bom poder contar com as defensas para não arranhar o casco. Quem quiser me dar de natal, fique à vontade.

14 de dezembro de 2007

Cansei!

Não, não se trata de empresários paulistas e dondocas reclamonas fazendo manifestações. Estou cansado fisicamente mesmo, depois de pedalar mais de 12 km, da minha casa até a Ponta de Baixo, em São José.

Um bom modo de espantar o estresse e garantir que o colesterol não suba às alturas. Obviamente que a diminuição, ou pelo menos o controle da barriga também é um fator importante.

Quem pedala pra valer vai dar risada dos 12 km, mas calma, gente. Ganhei a bike de aniversário, no final de julho, e devo ter usado no máximo umas dez vezes. Cinco delas nas últimas duas semanas. Ainda estou nos primeiros estágios. Daqui pra frente só melhora. Se eu persistir, claro.

O trajeto foi (com a ressalva de que fiz o trecho marcado como Av. Presidente Kennedy pela Beira Mar de São José. O Google Maps ainda não sabe da existência da maior obra do ex-prefeito Dário Berger):


Exibir mapa ampliado

[Ouvindo: Vamos - Pixies - Surfer Rosa]

13 de dezembro de 2007

Idiotia latino-americana

Estou lendo e recomendo A volta do idiota (Odisséia Editorial, 240 p.), de Plinio Apuleyo Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Álvaro Vargas Llosa. É uma visita à idiotia latino-americana dez anos depois do primeiro livro do trio - Manual do perfeito idiota latino-americano.

Desta vez, os três "quase liberais" se debruçam sobre os anacrônicos líderes de esquerda que comandam nações abaixo do trópico de câncer. Claro que a estrela do livro é o comandante Chavez, que divide com Castro a simpatia dos saudosistas de esquerda no continente. Sobra também para Morales, claro.

O interessante é observar que os autores chegam a quase simpatizar com outros esquerdistas no poder, como Michelle Bachelet, Alan García, Tabaré Vázquez e, quem diria, Lula.

Essa turma, classificada como de esquerda por liberais mais ferrenhos e conservadores de direita, são uns sociais-democratas disfarçados. Mais ou menos como a China, que é uma economia de mercado com o mínimo de regulação estatal disfarçada de nação socialista.

Mas isso não invalida o livro, que é escrito com ironia e bom humor. Para quem quer pensar um pouco, mas não muito.

12 de dezembro de 2007

Muitos porteiros e pessoas normais

Uma reclamação recorrente de quem visita Brasília é que o clima é seco demais. Eles dizem isso porque nunca pegaram dias de chuva na cidade. Se Brasília é ruim quando está seca, quando chove é pior. A terra vermelha vira uma argila que gruda em tudo. Sapatos ficam com as solas avermelhadas, as barras das calças cheias de respingos vermelhos.

Mas o pior é que apesar da chuva, o clima ainda é seco. Não há aquela umidade de uma cidade à beira mar, como Floripa ou Rio. Minha rinite piora em Brasília. Meu humor piora em Brasília. Mas, pior, Brasília não fica.

10 de dezembro de 2007

Ah, uma mega sena...

Que dia, meus caros. Um daqueles em que a gente sonha com a Mega Sena. Depois de uma bela pedalada, subindo morros em São José, indo e voltando na Beira Mar. E ouvindo Nirvana.

Mas ainda estou meio agitado. Contrafeito por ter que viajar para a capital federal e meio cansadão de estudar e fazer trabalhos do MBA. Não aguento mais o logo da FGV na minha frente.

Agora é deitar na cama e terminar de ler Dracula, de Bram Stoker. Escrevo mais do Planalto Central.

[Ouvindo: Cars (MPH Mix) - Fear Factory - Nascar - Crank It Up]

6 de dezembro de 2007

Não é só no Brasil

Temos nossos Enéas, nossos Clodovils, nossos candidatos esquisitos e sem propostas. Nossos políticos apenas com imagem e nada mais. Mas os norte-americanos também têm os seus. Um desses, bem singular, é Michael Huckabee.

O governador do Arkansas (o estado de Clinton, lembram?) quer ser indicado candidato à sucessão de Bushinho. Um dos seus comerciais mostra ele sendo apoiado por ninguém menos do que Chuck Norris. Ou, para os íntimos, Xúqui Nórris. Vejam o vídeo.

[Ouvindo: Chainsaw Times - Killer Barbies - Only For Freaks!]

4 de dezembro de 2007

O porquê do retorno

Logo Os dois ou três amigos que visitaram esse bloguinho desde ontem devem ter notado que repentinamente o volume de posts por semana aumentou. A razão é simples: achei um software para me ajudar nessa tarefa de blogueiro.

Nunca gostei das interfaces online dos blogs. Acho que sou meio coroa mesmo, não gosto de escrever usando ferramentas de internet. Prefiro trabalhar num arquivo offline e depois postar no blog.

Usava o w.bloggar, até que o desenvolvedor parou de dar suporte à ferramenta. O Blogspot mudou um par de configurações e fiquei largado a minha própria sorte.

Mas ontem comecei a pesquisar na internet e ver se havia algum novo programa que pudesse suprir essa demanda. Achei o Zoundry Blog Writer. Foi com ele que postei o comentário sobre a velejada, alguns posts abaixo. Fácil de notar porque o tamanho está fora do padrão do blog.

Mas não gostei muito da ferramenta e segui na busca. Lendo nos fóruns, cheguei no Windows Live Writer, que é o software que estou usando para esse post. É gratuito e bem interessante. Tem uma boa interface com o usuário, um bom sistema de postar imagens e criar tabelas, como podem ver pelo topo do post e uma funcionalidade que considero essencial: faz a integração com o que estou ouvindo no Media Player e o blog.

Agora, devidamente reequipado, podem contar com mais posts e novidades nessa casa, que andava tão entregue às moscas.

[Ouvindo: Heroes - David Bowie - Heroes]

Um dia de Papai Noel

O grupo de ação social da empresa em que trabalho foi até o Correio e coletou uma série de cartas escritas por crianças pedindo presentes para o Papai Noel. Eu peguei uma delas para responder e mandar um presente.

O nome do garoto que escolhi é José. Ele mora no Rio Vermelho, tem seis anos e pediu um carrinho de controle remoto.

Tem tanta coisa que eu queria escrever para ele que nem sei por onde começar. Queria recomendar que o José estudasse bastante, que não aceitasse ser mandado para lá e para cá pelos outros, que se dedicasse a tudo o que faz, que pensasse duas vezes - ou até mais - antes de votar, de criticar alguém, de escolher uma carreira. Isso se ele puder escolher uma carreira.

Mas provavelmente não vou escrever tudo isso. José tem apenas seis anos. O que ele quer agora é uma cartinha do Papai Noel e um carrinho de controle remoto. E é isso que ele vai ganhar.

2 de dezembro de 2007

Começo da temporada de vela


Hoje, Jefe e Max me acompanharam na primeira velejada deste verão. O Gostosa está em boa forma, velejou muito bem e muito rápido num vento picado de 8-10 nós com rajadas, mas infelizmente não posso dizer o mesmo do motor. Já na saída, o Johnson 3.3 HP nos deixou na mão, obrigando os dois desafortunados tripulantes a darem uma bela remada até safarmos os barcos apoitados perto da marina. Sabem como é: capitão não rema, fica timoneando. Espero que no próximo final de semana o problema com o motorzinho esteja resolvido, já que deixei marcado para o mecânico pegá-lo na marina na terça-feira. De qualquer forma, o tempo estando bom, saio com motor ou sem motor.


25 de abril de 2007

Alice

O coelho já estava sangrando quando Alice passou pela rua. Agachou-se.
- O que houve? - Alice perguntou, amparando a cabeça do coelho com a mão esquerda, os olhos cheios de lágrimas.
- Um motoqueiro e me baleou. Já passou um monte de gente por aqui e ninguém me atendeu. Só você parou - falou, agonizante, o coelho.
- Meu Deus, ninguém parou?
- Ninguém. País das Maravilhas uma ova. Desde que aquela rainha maldita assumiu o poder, as coisas só pioram.
- Não fale, não fale. Você vai piorar. Uma ambulância, por favor! - Alice gritou, sem resultado.
- Ninguém liga para um coelho. Maldita a hora em que desafiei o Chapeleiro Maluco. O cara manda nas bocas de chá por aqui.
- Meu Deus, você trabalhar pro Chapeleiro Maluco? - horrorizou-se Alice, seus dedos de classe média largando rapidamente o coelho ferido.
- Não, moça. Eu sou de outra facção. A gente tava tentando tomar uma das bocas dele, no morro do Ás de Paus. Aí deu essa merda braba. É por isso que eu vou morrer.
- Meu Deus, e a rainha não faz nada? Os traficantes de chá se matando nas ruas e ninguém faz nada?
- Liga não, moça - diz o coelho, tossindo uma bola de sangue - É assim mesmo. Na hora que a violência bate na porta, as meninas riquinhas que nem você se apavoram. Mas depois de umas passeatas, umas palestras e umas prisões, todo mundo se esquece do problema.
- Eu não sou ass...
- Claro que não - interrompe o coelho, condescendente.
Com uma olhada final para Alice, o coelho sorri, os dentes cheios de sangue, e abaixa lentamente as orelhas. Os olhos vermelhos ficam opacos e o corpo amolece na calçada da Zona Sul do País das Maravilhas.
Alice levanta e olha para os lados, atrás de um soldado da Rainha de Copas. Ninguém parece dar bola para a cena. Alice segue até a delegacia mais próxima e avisa do corpo. Tomam seu depoimento, anotam seu dados, endereço, telefone. Alice se sente uma cidadã que cumpriu com o dever de qualquer cidadã.
Quando volta para casa, tem uma história e tanto para contar às amigas. Enquanto tomam um belo chá, comprado no morro do Ás de Paus.

20 de fevereiro de 2007

MBA em Gestão

Voltando dos Ingleses, agora há pouco, passamos, Lu e eu, por um outdoor que oferecia um MBA em "Gestão para Excelência". Isso nos fez pensar: é preciso colocar o objetivo das técnicas de gestão? Seria possível uma "Gestão para Mediocridade"? Claro que muitas empresas praticam isso, se retendo em picuinhas e desmotivando o grupo achando que está exercendo liderança. Mas o comentário é sobre os MBAs estranhos que estão aparecendo por aí. Aqui em Floripa tem um que é Gestão dos Negócios do Surfe. Isso que eu chamo de foco! Bem, pelo menos a universidade que oferece esse curso está na cidade certa. Especialmente nessa época do ano, Florianópolis tem surfistas saindo pelo ladrão.

4 de fevereiro de 2007

Enjôo

Luciana foi velejar comigo hoje pela primeira vez. Com essa experiência, descobrimos duas coisas: não consigo subir a vela grande do Gostosa sozinho e a Lu enjoa no barco. Até tentamos, acompanhados da amiga Michelle, velejar apena com a buja. E até íamos bem. Mas o enjôo da Lu começou a piorar e tive que ligar o motor para voltar até a marina, já que o Gostosa não orça sem a mestra, só com a buja.

Não sei bem se o enjôo se repetiria em condições ideais de equipamento, mar e vento. Ou seja, se eu conseguisse subir a vela mestra, o mar menos picado e o vento constante em cinco ou seis nós. Como agravante, Lu se recupera de uma crise de esofagite. Não sei se isso contribuiria para o enjôo. Mas vamos tentar de novo, num dia com mais um par de braços masculinos, que possam me ajudar a subir a vela, melhores condições climáticas e de saúde. Até porque a decisão de trocar o Day Sailer II por um barco maior vai depender muito, muitíssimo, do gosto que ela adquirir pela vela.

31 de janeiro de 2007

Rato de ferro-velho

Quem acompanha esse bloguinho há algum tempo já sabe que estou restaurando um Puma GTE 1976. Desde que comecei a fazê-lo, virei rato de ferro-velho. Sábado passado, estive na meca dos pumeiros. O lugar que 10 entre 10 "pumeiros" indicam para buscar peças usadas originais. Ilhota. Sim, Ilhota, a 13 quilômetros da BR-101, seguindo pela SC-470 rumo Oeste a partir de Itajaí.

Lá, há o ferro-velho do Sérgio, com pelo menos 10 carcaças de Pumas GTE, GTS, GTB e até um ocasional AM. Infelizmente, não havia nada que me servisse. Quer dizer, até havia, mas nada que o Sérgio pudesse me vender, já que ele também está restaurando um Puma semelhante ao meu, modelo "tubarão".

Sigo, portanto, na procura de sinaleiras traseiras (as mesmas da Variant e do TL), de quadros de porta, de console e painel, entre outros pequenos detalhes. Carros antigos são assim: sempre falta um detalhe.

Por isso passei a viajar olhando as margens das estradas, procurando por carcaças infestadas de ferrugem, por aglomerados de lata ao lado de casebres sem pintura. Aprendi a ver beleza nesses lugares. Em Araranguá, por exemplo, vi num ferro-velho um Gurgel X-12, perfeitamente recuperável. Com um pouco de dinheiro e paciência, claro. Em Balneário Camboriú, há um Maverick GT com algumas peças originais. O próprio Sérgio de Ilhota tinha um Aero Willys com a lata ainda inteira. Se tivesse dinheiro, comprava todos.

Assim, amigos, se nas suas andanças virem algum ferro-velho meio escondido, com uma carcaça de carro nacional antigo (Variant, TL, Zé do Caixão, Karmann-Ghia, Interlagos...) me avisem. Como recompensa, uma volta de Puma. Depois de pronto, é claro.

25 de janeiro de 2007

Google

Não vou dizer novidade alguma se escrever que nós, usuários medianos de computador, não usamos metade dos recursos do sistema operacional, dos aplicativos de processamento de texto, dos editores de planilha. É lugar comum. Quantos menus do Word você não sabe para que serve? E botões? E janelas? No meu caso, um monte.

Mas que eu não aproveitava o Google, isso é novidade! Fazendo uns cálculos de câmbio para planejar uma viagem, descobri que o Google faz, direto na barra de busca, conversão de moedas. Basta colocar o valor, o código da moeda de origem, o "comando" to e o código da moeda de destino. Exemplo: para converter 1.200,00 yuans chineses em reais, basta escrever 1200 CNY to BRL. O Google responde para você que o valor corresponde a "329.375458 Brazil reais".

Além disso, é possível fazer cálculos. Raiz quadrada, cubos, somas, multiplicações. Para quem está sempre com o navegador aberto, como eu, isso é uma mão na roda. Ainda mais prático se tiver a Barra do Google ou o Google Desktop. Para saber o que mais o Google faz, visite o próprio site.

[Ouvindo: Coração Tranqüilo - Pato Fu - Houve Uma Vez Dois Verões]

12 de janeiro de 2007

Anticlímax

Essa é uma história sem desfecho surpreeendente. O leitor não deve esperar surpresas, viradas, hábeis jogos de palavras no final. Aliás, se estiver lendo atrás de algo do gênero, desista. Vá procurar os demônios e assombrações de Stephen King, as engendradas revelações de Hercule Poirot ou Miss Marple nos livros de Agatha Christie, as emoções de frases curtas e parágrafos mínimos de Dan Brown ou seus genéricos.

Isso não é sequer um conto. Não tem estranhamento, não tem dicas de como a história se resolve. Ou tem? Já não sei. Se quiser descobrir o que é um bom conto, encontrar seus elementos literários, vá afundar os olhos em um bom Cortázar, em García Márquez. Ou pegue um bom brasileiro: Rubem Braga, Machado, Veríssimo, o filho. Só não leia mais desse texto. Não vá adiante.

Só prossiga se sofre do coração, não lida bem com emoções, acabou de sair da terapia e quer calma e quietude. Se seu tempo vale pouco ou nada, siga adiante. Uma palavra após a outra, esse texto se repete, vai ficando mais chato e mais sem graça. Depois não diga que não avisei.

Anderson é estúpido. Atravessa seus dias numa vidinha medíocre que podia muito bem ser encerrada por um Volvo N10 carregado de melancias ou um câncer terminal sem que alguém desse pela sua falta. Mas seria demais, muitas emoções. Portanto, tedioso, Anderson prosseguia existindo. Ia aos mesmos lugares, sempre. Com as mesmas pessoas, sempre. Falava as mesmas coisas, sempre.

Até que num desses lugares de sempre, com as pessoas de sempre e falando as coisas de sempre, ele viu Daniella. Um observador mais atento notaria o brilho no olhar de Anderson. Mas teria que ser muito sensitivo para notar, no meio de tanta pequenez. Daniella não era, e não deu bola para os olhares de Anderson.

Ele, na sua pasmaceira usual, nada fez por exatos 118 minutos. Mas quase ao cabo de duas horas desde que notara a garota ruiva, de nariz levemente arredondado e bochechas rosadas pelo álcool, ele levantou da mesa em que estava e sentou ao seu lado. Balbuciou uma dúzia de palavras que sequer lembra quais foram e esperou a reação a garota. Ouviu em resposta um "vê se se toca", seguido de um "me erra, mané". Anderson voltou para sua mesa e tudo seguiu exatamente igual.

Eu avisei.

[Ouvindo: Fascination Street - The Cure - Disintegration]

10 de janeiro de 2007

Eu quero dois

Um pra Lu, outro pra mim. Estou falando do iPhone que o Steve Jobs, CEO da Apple, lançou oficialmente ontem. Estive olhando o bichinho no site da empresa e fiquei de queixo caído.

Tem algo inovador na junção de telefone celular com mp3 player e acesso à internet? Não, nada. Sim, tudo. Toda ou quase toda a tecnologia usada no iPhone está em outros aparelhos disponíveis no mercado. Até o meu tijolão da Nokia tem mp3 player, toca vídeos e usa um sistema operacional bastante amigável, com interface gráfica. A Apple, mais uma vez, ganha pontos pelos seus desenvolvedores "pensarem fora da caixa", para usar uma expressão norte-americana e certamente cara a Jobs.

O resultado é um telefone que não tem teclas ou botões, roda o sistema operacional dos Macintosh (OS X), memória de 4 ou 8 gigabytes, câmera de 2 megapixels e conectividade sem fio via wi-fi, bluetooth e EDGE. E, marca registrada da Apple, um design fantástico.

Resta saber se o iPhone conseguirá manter-se sempre atraente num mercado dinâmico como o de telefones celulares de ponta. Um estudo do Yankee Group diz que o ritmo de troca de equipamento nesse nicho específico é de três aparelhos por ano. Se eu tivesse um iPhone certamente ia passar mais de um ano com ele. Quando será que esse brinquedinho chega no Brasil?

[Ouvindo: Life On Mars - David Bowie - Best Of David Bowie 1969-1974]

1 de janeiro de 2007

Nº 7

Já estava usando no notebok e gostei. Agora, instalei no desktop também e recomendo para os amigos: o Internet Explorer 7 é bem melhor do que a versão anterior. Vale a pena a atualização. Claro que os fãs aguerridos do Firefox vão dizer que a Microsoft chegou atrasada e que o browser da raposinha já tem abas de navegação há tempo (no IE7 são "guias"), bem como o terceiro colocado na corrida pela preferência dos usuários, o Opera. Mas, ainda assim, eu vou de IE porque é padrão de mercado. Como creio muito na força do mercado, prestigio o produto líder, hehehehe. Ah, um toque importante: é preciso usar um Windows XP legalmente registrado com o Service Pack 2 para poder instalar o browser. Até dá para instalar nos piratas, mas envolve mexer nas entranhas do sistema.

[Ouvindo: Kooks - David Bowie - Hunky Dory]