27 de agosto de 2010

Sabedoria das massas

Acho que foi lá por 2006 ou 2007 que ouvi falar pela primeira vez em prediction markets. Nem lembro se li, se vi na internet ou se alguém me falou. Mas estudando um pouco sobre construção de cenários para um artigo que estou escrevendo, sobre usar a metodologia de disaster sheets e fatores críticos de sucesso na geração de cenários tendenciais, me lembrei desse negócio.

Engraçado, mas de todos os cursos, eventos, palestras de IC que participei nos últimos dois anos, não ouvi ninguém falar sobre prediction markets, que vou traduzir como mercados de previsão. Eu estranho porque acho uma fonte de informação interessante, uma maneira de, com baixo custo, captar o sentimento das massas.

Claro que não “aquelas” massas. Não daria pra prever a eleição de Paul Kagame em Ruanda usando uma ferramenta na internet. Simplesmente porque a penetração da internet em Ruanda é de 3% da população. Mas para tentar prever se Sarah Palin vai disputar a corrida presidencial norte-americana em 2012, pode ser uma fonte de informação interessante.

Esses mercados de previsão funcionam como um pregão de ações, só que em vez de papéis, que você compra ou vende uma opinião. Pegando o exemplo da bela ex-governadora do Alasca, o enunciado seria “Sarah Palin será a candidata republicana em 2012”. Isso é colocado no sistema e as pessoas que usam o site começam a comprar ou vender esse enunciado. Com base apenas nas suas próprias opiniões.

É opinião, claro. Mas a riqueza está na sabedoria – ou ignorância – das massas. Não é a minha ou a sua opinião, sedimentada em um texto do word e batizada de relatório de inteligência competitiva. Não. É a opinião de um monte de gente, com diversos graus de estudo, passados, formações, percepções, ideologias, religiões e por aí vai. Para entender melhor, dê uma olhada no intrade, um desses mercados. Tirei o exemplo da Sarah Palin de lá.

Claro, não dá pra construir um cenário só com base nisso. Aliás, não dá pra criar qualquer tipo de relatório decente de inteligência com base em uma única metodologia (eu sei que tem gente que discorda disso, mas eu finco pé na minha opinião). O negócio é que esses prediction markets podem servir para ajudar na hora de botar o pescoço para fora da carapuça e se arriscar com tendências e cenários. E, pela minha experiência, não tem muita gente de IC usando isso.

4 comentários:

Ulysses Dutra disse...

Salve Gian! Muito legal o assunto e o site. Um abraço

Renata e Paulo Henrique disse...

really interesting!
rapaz, essa história de previsão é complicada, mesmo. os economistas que o digam. a econometria tem ferramentas eficientes para ajudar na tomada de decisões, mas não deve ser a única, como bem disseste. se há alguém que confia em uma única "metodologia" de formação de cenários, desconfie dele(a). um dos primeiros economistas preocupados com a acurácia das previsões foi o Oskar Morgenstern, co-autor de Theory of Games and Economic Behavior. by the way, teoria dos jogos é outra ferramenta interessantíssima. o problema, em fazer previsões, são as borboletas :) if you know what I mean :))
abração e muitíssimo obrigado pelos links. valiosos.
ph

Berna disse...

Oi, Filhão!
Toda vez que leio os teus comentários fico ¨pasma¨e orgulhosa em sentir que és o Giancarlo, o meu filhote amado o ¨Janjanca¨este menino tão inteligente e com conhecimento tão eclético! E, acima de tudo, por ser ótimo filho!
Beijos,
Berna ¨Velhusca¨

Paulo Henrique disse...

que mãe coruja :)))))
sodadoceis todos.
bjss