Neste final de semana passado, Luciana e eu batizamos o nosso sobrinho Klaus. Ele é filho da Idiacuí, que eu considero como minha irmã. O pequeno, portanto, é meu sobrinho. Além de nós dois, meus pais também apadrinharam o garoto.
Estou longe de ser uma pessoa religiosa, portanto a Idi e o marido, Adilson, sabiam que o batizado com padrinhos como a Lu e eu não seria religioso. Ainda assim, preparei um ritual não religioso para marcar a ocasião. A Lu pesquisou na internet algumas alternativas de ritos de batismo feitos em casa e achou alguma coisa. Eu busquei mais algumas informações e montamos uma coisa legal.
Começamos preparando cinco velas coloridas para representar o que desejávamos para o Klaus. Enquanto a carne assava na churrasqueira dos meus velhos, na casa deles em Balneário Gaivota, fizemos a cerimônia.
Comecei falando um pouco sobre os batismos, a origem da palavra - grega, que significa imergir - e que deu origem ao antigo batismo cristão, de mergulhar as pessoas na água. Falei um pouco sobre o batismo hindu, que escreve "om", a sílaba da criação, na língua da criança com mel. Sobre como raspam os cabelos no ritual muçulmano e doam o peso em prata para os pobres. Sobre o bris e a mutilação do prepúcio entre os judeus homens. Mas usei esse discurso para dizer que começávamos a vida espiritual do Klaus dando a ele um presente que é um preceito comum a praticamente todas as religiões: o livre arbítrio.
Falei algo mais ou menos assim:
Pela crença judaico-cristã, que é a crença da maioria de nós aqui, Deus deu aos homens a faculdade de fazerem suas escolhas. No Budismo, a crença da avó materna e também madrinha do pequeno e de um de seus tios, esse livre arbítrio está representado pelas nossas ações, nosso Karma. Seguir ou não o Dharma, os ensinamentos de Buda, é prerrogativa de qualquer um. Todos nascem com a capacidade de se tornarem iluminados.
Ao fazermos uma cerimônia não religiosa para o Klaus, já damos um belo sinal, dizendo que não há uma “religião correta”. Uma verdade absoluta e inquestionável para todos. Mas que a resposta está em cada um de nós. E esse nosso pequerrucho, no momento, está mais preocupado com dormir, comer e ficar com as fraldas limpas. Não em que religião seguir. Essa decisão, fica para mais tarde.
Mas não é por isso que o Klaus vai crescer sem valores. Muito pelo contrário. Todas as pessoas aqui se preocupam com os valores que ele terá. Queremos que esse bebê fofinho se torne um homem honesto, respeitoso, esperançoso, educado, inteligente, trabalhador.
Embora os padrinhos sejam a Lu e eu, o João e a Berna, somos todos responsáveis por ensinar ao Klaus as escolhas que ele terá pela frente. E até ele ter idade suficiente para as próprias escolhas, fazer com que siga os valores que farão dele um homem exemplar.
Já que falamos em religião e espiritualidade, isso é algo que desejamos para nosso afilhadinho. A espiritualidade está representada pela cor violeta, por isso a Luciana vai acender essa vela violeta, que a irmã dele, a Manuela, vai levar para a Berna. Além da espiritualidade, o violeta está associado à sabedoria e a criatividade.
Já o azul é a cor da ciência e do conhecimento. Essa é uma coisa muito importante: desejamos que o Klaus seja estudioso, inteligente, tenha conhecimento para ser uma pessoa bem sucedida e feliz. Isso está representado nessa vela azul, que a Manu vai levar para o João.
O verde é a cor da esperança. Sabemos que o Klaus vai crescer num mundo diferente do que crescemos. E que a esperança é um componente forte para viver nesse novo mundo. Há muita tristeza e sofrimento e é preciso ser forte e poder contar com o apoio da família e dos amigos para reforçar nossa esperança. Por isso, o verde dessa vela, que a Manu entrega para mim.
O amarelo é a cor que representa a felicidade e o otimismo. Na sua cabecinha de nenê, ele é só felicidade e otimismo. É só ver o sorriso fofo nessa carinha gorducha. Mas quando ficar mais velho, com responsabilidades, o Klaus vai ter que ser otimista para enfrentar as dificuldades. E é por isso que a gente trouxe essa vela que fica acesa com a Luciana.
Por fim, a vela de cor mais importante. Vermelho é a cor do amor e da energia. Todos que estão aqui amam muito o Klaus. E querem dar a ele muita energia para a longa vida que queremos que ele tenha. Amor é essencial na vida de qualquer um. Por isso, a vela vermelha, para lembrarmos que temos que dar muito amor para o pequeno Klaus. Essa vela fica com a Idiacuí e o Adilson, que amor de mãe e de pai é o mais importante que há.
Agora, que nós estamos já iluminados pelo amor, pela energia, pela felicidade, pelo otimismo, pela esperança, pelo conhecimento, sabedoria e espiritualidade, a Manu vai recolher o cartãozinho que cada um de vocês recebeu. Cada um deles tem uma coisa que vocês desejaram ao Klaus. Deve ter escrito por aí saúde, dinheiro, felicidade, sucesso, amor. A Lu vai fazer um álbum com as fotos do batizado e colar esses cartões para que o Klaus tenha sempre com ele os desejos dessas pessoas que estavam aqui nesse dia especial, os desejos nossos para o Klaus, de que ele seja o melhor que ele pode ser. Uma salva de palmas para o nosso pequenino batizado.
Depois fomos todos comer churrasco e tirar fotos com o pequenino. Outro dia eu posto o link para as fotos. É que ainda não deu tempo de baixar as imagens para o computador e selecioná-las.
[Ouvindo: Girls Just Want To Have Fun - Cyndi Lauper - The Essential Cyndi Lauper]